quarta-feira, 25 de maio de 2022

Estado desgovernado

Juarez Cruz

Decididamente estamos vivendo um período de terror, e a Bahia parece abandonada, isolada numa ilha de violência, dominada por grupos de criminosos que lutam diuturnamente para dominar territórios (bairros) e seus pontos de vendas de drogas. A polícia, que tem o papel de fazer o trabalho de contenção e repressão ao crime, não está devidamente preparada, e os recursos humanos, de equipamentos e tecnológicos disponíveis são parcos, o que torna uma luta desigual diante de bandidos bem armados e em grande número.

Rui Costa, Governador da Bahia

A luta da polícia no combate ao crime é infrutífera, desestimulante e arriscada. Para piorar, o sistema judicial não ajuda, só atrapalha quando joga contra os esforços da polícia que todo dia tem que prender e vê, no dia seguinte, a justiça soltar aquele que ela tanto fez e arriscou a própria vida para prender. 

A violência está chegando a tal ponto que não só a população está sob a ameaça dos criminosos, os policiais também estão sendo atacados. Somente num final de semana, entre os dias 7 e 8 de maio, três policiais foram as vítimas dos criminosos. Este ano cinco deles já foram vitimados pela bandidagem em nosso Estado.

O Mapa da Violência, índice que mede a quantidade de mortes violentas por ano no território nacional, registrou 5.099 casos na Bahia em 2021. Pelo terceiro ano somos o estado que lidera este índice, sendo o Rio de Janeiro o segundo colocado com 3.394 casos, seguido de Pernambuco com 3.370 e Ceará com 3.300.

Segundo o Monitor da Violência, entidade que faz levantamento com base nos dados oficiais dos 26 estados e do Distrito Federal, a Bahia registrou 1.326 mortes violentas nos três primeiros meses deste ano. O volume de mortes representa 13% do total contabilizado no país, 10,2 mil assassinatos neste primeiro trimestre.

Os cinco estados com mais mortes do país: Bahia, 1.326 mortes; Pernambuco, 963 mortes; São Paulo, 812 mortes; Rio de Janeiro, 781 mortes e Ceará, 755 mortes.

Diante de tanta violência, onde nem a polícia está protegida, o cidadão comum se sente desamparado e entregue à própria sorte. Restaurantes, bares e diversos estabelecimentos comerciais estão sendo atacados com assaltos a qualquer hora do dia e vítimas que somam as centenas, sem falar que as ruas de Salvador estão infestadas de assaltantes fazendo o terror como se a cidade pertencesse a eles. Estamos sitiados, encurralados e condenados a prisão domiciliar, sem as tornozeleiras eletrônicas, e com os bandidos a nos vigiar e ameaçar diuturnamente.

Sair às ruas de Salvador está ficando perigoso, muito perigoso, e aquele que se arrisca a sair sabe do risco que está correndo sem saber se vai voltar para casa. Enquanto isso o governador Rui Costa (PT) disse, recentemente, numa entrevista, que o tráfico de drogas gera empregos, como se essa fosse uma atividade economicamente legal. Para completar, o Secretário de Segurança Pública da Bahia, Ricardo Mandarino, fez apologia às drogas dizendo que as pessoas fazem uso moderado das drogas e que seus amigos fazem uso dela para relaxar, se liberar e aumentar sua criatividade, que permissividade.

Em outra entrevista sobre se ele (Rui Costa) não sabia que a compra dos 300 respiradores pagos adiantados para uma microempresa de importação de produtos à base de maconha (Hempcare), que poderiam salvar milhares de vidas durante a pandemia de Covid-19 mas que não foram entregues, ele deu uma resposta brilhante, digna de um político cínico e cara de pau: “Não sabia. Confesso que ela tinha representantes de produtos farmacêuticos. Estava essa denominação da empresa e não me chamou a atenção, no momento, pelo nome, até porque eu não tenho pleno domínio da língua inglesa. Portanto, eu não domino”, justificou Rui Costa que concluiu dizendo à delegada que o interrogava que só teve o conhecimento do pagamento feito antes de assinar o contrato no momento que estava sendo interrogado, tremendo sem vergonha.

Agora, depois das mortes dos policiais militares, Rui Costa autoriza a compra de mil fuzis para a Polícia Militar, sabendo que tem 29 mil policiais na PM da Bahia. Os 28 mil policiais restantes ficarão numa lista de espera contando com ajuda de “Deus” na luta contra a bandidagem que os enfrenta armados até os dentes.

A pergunta que não quer calar é se ele vai pagar essa compra antes de assinar este novo contrato? Será que Rui Costa já aprendeu inglês ou espanhol para não cometer novamente o erro, que cometeu com a Hempcare, e comprar os fuzis na mão de traficantes das FARCS ou contrabandistas paraguaios? Decididamente estamos num estado desgovernado, corrupto, sem comando e aparelhado por um grupo político que, como vampiros, está sangrando os cofres públicos e o bolso da população. Eles não estão nem aí para o que possa estar acontecendo com povo baiano que é quem paga suas mordomias, seus salários, em detrimento da população. São dezesseis anos de desgoverno e abandono do estado pelo governo do PT e seus asseclas (PCdoB, PSB, PDT, PCB, PSD), que deixaram a educação propositadamente abandonada e índices de desemprego recorde.

Segundo divulgação da Pesquisa Nacional por Amostra Domiciliar Continua (PNAD) a Bahia tem o pior nível de desemprego (17,6%), seguido de perto por Pernambuco, com 17%, que é governado pelo PSB por igual período.

Como o governador e seus séquitos, secretários, políticos e assessores; diretores de hospitais e órgãos públicos; comandantes militares, desembargadores, juízes e afins, estão devidamente protegidos pelo aparato de segurança pública do estado que os protegem dia e noite nos bairros nobres onde moram, desta forma eles não tem tempo e nem motivos para se preocuparem com violência contra os moradores das ruas pobres de Salvador.

Se toda oligarquia está protegida pelo aparato estatal de segurança pública, então por que diabos o governador vai se preocupar, gastar suas energias e o dinheiro do contribuinte, a favor do contribuinte (povo) que é mantido nesta ignorância premeditada para não ter discernimento e poder entender e cobrar do governador o direito de protegê-lo, provê-lo das obrigações básicas do estado como segurança pública, saúde, educação, saneamento.

São por essas e outras que fica evidente a irrelevância do governador em não se preocupar com os baianos, muito menos com os policiais mal pagos e mal equipados, que arriscam suas vidas cumprindo ordens de seus comandantes para proteger os ricos e senhores políticos que se acham donos da Bahia.

Título e Texto: Juarez Cruz, Escritor e cronista, Salvador-BA, 25-5-2022

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