domingo, 1 de abril de 2018

Aposentados, acordem!

O quinto poder se subestima.
Os aposentados franceses deveriam se associar a um movimento destinado a defender os seus direitos e as suas vozes, avalia o jornalista e escritor José-Manuel Lamarque

De acordo com as últimas estatísticas disponíveis, final de 2015, os aposentados franceses eram 16 milhões. O número cresceu, mais ou menos, 152 000 pessoas, ou seja, um aumento aproximado de 1%. Antes de tudo, uma primeira reflexão concernente a tributação dos reformados. Como explicar que os reformados sejam tributados, já que eles descontaram durante toda uma vida para construir a sua aposentadoria e foram, evidentemente, tributados, portanto, pagando também o imposto referente à sua reforma. Assim, hoje reformados, eles pagam um segundo imposto eis que o primeiro foi honrado, é justo isso?

Em seguida, o cálculo de 16 milhões de pensões multiplicados por um mínimo médio de 1 283 euros nos leva ao número de 20,5 milhões de euros mensais que vão diretamente para os bancos. É uma segurança tanto para os bancos como para o Estado, podemos falar de um colchão. E não é tudo. Os aposentados são atualmente o primeiro poder de compra, eles cobrem alguns setores da sociedade como o paramédico ou o turismo, entre outros. Durante as férias escolares os reformados contribuem para a boa saúde do setor de viagens. Todos nós sabemos que os aposentados fazem a alegria da poupança do nosso país. Na verdade, eles são reais protagonistas do funcionamento da França, sem saber. Os aposentados são um pilar da nossa sociedade, começando pela ajuda familiar ou financeira que eles prestam aos filhos e netos. Mas serão eles mais do que tudo isso sem o saber?

Efetivamente, eles são muitos mais e ignoram isso. Porque se se fala de poderes na França, a imprensa sendo o quarto, os aposentados são um quinto poder que se subestima. Refletindo um pouquinho, os reformados não estão todos alojados em asilos ou lares para idosos, longe disso. Uma grande maioria está ainda ativa com um potencial pessoal que vem, em primeiro lugar, da sua boa saúde, e da sua sabedoria adquirida de múltiplas maneiras e, enfim e sobretudo, do seu savoir-faire devido aos quarenta anos de trabalho que lhes trouxeram uma capacidade toda própria.

De fato, se os reformados soubessem se unir num movimento, não um partido político, mas um movimento cidadão, este movimento unido na e para a defesa dos seus direitos poderia se fazer ouvir e seria a voz de 16 milhões de franceses. Isso seria único em nossa história, até da história da Europa, e isso tem um nome, um lobby! Porque os aposentados vêm de todos os horizontes profissionais, eles poderiam pôr em prática os seus conhecimentos adquiridos em prol da sua própria causa. Seria a sua melhor representação e a sua melhor defesa. Um movimento dos aposentados franceses seria um interlocutor de peso junto a todos os poderes. Unidos e associados, os reformados seriam ouvidos, não ignorados, como hoje em dia. Eles teriam a capacidade de influenciar vontades políticas. A sua força viria do fato de que eles não estariam inscritos em nenhum partido político, estariam fora do debate politiqueiro, portanto, este movimento teria ainda mais peso. Tomarão eles e elas consciência que eles e elas são os verdadeiros atores da sociedade francesa, porque sem eles e elas partes inteiras da nossa economia não estariam tão floridas?

Aposentados, acordai. Sim! Vocês não serão mais somente vôs e vós aos olhos dos vossos netos, mas também participantes que sabem se unir e ter voz. É necessário dar um exemplo para compreender a importância dos reformados atualmente? Simplesmente, se a dirigente ou o dirigente deste movimento dos aposentados pedisse aos participantes, simpatizantes, companheiros do movimento, de esvaziar as suas contas bancárias amanhã a partir das 10h. Imaginem o pânico que essa determinação suscitaria... aí, opa! os aposentados existem bem mais do que eles imaginam. É tempo que o vô e a vó entrem na resistência!
Título e Texto: José-Manuel Lamarque, Valeurs Actuelles, nº 4242, de 15 a 21 de março de 2018.
Tradução:
JP

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