quarta-feira, 22 de outubro de 2014

Contas externas em Agosto registam melhoria apreciável...

Tavares Moreira

1. Tenho aqui dedicado particular atenção à evolução das contas com o exterior (Balança de Pagamentos) pela razão simples de que estas contas constituem um barómetro fundamental para se interpretar a tendência da actividade económica no País e, em especial, perceber até que ponto essa tendência é sustentável.

2. Deixei um último post com base no desempenho destas contas até Junho, no qual denunciava alguma deterioração relativamente a 2013; tal como na altura assinalei, tal deterioração não era ainda motivo de preocupação, embora justificasse a atenção dos decisores político-económicos.

3. Pois bem, chegados a Agosto (Boletim Estatístico do BdeP divulgado a 20 do corrente), constata-se uma sensível melhoria nas contas externas, a qual terá apanhado de surpresa os habituais comentadores de serviço: é de resto sintomático o total silêncio com que esta informação foi recebida pelos media, em contraste com alguma “chinfrineira” que as notícias menos boas de Junho e de Julho tinham provocado…

4. Concretamente, verifica-se que o saldo da Balança Corrente até Agosto é positivo, de € 344,1 milhões (€ 483,4 milhões em igual período de 2013), ao contrário do que sucedia até Julho (negativo,  € 961 milhões).

5. Por sua vez, o saldo conjunto das Balanças de Bens + Serviços é agora confortavelmente positivo, de € 1877,9 milhões, que compara a € 2.700,8 milhões em 2013.

6. Onde se assinala uma importante melhoria é na Balança de Rendimentos: apresenta nestes primeiros 8 meses um saldo negativo de € 1.533,2 milhões, sendo que no mesmo período de 2013 o saldo negativo era de € 2.217,7 milhões.

7.  Finalmente, ao nível do saldo conjunto das Balanças Corrente e de Capital – o saldo de todos os saldos – apura-se este ano um excedente de € 2.044,6 milhões, pouco inferior ao de 2013, que era de € 2.133,7 milhões.


8. Ora aqui temos, pois, um bom motivo para o silêncio dos media: como se trata de boas notícias (imputáveis em grande medida às Empresas e às Famílias), não há nenhuma desgraça a assinalar, nada há a dizer. O que de certo modo se  estranha é o silêncio de alguns opinion-makers, nomeadamente os da especialidade - será que também eles resolveram optar agora, em exclusivo, pelo elogio da desgraça?

Título e Texto: Tavares Moreira, "4R – Quarta República", 22-10-2014

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