Presidente do Supremo diz a
Lewandowski que permanência de servidora casada com jornalista do 'Estado' no
gabinete é 'antiética'
O presidente do Supremo
Tribunal Federal (STF), ministro Joaquim Barbosa, encaminhou ofício ao
vice-presidente da Corte, Ricardo Lewandowski, pedindo que este reconsiderasse
a decisão de manter em seu gabinete uma servidora que atua no tribunal desde o
ano 2000.
Adriana Leineker Costa é
funcionária efetiva do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e está cedida ao
STF. Ela é mulher do jornalista Felipe Recondo, repórter do Estado, que cobre
poder Judiciário. Lewandowski disse que não vai reconsiderar a decisão de
manter a servidora.
No ofício, o presidente do STF
afirma que a manutenção de Adriana seria "antiética" pela relação
dela com o jornalista. O ofício não cita o repórter do Estado, tratando-o como
"jornalista-setorista de um grande veículo de comunicação". Sustenta
que a permanência da funcionária poderia "gerar desequilíbrio" na
relação entre jornalistas que cobrem a Corte.
"Reputo antiética sua
permanência em cargo de comissão junto a gabinete de um dos ministros da Casa,
além de constituir situação apta a gerar desequilíbrio na relação entre
jornalistas encarregados de cobrir nossa rotina de trabalho", diz Barbosa.
"Estando a servidora lotada no gabinete de Vossa Excelência, agradeceria o
obséquio de suas considerações a respeito", complementa.
Felipe Recondo venceu o prêmio
Esso de Jornalismo de 2012, na categoria Regional Sudeste, com uma série de
reportagens em parceria com Fausto Macedo intitulada "Farra Salarial no
Judiciário". Atua no Estado desde 2007, fazendo a cobertura do Judiciário.
Trabalhou na cobertura do julgamento do processo do mensalão.
Em março deste ano, Barbosa o
chamou de "palhaço" e o mandou "chafurdar no lixo". A
agressão ocorreu após o Estado requerer, via Lei de Acesso à Informação, dados
sobre despesas com recursos públicos de ministros da Corte com passagens
aéreas, reformas de apartamentos funcionais, gastos com saúde, entre outras. Na
ocasião, o presidente pediu desculpas pelo episódio e o atribuiu ao cansaço e a
fortes dores na coluna após uma sessão do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).
Formada em Direito pelo Centro
Universitário de Brasília, Adriana atua no STF desde 2000, quando foi aprovada
em concurso de nível médio. Em 2011 foi aprovada em concurso de nível superior
do TJ-DF e cedida para continuar trabalhando no STF. A cessão vence neste ano e
um ofício do vice-presidente ao TJ-DF pedindo a renovação motivou a reação de
Barbosa. Adriana atuou no gabinete de Carlos Velloso até 2006, quando este se
aposentou, passando, então, a trabalhar com Lewandowski.
Em resposta ao Estado, por
meio de sua assessoria, Lewandowski afirmou não ter sido registrado ao longo
dos anos de atuação da servidora nenhum episódio relativo a sua relação com o
jornalista que tenha interferido no trabalho. Disse que vai manter a servidora em
seu gabinete e que não vê motivo justificável para o ofício do presidente da
Corte.
Título e Texto: Estado de S. Paulo, 03-10-2013
O STF de hoje e seus figurantes é o espelho de como se encontra este país
ResponderExcluirPortanto não é de admirar tanto a solicitação do ofensor, como a resposta ao seu ofício
Tudo é um circo
José Manuel