quarta-feira, 30 de agosto de 2023

Esta é de topete

João-Afonso Machado

Lembro perfeitamente, a grande primeira medida tomada (há muitos anos) em defesa dos cegos foi intitulá-los "invisuais" - e daí em diante... "invisuais" permanecem, sempre carecidos de apoios reais. A República tem absurdos assim. 

Hoje a notícia, a abrir noticiários e lida nas páginas iniciais dos jornais, veio a público a grande remodelação operada no falido SNS, com efeitos a partir de 1 de Janeiro próximo. O que ao certo vai suceder é que me parece ninguém entende, entre dizeres vagos e objectivos que todos desejam mas não se consegue descobrir como serão atingidos. 

Fala-se em que os utentes poderão ser atendidos em qualquer unidade de saúde, portadores de um cartão que identifica a gravidade dos seus males.

Dá-se um novo nome - as Unidades Locais de Saúde - como se, só por si, tal resolvesse os problemas (não, não somos todos "invisuais"). 

Mais se acrescenta um membro ao Conselho de Administração do SNS - mais um boy, no fundo. 

E criar-se-ão comissões junto do Ministério das Finanças para acompanhar as dotações orçamentais do SNS - somem mais uns tantos boys a juntar ao panelão. 

O mesmo vale para uma série de gestores a designar, conquanto a ideia seja "desburocratizar"... 

As ULS funcionarão em consonância com as autarquias. Com todo o crédito que hoje a maioria das autarquias me merece, creio que ingenuamente se aprestam ao serviço de "bodes expiatórios". 

Enfim, acrescenta-se, o serviço será pago pelos utentes, na medida em que optem por este hospital em vez daquele, decerto o da sua área de residência. Então o que se passa com a sacrossanta regra do art. 13º (e quejandos) da CRP? 

Entretanto nada foi legislado ainda. Nem se sabe quando será. E, quando for, restará depois a regulamentação do costumeiro normativo programático, algo que, em geral, vai sendo adiado, adiado, adiado. 

Quando, afinal, as leis em vigor nem têm muito por onde as atacar e, simplesmente, o que não há é dinheiro (para pessoal e equipamentos) porque o Governo não abre mão dele. Concretamente, como evitarão a "fuga" de pessoal da Saúde para o sector privado? 

Nada mais se passa, em suma, senão a bem propagandeada falcatruagem socialista. Com mais burocracia onde se difunde a desburocratização, e mais confusão nos hospitais e centros de saúde em que tudo será (?) diferente menos a falta de médicos e enfermeiros e restantes auxiliares - o óbvio fundamental. 

Vota PS!

Título e Texto: João-Afonso Machado, Corta-fitas, 30-8-2023

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