terça-feira, 12 de fevereiro de 2019

O maior do mundo

Aileda de Mattos Oliveira

Já se tornou maçante a voz corrente de que o Brasil é um país privilegiado por não ter vulcões, terremotos, tsunamis e outras calamidades. Além de soar como reprodução enfadonha, indica alienação das desgraças nacionais.

Como não tem calamidades? Essa é uma visão errônea de quem somente percebe, como catástrofes, as consequências da ira da natureza, sem pensar que ela reage à ganância e à insensatez do homem, seu maior predador. Ganância e insensatez!

Será que não tem olhos de ver que as reais calamidades brasileiras são as ainda remanescentes raposas do Congresso e as vitalícias do STF? Este último foi levado à categoria de maior fabricante de tragédias que os brasileiros de bem são obrigados a suportar. Quando algum nepote togado abre a boca para defender e livrar das penas da lei seus protetores ou seus conchavados, causa consequências nefastas a toda a nação. O Ministro Paulo Guedes precisava atentar para a inutilidade dessa instituição e que, se fosse possível o seu fechamento, teria de volta aos cofres da República parte robusta dos trilhões que tanto objetiva alcançar.

Exagero! podem pensar alguns. Como exagero, se aquela ‘plêiade de notório saber’, arrogante e cínica, pela pompa e gastos anuais, leva do contribuinte todo o suor de seu rosto?

Não para por aí. A outra voz que incomoda é a daqueles que se sentem grandes, apenas, pela megalomania que têm. Nossos estádios e praias, respectivamente, são os maiores e as mais bonitas do mundo! O brasileiro é o povo mais pacífico e solidário do planeta! No entanto, ainda não ouvi um megalômano dizer que o Brasil tem o maior mar e o mais poluído de todos desse mesmo mundo, tão usado como elemento de comparação. Se não disse, dizemos nós, agora.

O mar de lama moral, que ainda cobre o país e onde nadaram presidentes da República petistas e, antes deles, os de partidos periféricos, políticos, magistrados, empresários, engenheiros e certas organizações que já tiveram, um dia, o nome respeitado, deveria estar no topo do rol dos mares inavegáveis e contamináveis, para escárnio universal dos indivíduos e das empresas desprezíveis, sem nenhum resquício de decência.

Não há outro mar que nos supere em extensão, no qual se afogam, prazerosamente, os acumuladores de bens ilícitos, os sonegadores, sem sequer se preocuparem com as consequências de seus atos à natureza e às pessoas que vivem nela.

Os acontecimentos, amplamente expostos pelos meios de informação, como o mar de lama de Mariana e o mais recente de Brumadinho, são efeitos imediatos desse mar de lama moral, praga que devasta o país com o respaldo do STF, instituição que age acintosamente contra os interesses nacionais.

Para sermos honestos na nossa megalomania, devemos acrescentar à lista das gigantescas maravilhas brasileiras, como o carnaval e a trupe chico-caetano, o lamaçal moral, parte integrante do caráter dos já citados e causa perversa do lamaçal mortuário sob o qual repousam as vítimas da incúria de gente tão desclassificada.
Título e Texto: Aileda de Mattos Oliveira, Doutora em Língua Portuguesa. Acadêmica Fundadora da ABD. Membro do CEBRES e da Academia de História Militar Terrestre do Brasil (AHIMTB). 11-2-2019

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