Ele destacou que o semestre terá
julgamentos de grande impacto
Felipe Pontes
O ministro Dias Toffoli,
presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), abriu na manhã
de hoje (3) o ano judiciário com um discurso em que ressaltou o papel
da Justiça “em promover a segurança jurídica necessária à retomada do
desenvolvimento”.
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Foto: Nelson Jr/SCO/STF |
“Gerar confiança,
previsibilidade e segurança jurídica: esse é o objetivo primordial do Poder
Judiciário na atual quadra da história do país, em que se anseia pela retomada
do crescimento econômico e do desenvolvimento social sustentável”, disse
Toffoli em discurso de quase 20 minutos.
Em sua fala, Toffoli destacou
que o próximo semestre terá julgamentos de grande impacto econômico, como
aquele sobre a tabela do frete rodoviário, marcado para 19 de fevereiro, e
o que trata sobre as regras da distribuição dos royalties do petróleo, marcado
para 29 de abril.
O presidente do Supremo fez
também acenos ao Legislativo e ao Executivo, ao dizer que o trabalho do Supremo
será feito “mantendo o devido diálogo institucional com os demais Poderes”. No
plenário, encontravam-se os presidentes do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), e
da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), bem como o vice-presidente da República,
general Hamilton Mourão, e ministros como Sergio Moro (Justiça e Segurança
Pública) e Jorge Oliveira (Secretaria-Geral da Presidência).
Antes de encerrar, Toffoli
dirigiu-se ao cidadão brasileiro, a quem reafirmou “o compromisso do Poder
Judiciário com a promoção dos direitos e garantias fundamentais”. Na ocasião,
ele anunciou o lançamento de uma Carta de Serviços, que explica ao cidadão como
pode acessar e utilizar os serviços prestados pelo Supremo.
Depois de ter uma
liminar (decisão provisória) sua, sobre o juiz de garantias, revogada pelo
ministro Luiz Fux durante o recesso do Judiciário, Toffoli buscou ainda
apaziguar ânimos entre os colegas de Supremo, afirmando ser “óbvio que em todo
colegiado há divergências, porque a razão de ser é a multiplicidade das
visões”.
“Ao fim e ao cabo, a síntese
daquilo que deve prevalecer é como uma somatória das diferentes visões”,
acrescentou o presidente do Supremo. Dois ministros que compõem a Corte não
estiveram presentes à cerimônia: Luís Roberto Barroso e Alexandre de Moraes.
Julgamentos
Assim como tinha feito no ano
passado, Toffoli divulgou a pauta de julgamentos com antecedência de seis
meses. Nesse primeiro semestre de 2020, o presidente do Supremo construiu uma
agenda menos polêmica do que em anos anteriores, dando ênfase sobretudo a temas
tributários e trabalhistas, embora ainda com importantes discussões na área
penal.
O primeiro julgamento do ano,
na quarta-feira (5), será dedicado a um tema penal. O plenário deve
analisar se a confirmação de uma condenação em segunda instância
interrompe ou não o prazo de prescrição de um crime. Na pauta do dia está
também um recurso sobre a possiblidade de alguém que responde a processo
criminal participar de concurso público.
Ainda na seara criminal,
em 12 de fevereiro, o plenário deve julgar as pessoas condenadas pelo
Tribunal do Júri devem ser presas de imediato, mesmo que ainda restem recursos
a tribunais superiores, tema que deve retomar debates ocorridos na análise da
prisão após segunda instância, ocorrida no ano passado.
Em 25 de março, por sua
vez, está marcada a conclusão do julgamento sobre a ordem de apresentação das
alegações finais de delatores e delatadas, assunto que tem impacto sobre
grandes operações de combate à corrupção, como a Lava Jato. Em 17 de
junho, deve ser julgada a validade da delação da empresa JBS.
Em 20 de fevereiro, o
plenário deve se dedicar a temas tributários, como a redução na cobrança de
Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) sobre as saídas
interestaduais de agrotóxicos e o prazo para a realização de perícias médicas
dos segurados do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).
Na área fiscal, um dos
julgamentos mais esperados é o que dará continuidade à análise de pontos da Lei
de Responsabilidade Fiscal (LRF), entre os quais a possiblidade de estados e
municípios em crise financeira reduzirem o salário de servidores.
Em agosto do ano passado,
formou-se uma maioria de 6 a 4 para vetar a medida, mas uma definição acabou
adiada devido à ausência do ministro Celso de Mello. O assunto estava previsto
para ser retomado em 5 de fevereiro, mas foi remarcado por Toffoli
para 2 de abril, em razão de uma licença médica do decano do Supremo, que
realizou uma cirurgia no quadril e deve ficar afastado ao menos até 19 de
março.
No âmbito trabalhista, o
Supremo tem marcado para 14 de maio o julgamento de pontos
contestados da reforma trabalhista de 2017, entre os quais a
constitucionalidade do contrato de trabalho intermitente.
Título e Texto: Felipe
Pontes; Edição: Lílian Beraldo – Agência Brasil, 3-2-2020, 12h02
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