O mau espírito das ruas chegou
aos tribunais. Como vocês leram aqui, a Justiça de São Paulo negou pedido da
Reitoria da USP de reintegração de posse e marcou uma “audiência de
conciliação” para a próxima terça-feira, dia 8. Segundo o juiz Marcos Pimentel
Tamassia, da 12ª Vara da Fazenda Pública de São Paulo, não se poderia efetuar
uma reintegração convencional porque a ação dos invasores se assemelha a um
“ato de manifestação”. Ah, bom, agora entendi tudo!
Vamos ver alguns “atos” que o
doutor considera “semelhantes a manifestação”. Abaixo, os invasores quebram a
porta da Reitoria com uma marreta, em fato de Danilo Verpa, da Folhapress.
Nas duas imagens seguintes, de
Leonardo Neiva, do G1, primeiro eles tentam arrombar a porta do Conselho
Universitário com uma placa arrancada do estacionamento, que indicava a vaga de
deficientes. Como não conseguiram, recorreram, então, a um pé-de-cabra e, de
novo, à marreta.
Fico cá a pensar: o que será
que os extremistas de esquerda da USP precisam fazer para que o doutor Tamassia
considere tratar-se de depredação do patrimônio público, por exemplo? Ainda que
essa gente não tivesse recorrido à violência, cabe a pergunta: é lícito que uma
minoria proíba a administração da universidade de exercer suas funções?
“Audiência de conciliação”,
doutor? Conciliar quem com quem? Quê com o quê? Quem recorre a marretas e
pés-de-cabra, meritíssimo, espera que o outro lado apresente que tipo de
argumento? Qualquer concessão que a universidade pudesse fazer — ou venha a
fazer, sei lá… — significaria o endosso a um método, a uma forma de luta, a um
jeito de fazer política estudantil.
Não é de hoje que grupelhos
extremistas agem assim dentro da USP e das universidades públicas — nas
privadas, a PUC costuma assistir a atos parecidos. Nesse sentido, não se pode
dizer que esses brucutus estejam se inspirando nas jornadas de junho. Já a
Justiça… Pergunto: quando um grupo recorre à violência para ocupar uma área
pública ou privada, impondo-se pela força, é papel da Justiça proceder a uma
espécie de exame de mérito dos motivos da mobilização para só então decidir se
devolve ao agravado os direitos que lhe foram surrupiados? Acreditem: não se
condescende com um comportamento como esse em lugar nenhum do mundo.
Não por acaso, como já escrevi
(ver post), no mesmo dia em que a Justiça negou a liminar, vândalos repetiram a
operação na Unicamp para protestar contra a “presença da PM no campus”. No dia
21 de setembro, um aluno foi linchado e morto por uma gangue de punks nas instalações
da universidade. Mas os extremistas de esquerda não querem a PM lá.
Privatizaram as universidades públicas; acreditam que podem impor a sua vontade
ao conjunto da comunidade universitária.
Vê-se agora que não estão
sozinhos nessa crença. Também a Justiça começa a condescender com os motivos
dos vândalos e dos violentos. É possível até que o governo de São Paulo tenha
erguido as mãos para o Céu. Reintegrações de posse não costumam ser coisas
muito suaves. A imprensa se esbalda com as fotos dos policiais “reprimindo”
esses poetas. Na USP, quem comanda a bagunça é o PSOL — o partido de doces de
coco como Marcelo Freixo, Jean Wyllys, Randolfe Rodrigues, Chico Alencar, todos
eles tratados quase como ídolos por certos setores da imprensa. Ah, sim: também
é a legenda de Janira Rocha, aquela senhora que admitiu ter usado dinheiro de
um sindicato na construção do partido e na disputa eleitoral… Uma verdadeira
constelação de éticos.
“O que você tem contra a
conciliação? É um recurso de que dispõe a Justiça!” Não tenho nada. Desde que
seja, de fato, matéria de conciliação. Quem, num regime democrático, regido
pelo direito, recorre a marretas e pés-de-cabra para argumentar, impondo-se
pela violência, não precisa de conciliação, mas de Polícia. Pergunto ao juiz: em
que outras circunstâncias o meritíssimo acha descabida uma reintegração de
posse? Diga-me cá, doutor: se um grupo de paulistanos invadir a sala do
prefeito Fernando Haddad com uma pauta de reivindicações e se lhe for dado
decidir sobre uma liminar de reintegração de posse, Vossa Excelência faz o quê?
Marca uma audiência de conciliação entre o prefeito e os invasores?
Encerro
É claro que os vândalos que
ocuparam a USP estão empenhados em produzir imagens para a campanha eleitoral.
Nesse sentido, o despacho do juiz é até positivo. Ocorre que não penso decisões
judiciais segundo conveniências políticas. Se a Justiça marca uma audiência de
conciliação entre invasores e aqueles que tiveram seus direitos agravados, está
dizendo que, entre eles, existe, quando menos, uma equivalência moral. Não dá
para aceitar.
Título e Texto: Reinaldo Azevedo, 04-10-2013
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Não publicamos comentários de anônimos/desconhecidos.
Por favor, se optar por "Anônimo", escreva o seu nome no final do comentário.
Não use CAIXA ALTA, (Não grite!), isto é, não escreva tudo em maiúsculas, escreva normalmente. Obrigado pela sua participação!
Volte sempre!
Abraços./-