Reinaldo Azevedo
Manifestações de protesto
contra o governo Dilma estão sendo marcadas pelas redes sociais em várias
cidades do país para este sábado, aniversário da Proclamação da República. Como
costuma acontecer nesses casos, nunca se sabe quantas pessoas serão
efetivamente mobilizadas. Podem aparecer alguns poucos entusiasmados; podem ser
muitos os indignados. Não importa! Protestar contra o governo de turno, desde
que segundo as regras da civilidade, é um dos atributos dos regimes
democráticos. Observe-se que os que hoje se levantam contra a roubalheira e os
desmandos não dispõem de uma clientela, como a do sr. Guilherme Boulos, o chefão
do MTST, que saiu ontem a vomitar impropérios em defesa do governo. Também não
contam com as facilidades da CUT, o sindicalismo chapa-branca que se ancora no
dinheiro de um imposto, sobre o qual não precisa nem prestar contas.
Se, neste sábado, houver 10 ou
10 mil indivíduos nas ruas, lá eles estarão por conta própria. Não estarão
ocupando o espaço público para ganhar uma casinha do movimento do sr. Boulos.
Tampouco serão meros contínuos de um partido político, financiados com capilé
oficial. Os protestos marcados para este sábado, reúnam 10 ou 10 mil, são
expressões da cidadania sem cabresto, da cidadania que não se deixa capturar
por um partido político, por um ente de razão, por uma ideologia redentora que
precisa alimentar o ódio para ganhar musculatura.
O país vive um dos momentos
mais delicados de sua história. Esquerdistas de fancaria, nababos alimentados
com dinheiro público, burguesotes do capital público e alheio, pilantras que
mamam nas tetas do governo, essa escória política resolveu inventar que existe
um movimento golpista no país, mesmo truque empregado em 2005, quando explodiu
o escândalo do mensalão. Uma cobertura irresponsável dos protestos
antigovernistas tentou pespegar essa pecha em pessoas comuns, justamente
indignadas com o fato de que o fruto do seu trabalho é hoje, na prática,
expropriado por bandidos.
Golpista uma ova! Golpistas
são os assaltantes da Petrobras. Golpistas são os ladrões de dinheiro público.
Golpistas são os que usam o estado brasileiro a serviço de seu projeto de poder.
Golpistas são aqueles que se consideram os donos da agenda, os donos da
história, os donos do Brasil. Não sei, reitero, se haverá nas ruas 10 ou 10
mil, mas que todos estejam imbuídos de um único propósito: fazer valer a
Constituição; fazer valer as leis; fazer valer o estado de direito. Um único
homem pedindo justiça já pode ser o início da revolução da decência.
Repudiem, insisto neste
aspecto, os imbecis que eventualmente comparecerem a atos públicos cobrando
intervenção militar. Ou são idiotas ou, o que é mais provável, agentes
provocadores, que alimentarão o jornalismo da distorção.
Vai triunfar a lei no país,
queiram eles ou não. Se ficar comprovado que Dilma não sabia da roubalheira em
curso na Petrobras, ela não perderá seu mandato — não por isso ao menos. Se
ficar comprovado que sabia, então será deposta. Não por um golpe, mas pela
Constituição. Já aconteceu antes, e o país se fortaleceu.
A melhor palavra de ordem para
quem quer ocupar as ruas não é o “impeachment de Dilma”. Que a banda boa da
Política Federal, da Justiça e do Ministério Público se encarreguem da questão.
A boa palavra de ordem é a defesa das leis e do estado de direito.
Guilherme Boulos, a CUT e seus
truculentos disseram marchar nesta quinta contra a direita. Errado! Eles foram
às ruas contra o estado de direito. E vão perder. Não! O Brasil não pede uma
intervenção militar. O Brasil pede a intervenção da sociedade civil, lúcida,
democrática, aberta ao futuro, sorridente, esperançosa e feliz.
Esses mortos-vivos que tentam
impedir o Brasil de se expressar vão perder.
Título e Texto: Reinaldo Azevedo, 15-11-2014
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