Paulo Hasse Paixão
O sentimento de desilusão com a União Europeia, recentemente expresso pelo primeiro-ministro húngaro Viktor Orban [foto], foi reiterado pelo seu governo.
De facto, o Governo
húngaro criticou a União Europeia, declarando que, no seu
estado actual, não traz “nem paz nem prosperidade” aos Estados-Membros. O
primeiro-ministro Viktor Orban, que participava numa cimeira de líderes do
bloco em Bruxelas, fez uma avaliação semelhante do bloco.
A posição de Orban foi
transmitida através da conta oficial do seu governo no Facebook na terça-feira,
o primeiro de dois dias de cimeira em Bruxelas. A declaração parece ter sido
feita a partir de uma entrevista que o líder húngaro deu à imprensa alemã no
início da semana.
Questionado pelo tabloide
alemão Bild sobre se poderia explicar a crescente popularidade da Alternativa
para a Alemanha (AfD), um partido político de direita, o
primeiro-ministro citou a desilusão com a UE como uma possível causa. E
acrescentou:
“A União Europeia foi
criada por duas razões. A primeira foi a paz – e agora há guerra. A segunda foi
a prosperidade – e agora a economia está num estado cada vez mais preocupante,
é difícil manter a competitividade e é cada vez mais difícil garantir a
prosperidade das pessoas. É por isso que vejo os chamados partidos de protesto
a ganharem força em toda a Europa. Não estou a falar apenas da Alemanha, estou
a falar da Europa em geral”.
Just 2 years into the 7-year budget, #Brussels is running out of money. How did this happen? What happened to the budget? Where is the money, @EuropeanCommiss ? pic.twitter.com/yENyF7jXgY
— Orbán Viktor (@PM_ViktorOrban) June 29, 2023
A Ucrânia é um dos principais
pontos da agenda da cimeira da UE. Espera-se que os líderes da união ofereçam
alguma forma de garantias de segurança a Kiev e assegurem a continuação da
assistência militar.
Orban disse ao Bild que a Ucrânia não tem qualquer hipótese
de vencer a Rússia, independentemente da quantidade de dinheiro ocidental que é
injectado, porque Kiev acabará por ficar sem recursos humanos para continuar a
lutar.
A ideia de que a ajuda militar
ocidental permitiria à Ucrânia derrotar a Rússia no campo de batalha é
fundamentalmente errada, afirmou o primeiro-ministro húngaro, Viktor Orban.
“Eu defendo a realidade. A
realidade é que a natureza da cooperação entre a Ucrânia e o Ocidente é um
fracasso”.
Sugerir que as armas, o
financiamento e os serviços secretos fornecidos a Kiev pelos EUA e pelos seus
aliados da UE permitiriam à Ucrânia vencer “é um mal-entendido da situação.
Isso é impossível”, defendeu.
“O problema é que os
ucranianos vão ficar sem soldados mais cedo do que os russos, e esse será o
fator decisivo”.
O presidente húngaro rejeitou
ainda a afirmação do entrevistador de que toda a Ucrânia teria sido capturada
pela Rússia sem a ajuda da NATO, descrevendo-a como “uma hipótese para a qual
não há provas”.
Segundo Orban, é necessário
chegar a um cessar-fogo no conflito entre Moscovo e Kiev o mais rapidamente
possível, caso contrário a Ucrânia
“perderá uma enorme
quantidade de riqueza e muitas vidas, e ocorrerá uma destruição inimaginável. É
por isso que a paz é a única solução neste momento”.
No entretanto, uma mudança de
lideranças na Áustria e na Eslováquia pode significar a ruína do regime de
sanções de Bruxelas. Um funcionário da Comissão Europeia disse na
semana passada que
“Seria um desastre se
fossem eleitos líderes cépticos em relação à Ucrânia na Áustria e na
Eslováquia”
A União Europeia teme que as
mudanças políticas em ambos os países possam comprometer as futuras sanções
contra a Rússia, bem como a ajuda militar do bloco a Kiev.
O governo de centro-direita da
Áustria é impopular e as preocupações com a imigração e o aumento do custo de
vida tornaram o Partido da Liberdade, de direita, de Herbert Kickl, a facção
política mais popular desde o final do ano passado. As eleições legislativas
estão marcadas para o próximo Outono, o mais tardar.
Na Eslováquia, a popularidade
do antigo Primeiro-Ministro Robert Fico aumentou devido a preocupações
semelhantes. A apenas três meses das eleições legislativas, o partido de Fico
lidera as sondagens, enquanto o país trabalha sob um governo de tecnocratas não
eleitos.
Título e Texto: Paulo Hasse
Paixão, ContraCultura,
5-7-2023
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