Vitor Cunha
Não concordo contigo, Telmo. Dizes que não tens vontade, necessidade ou dever de debater eutanásia, mas, como poderás reparar, essa vontade não depende de ti.
Eu também não queria debater
eutanásia, particularmente porque não há nada a debater: misturar o que se
passa no interior de uma casa em família e um medicamento que alivie dores mas
que com isso acelere a morte da pessoa com “eu tenho o direito a que o estado
me providencie uma execução nos moldes que eu quero” não foste tu – nem eu –
que fizemos: foram os calhaus que se arrogam o direito divino de achar que nos
representam.
Se, por força de lei, abres a
porta à execução de doentes só porque uns cabrões encaram a liberdade como um
conceito filosófico em vez de uma doutrina de vida, passas a criminoso. Como
serão todos os que se abstiverem ou votarem a favor de qualquer projeto de lei
que atribui ao estado poder discricionário para terminar com a vida de alguém.
Criminosos, assassinos. Todos
eles.
Título e Texto: Vitor Cunha,
Blasfémias,
3-2-2020
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