Alberto José
Eu estava de reserva no D.O./GIG
quando o Chefe de Equipe veio falar comigo: “Alberto José, estou precisando de
um galley para dar o OK!
"O galley já foi para o
avião, e eu não sou galley", respondi.
"Mas eu prefiro você!
Quebra esse galho."
Então, fui assumir o voo.
Durante a viagem até Salvador notei
um burburinho na cabine e uma das Comissárias voltou chorando. Eu perguntei o
que havia acontecido. Ela pediu para trocar de lugar pois um passageiro havia
passado a mão nas suas coxas.
Eu perguntei se ela havia
falado com o Chefe de Equipe. Ela disse que o Chefe sugeriu trocar de lugar com
a outra Comissária pois o passageiro era um deputado da comitiva do governador
Nilo Coelho, que estava a bordo. Então, eu respondi: "Me mostra quem fez
isso que eu vou falar com ele".
Entrei na cabine e fui direto
ao deputado.
"Cavalheiro, por favor, o
senhor está interferindo no serviço, volte para o assento e feche o cinto de
segurança."
Os colegas da comitiva
começaram a rir.
Quando o avião parou na
escala, eu fechei as cortinas da galley para a entrada da comissaria. De
repente, abriram a cortina e o deputado veio me interpelar: "Comissário,
eu sou um deputado, você quer me fazer de palhaço?"
Eu respondi: "A sua
atitude não foi de deputado, e o senhor volte para o seu assento que eu estou
trabalhando".
Nisso, ele me deu um forte
empurrão. Eu respondi com um soco que jogou os óculos dele longe e ele caiu em
um dos assentos.
Ele terminou a viagem sentado,
sem problema.
Três meses depois, fui na Chefia
pedir um passe de viagem. Notei um burburinho, estava todo mundo agitado. Eu
perguntei o que havia acontecido e o Carlinhos Kluwe me mostrou uma pasta onde
havia um "ofício reclamatório" do Nilo Coelho e um memorando do Erik
de Carvalho: "Sérgio, apure o fato e demita o Comissário
responsável".
O Kluwe comentou que ninguém
conseguiu saber quem foi o Comissário "agressor". Eu respondi que
sabia o nome dele. Surpreso, ele perguntou o nome e eu falei: "Fui eu
mesmo" Todos correram para ouvir a revelação do mistério. Então, ele pediu
para fazer um relatório "com urgência".
Uma semana depois, me chamaram
na Chefia e me deram um bilhete do Diretor:
"Alberto José, o seu
relatório foi aceito e o assunto está encerrado".
Texto: Alberto José, 21-6-2016
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