quinta-feira, 15 de setembro de 2016

O sentido do resgate e o resgate do sentido

Rui A.
Mário Centeno [foto], ministro das finanças do governo da República, falou na necessidade de, com o seu trabalho, evitar um novo resgate das finanças públicas portuguesas. Não disse que essa era uma hipótese iminente, não disse que ia acontecer, mas, ao dizer que o objectivo da sua actuação, enquanto ministro, era principalmente esse, não só reconheceu essa possibilidade, como lhe atribuiu uma importância destacada sobre qualquer outro assunto que esteja no âmbito das suas funções.


Dois ou três dias depois dessas declarações serem do domínio público, tendo alarmado os portugueses, como é compreensível, António Costa, primeiro-ministro do mesmo governo, apareceu, com o ar descontraído e blasé do costume, que já alguém qualificou de «irritante», a desvalorizar as declarações do seu ministro e a garantir que «não faz o menor sentido falar de qualquer resgate». E ainda teve tempo para, no exercício do seu excelente humor de caserna, mandar o líder da oposição «caçar pokémons».

Sobre isto, apenas dois comentários.

Primeiro, que não é de um «qualquer resgate» que os portugueses têm receio, mas do das contas do estado português, que eles terão de pagar, caso aconteça, como estão a pagar as do resgate pedido em 2011 pelo anterior governo do Partido Socialista. O assunto merece, portanto, alguma circunspecção e, seguramente, muito menos leviandade no trato, sobretudo depois das declarações feitas pelo ministro que tem a responsabilidade de o «evitar». 

Segundo, que um primeiro-ministro que responde a um líder da oposição da forma que António Costa fez poderá, até, de não ter de resgatar as contas públicas. Mas precisará, pelo menos, de resgatar o bom senso.
Título e Texto: Rui A., Blasfémias, 14-9-2016

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