"Organizar a Copa das Copas é motivo de orgulho para os
brasileiros. Fora e dentro de campo, estaremos unidos e dedicados a oferecer um
grande espetáculo. Durante um mês, os visitantes que estiverem em nosso país
poderão constatar que o Brasil vive hoje uma democracia madura e pujante."
Dilma Rousseff, Presidenta da
República Federativa do Brasil, em 10 de junho de 2014
Nossa mandatária atual parece
que não tem conhecimento de que frases semelhantes já foram ditas. Como exemplo,
por Jorge Rafael Videla que prometeu uma das melhores Copas da história, em
1978 quando a Copa foi realizada na Argentina, com o fim de promover a
distração nacional dos problemas políticos e econômicos daquele país.
Uma autentica política de
"pão e circo", algo muito semelhante com o que ocorre neste momento
aqui no Brasil.
Saddam Hussein, também veio
com esse blá-blá-blá, com a sua
"mãe de todas as batalhas", quando já era iminente a sua
derrota na operação tempestade no deserto
e o general Norman Schwarzkopf já no seu
encalço.
Enfim, os exemplos são muitos
e não cabe aqui ficar enumerando-os. O que interessa é que esses blá-blá-blás
sempre acobertam atitudes e interesses escusos e aqui não está sendo diferente.
Ao prestarmos atenção e dissecarmos o discurso da Presidenta, vemos, por
exemplo, que realmente seria um grande motivo de orgulho para os brasileiros,
que são mestres e cinco vezes campeões nesse esporte, se o país, como uma nação moderna, estivesse com
as suas políticas sociais e econômicas em conformidade com o século 21.
Não estamos, provavelmente
iremos ter problemas na economia nos próximos meses pois é isso que nos mostram
todos os indicadores tanto sociais como econômicos, e cada vez está mais claro
que a Copa de 2014 está inserida em um mega projeto populista e eleitoreiro.
Nós, cidadãos, não podemos nos orgulhar da situação em que o país se encontra
em favor das monumentais quantias desviadas da sociedade para esse mega evento
extemporâneo.
"Fora e dentro do
campo", nós percebemos que para que o evento acontecesse sem margem de
erro e em total segurança fora do campo, foram colocadas nas ruas do país cerca
de 170 mil soldados das várias forças, a um custo para a nação de R$ 2 bilhões.
Dentro do campo, desde o
princípio, todos puderam ver a fragilidade de um time de futebol que mal passou
pelas quartas e oitavas e também a um custo operacional gigante, com CT,
aviões, helicópteros, e acompanhamento policial aos deslocamentos, que ainda
não podemos ter uma ideia de como calculá-lo.
Portanto, não estávamos nem um
pouco unidos e dedicados a um grande espetáculo, como a mandatária disse.
Não, Presidenta, aqueles que
nos visitaram entre o mês de junho e julho não tiveram uma ideia de uma
democracia madura nem tampouco pujante.
Eles vieram se divertir e ver
futebol a seu convite, portanto não viram nada porque o Estado não deixa, como,
por exemplo, o problema da defasagem nos salários que os aposentados da
previdência social sentem na própria carne.
Eles não vão ver também o
estrago que o Estado está fazendo na família e na vida dos aposentados e idosos
do fundo de pensão AERUS.
Isso não é democracia e, muito
menos, madura. É um verdadeiro crime.
Pujante é quando a indústria e
o comércio, trabalham a pleno vapor, para vender os seus produtos aos
brasileiros por preços acessíveis para
que eles não precisem ir ao exterior comprá-los e para lá fazerem a
transferência irracional de reservas do país, como está acontecendo neste
momento.
Parece que a nossa Presidenta
tem calculado mal e se equivocado com o que é certo ou errado.
Agora, para a eleição de
outubro, 30 milhões de aposentados por exemplo, saberão dar a resposta às politicas
do governo com os seus cidadãos.
Parece também que o bolão do
governo nos jogos de futebol deu errado, e os que antes estavam embriagados
pela euforia de um nacionalismo falso e irresponsável, estão caindo
prematuramente na real com a derrota avassaladora de seu time, e vão cobrar
tudo o que lhes foi tirado, agora com raiva por se sentirem mais uma vez ludibriados.
E desta vez não será por
apenas 20 centavos.
Caso a Alemanha conquiste esta
Copa de 2014, dois legados terão ficado como exemplares a um mega evento:
A sua preparação tática e
atlética para tal, e a conquista do coração dos brasileiros, ao interagir com a
sociedade, com as comunidades carentes e a construção de um complexo esportivo hoteleiro em 15 mil m2 que trouxeram à população local,
trabalho direto e indireto a mais de 500 pessoas, suprimento de água potável e
gestão de resíduos.
Deixaram implantada uma
moderna tecnologia de informação, com apoio a uma escola local e um contrato de
ajuda por tempo indeterminado ao orfanato do padre Otto.
Tudo isso gasto pelo governo alemão
e sem vínculo com a Fifa, vai ficar como patrimônio para a população local. Isso
chama-se política de resultados.
Não foi por falta de alertas
da sociedade ao que iria acontecer a médio prazo com os gastos descomunais
nesta copa e historicamente Videla e Saddam escreveram páginas e mais páginas
do que não se deve fazer com o povo.
Vox Populi, Vox Dei, é um
velho provérbio que também esqueceram de lembrar à nossa mandatária.
Título e Text: José Manuel, ex-tripulante VARIG,
10-07-2014
Boa análise! O PT quis ou quer ainda usar a Copa para seus devaneios políticos. De um lado, apesar da tristeza nossa, foi bom a seleção brasileira não ter chegado à final, talvez com isso os brasileiros se conscientizem de que há prioridades mais prementes do que os espetáculos de 'pão e circo'. Um abraço.
ResponderExcluir