terça-feira, 28 de junho de 2016

Um país de pides

Rui A.
Nem a PIDE, a verdadeira, chegava tão longe na intromissão na vida privada dos cidadãos. Esta nova PIDE, que recebe o entusiasmo das esquerdas, quer passar a saber tudo, mas absolutamente tudo, a seu respeito, incentiva a denúncia e a delação, não lhe permitirá qualquer reserva de privacidade.

As esquerdas justificam-se com a patriótica necessidade de combater a «fuga ao fisco», mas o fisco certamente teria, ou melhor, tem outros meios para se fazer respeitar. Já hoje a autoridade tributária compõe os sonhos maus dos portugueses, que apenas aspiram a não terem de se incomodar com ela, muito longe, portanto, de a tentarem defraudar.

Este animus intrusivo reflecte bem uma mentalidade política, revolucionária e jacobina, para a qual não existe reserva de privacidade e tudo deve estar ao dispor do estado, do tal «interesse público» de que as esquerdas extremadas costumam arvorar-se em intérpretes e representantes.

Em nome desses «elevados» princípios – que eles enunciam, interpretam e dizem defender – desrespeitam-se os fundamentos mais elementares da liberdade individual. É nestas ocasiões de «exaltação patriótica» que convém recordar o velho princípio segundo o qual quem troca liberdade por segurança acabará por perder as duas. Em Portugal já sobra muito pouco de ambas. 
Título e Texto: Rui A., Blasfémias, 22-6-2016

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