Valdemar Habitzreuter
Aos Amigos
Variguianos
É gratificante ter notícias de
pessoas com as quais trabalhamos e passamos juntos durante anos de nossas
vidas, constituindo uma grande família.
Gostaria, pois, de registrar
este fato extraordinário que está acontecendo entre nós: nossos contatos e
encontros nas redes sociais, e, agora, este primeiro encontro europeu de ex-funcionários da VARIG. De repente sentimo-nos reunidos
novamente como nos velhos tempos. O sentimento variguiano que perpassava nossos
corações outrora reflui novamente com muita força, na ânsia de preservar aquilo
que caracterizou a grande família Varig: a felicidade de juntos termos erigido
um símbolo nacional, venerado mundo afora, e de termos acalentado o sonho de
tanta gente de voar em asas seguras.
Naquela época áurea, quando a
Varig fazia bonito - os aviões rasgando os ares por todos os continentes -, nós
aeronautas e aeroviários ficávamos orgulhosos pela simpatia e confiança com que
éramos recebidos por onde quer que pousássemos e andássemos. Tínhamos a
sensação de que algo especial acontecia às pessoas quando o símbolo VARIG – a
estrela brasileira – lhes vinha à mente e lhes acenava para uma viagem. Para
nós, uma grande honra de ter contribuído na mitologizacão de um símbolo que
ficará para sempre no inconsciente coletivo brasileiro. O mito Varig
encravou-se na memória nacional pelo pioneirismo de excelência de serviço da
aviação comercial brasileira e pelo idealismo e presteza da família Varig.
É todo um imaginário que nos
acompanha e nos deixa saudosos pelo que representou a Varig a todos nós. E é
isso, também, que nos faz contatar uns aos outros para rememorar uma história
que construímos com idealismo e fervor.
De fato, apesar de estarmos
espalhados por todos os cantos do Brasil e mesmo fora, encontramo-nos a todo
instante através das redes sociais, e, assim, os mais diversos assuntos de
outrora vêm à tona, onde postamos as mais inusitadas reminiscências,
proporcionando um lindo congraçamento familiar e dando oportunidade para
compartilharmos novas experiências de vida. Tudo isso nos enche de alegrias,
embora estejamos enfrentando uma situação incômoda frente à incerteza que nos
ronda quanto à garantia do direito de termos de volta nosso pecúlio
complementar através do Aerus, e outros não pertencentes ao Aerus, mas com
direitos trabalhistas pendentes. E é justamente esse congraçamento que nos
fortalece e nos autoriza a gritar aos quatro cantos de que tivemos grande
parcela de contribuição na propagação mundial da cultura e das belezas
turísticas brasileiras.
Ficaríamos gratos se o poder
público, hoje, tivesse o gesto magnânimo de reconhecer o denodo com que
construímos uma faceta gloriosa da História brasileira e nos concedesse a
felicidade de continuar a viver com dignidade, outorgando-nos os benefícios por
nós conquistados e a nós devidos.
Com o fim da Varig encerrou-se
um ciclo glamoroso da aviação comercial brasileira - com seu ápice nos anos 70
e 80 -, encantando a todos que com ela viajavam. A Varig, como todos sabemos,
era a grande referência brasileira no estrangeiro, prestigiada e premiada por
seus excelentes serviços. Tudo isto nós vivenciamos e, por isso, sentimentos
saudosistas nos assaltam por termos participado dessa era áurea da Varig, como
se ainda trespassasse em nossa carne a energia que outrora nos motivava por uma
Varig cada vez mais enaltecida.
Portanto, meus amigos,
deixemos fluir livremente nossos sentimentos de amizade e saudade através das
redes sociais, recordando a rica vivência que juntos tivemos mundo afora, e
deixemos a vida executar sua tarefa soberana de delinear nosso futuro
incógnito. Como diria meu filósofo favorito, Henri Bergson, a vida não planeja
nada, é simplesmente duração em que passado, presente e futuro se entrelaçam,
formando um movimento uníssono, uma realidade em constante evolução para o
imprevisível e irrepetível. Cavalgamos no lombo da vida e não sabemos para onde
ela nos leva. Não importa para onde ela nos leva, o que importa é acenar que a
queremos com todo ardor e participar de sua aventura e ventura. Um grande
abraço a todos.
Título e Texto: Valdemar Habitzreuter, 11-4-2016
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