Ninguém investe no Brasil como está hoje.
Os investidores tendem a fugir de um país em que um homem sem mandato,
investigado pela polícia, aluga um quarto de hotel para distribuir cargos
Reinaldo Azevedo
Se há coisa de que José
Eduardo Cardozo não se cansa, fiquem certos, é o ridículo. Nesse quesito, ele é
insaciável e renova seus votos no vexame a cada entrevista que dá. Já se
mostrava um fanático do vício quando ministro da Justiça. Cheguei a achar que
fosse se conter na Advocacia-Geral da União — afinal, o posto é um pouco mais
do que um simples braço da Presidência. Mas ele não se controla. Afinal, é um
petista e não desiste nunca de dar mais um passo depois de ter chegado ao
limite.
O homem concede uma entrevista à Folha desta segunda. Para falar
alguma novidade? Talvez uma, ao menos na retórica oficial, tão falsa como moeda
de R$ 3.
Cardozo, agora, decidiu fazer
terrorismo econômico. E argumenta com a retórica dos, digamos, loucos:
“Se banalizarmos o impeachment da forma como alguns querem, o país não terá mais estabilidade jurídica, porque qualquer governo que possa passar por uma crise econômica ou de popularidade terá o impeachment como ameaça permanente. Quem vai querer investir no Brasil com uma instituição tão fragilizada? Que segurança jurídica terão os mercados para garantir uma possibilidade de crescimento ao país quando o sistema se mostraria tão frágil ao ponto de a simples retórica substituir o fato na cassação de uma presidente da República? Superar o impeachment é fundamental para o país avançar e sair da crise.”
A verdade está no exato
avesso. Ninguém investe no Brasil como está hoje. Os investidores tendem a
fugir de um país em que um homem sem mandato, investigado pela polícia, aluga
um quarto de hotel para distribuir cargos. Ao contrário do que diz o
advogado-geral da União, a cada vez que os agentes econômicos veem fortalecida
a hipótese do impeachment de Dilma, a reação é positiva.
Com a irresponsabilidade
costumeira, o doutor volta a chamar, contra os fatos, o impedimento de golpe,
negando os crimes fiscais óbvios cometidos pela presidente Dilma Rousseff. E,
mais uma vez, pespega a pecha de “ilegítimo” ao provável futuro governo de
Michel Temer.
Bem, meus caros, é chegada a
hora de essas falas começarem a ter consequências legais, coisa de que tratarei
em outro post.
As negativas de Cardozo, segundo
o qual o crime de responsabilidade não aconteceu, já nem merecem mais
contestação, tal o seu ridículo. Não só aconteceu como os entes públicos que
estavam sofrendo as consequências das pedaladas advertiram o governo para a
ilegalidade. E nada se fez.
No Ministério da Justiça,
Cardozo dava mostras frequentes de falta de bom senso. Na AGU, perdeu também o
pudor.
Que vá fazer terror em outra
freguesia.
Título e Texto: Reinaldo Azevedo, VEJA,
11-4-2016
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