terça-feira, 28 de junho de 2016

A vocação isolacionista da Inglaterra...

Valdemar Habitzreuter
O povo inglês optou pela separação do bloco europeu – bloco econômico formado por vários países da União Europeia. Aliás, a Inglaterra sempre posicionou-se diferentemente em relação aos outros países em várias questões inerentes à vida cotidiana do cidadão.

O British Imperial System para medidas, por exemplo, é diferente de outros países. Temos aí a medida pé (foot = 30,48cm); jarda (91,44cm); galão (4,546 litros); milha (1,61km); inch ou polegada (2,54cm); hand ou mão (10,16cm); libra (450g, também sendo a designação da moeda corrente com seu penny ou centavo). Isso tudo para medir diferentes coisas. Relutam ainda hoje em usar o sistema decimal que é muito mais fácil e prático de ser aplicado.

Não é de pasmar então que o país dos reis e rainhas queira um certo distanciamento do resto do continente europeu com o plebiscito de ontem. Sempre foram diferentes em muitos aspectos sociais e culturais. A própria religião católica foi estatizada pelo rei Henrique VIII separando-se do papado de Roma e passou-se a chamar Igreja anglicana em que o rei ou a rainha fazem o papel de papa.

O estudante de filosofia, por certo, saberá distinguir a filosofia insular (inglesa) da filosofia continental. A característica marcante da insular é que ela se volta ao resultado pragmático: a verdade filosófica tem a ver com sua aplicabilidade na vida prática, daí o empirismo filosófico inglês e seus representantes: Lock, Hume, Pierce, Wiliam James, etc.

Em contrapartida, a filosofia do restante do continente europeu era animada pelos grandes sistemas teóricos debatendo-se em volta de questões metafísicas. Kant é a referência central da filosofia continental. A partir dele um novo filosofar tem início em que a metafísica tradicional ou medieval (culto ao transcendente) é colocada em cheque e não mais considerada, por causa da delimitação da razão humana em abarcar supostas verdades transcendentais. O idealismo alemão (Fiche Shelling e Hegel), a seguir, pautou-se sobremaneira na filosofia kantiana e é ainda considerada na contemporaneidade.

O que vai acontecer à Europa como um todo, com essa decisão da Inglaterra de sair do bloco, ainda é difícil de deslumbrar. Esta aversão dos ingleses aos imigrantes (a razão principal do plebiscito) é, minimamente dizendo, egocêntrica. E se outros países do bloco seguirem o exemplo, a Europa e o resto do mundo terão consequências sérias segundo analistas econômicos e políticos. Vamos aguardar o que virá por aí com esse pragmatismo xenófobo inglês... 
Título e Texto: Valdemar Habitzreuter, 24-6-2016

Um comentário:

  1. Valdemar vou tentar deixar de ser poético. Há limites para a imigração. Não podemos criar filhos dos outros além de nossas posses. Esta crise me lembra quando os ingleses , vieram salva nosso império, que nem papel moeda tinha. O então Evangelista ficou milionário com os pagamentos em libras. Todo o câmbio da época estava em suas mãos. A Inglaterra veio financiar a guerra do Paraguai , país de economia forte. A economia baseada em trabalho escravo e exportação primária esgotou-se na época. Os ingleses são excelentes monetaristas, agora o mundo todo compra libras 30% mais barato fortalecendo o Reino Unido, em alguns meses, os ingleses retomam seu crescimento , com muitos dólares e euros em sua balança comercial. Nosso país continua com economia primária, mas o preço quem decide é os compradores. Nosso trabalho e mão de obra continua sendo escravo. Duzentos anos lá se vai. Povos de países fragmentados invadem os supostos países ricos, e começam a derrocar suas economias. Para mim o fato é que deveriam se unir e acabar com o regime sírio, estabilizar o país para que seu povo volte. A imigração descontrolada transfere ao país escolhido atribuições sociais que seu povo nativo vai pagar.

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