E por vezes as noites duram meses E por vezes os meses oceanos
E por vezes os braços que apertamos
nunca mais são os mesmos.
E por vezes encontramos de nós em poucos meses
o que a noite nos fez em muitos anos
E por vezes fingimos que lembramos
E por vezes lembramos que por vezes
ao tomarmos o gosto aos oceanos
só o sarro das noites não dos meses
lá no fundo dos copos encontramos
E por vezes sorrimos ou choramos
E por vezes por vezes ah por vezes
num segundo se evolam tantos anos.
David Mourão-Ferreira, Matura idade [1966-1972]. Lisboa, Arcádia, 1973
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