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Paulo Macedo, Ministro da Saúde |
Na semana em que vimos alguns altos quadros do Estado apanhados num
escândalo, foi reconfortante encontrar outros organismos da administração a
trabalhar bem, depressa e com sentido de serviço público
Sexta-feira, quando as
televisões iniciaram os directos do encontro que reuniu, no Ministério da
Saúde, os especialistas que têm vindo a estudar o surto da Legionella para apresentarem os resultados dos vários estudos
epidemiológicos feitos, eu nem quis acreditar. Em vez de um espectáculo
mediático semelhante àquilo em que se transformaram muitos dos eventos
promovidos pelos nossos políticos, aquilo a que assisti foi um exercício quase
ingénuo de transparência, rigor e sinceridade. Na sala, algo acanhada, estavam
dezenas de pessoas, entre técnicos e cientistas, altos responsáveis da
Administração Pública e dois ministros, o da Saúde e o do Ambiente. Nada
parecia ter sido ensaiado ou treinado – houve mesmo momentos em que quem estava
a falar se afastava do microfone para ir explicar qualquer coisa num quadro e a
sua voz deixava de se ouvir.
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Jorge Moreira da Silva, Ministro
do Ambiente, Ordenamento do Território e Energia
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Chegou a parecer amador, mas
gostei do que vi e ouvi. Melhor: precisamente por ter sido assim, autêntico e
franco, gostei do que vi e ouvi.
Vamos ser claros. O surto de Legionella tinha tudo para correr mal,
muito mal mesmo. Pela dimensão que assumiu, pois foi o terceiro maior surto de
que há registo em todo o mundo. Por ocorrer numa zona densamente povoada. Por a
bactéria assassina ser evasiva e difícil de detectar. Por ser muito fácil
instalar-se o pânico quando se trata de questões de saúde. Mas não correu mal,
porque se reagiu e se trabalhou bem.
Num país demasiado habituado a dizer mal de tudo e todos e a desmerecer
as suas instituições, é bom que se sublinhe que houve uma boa resposta do poder
político, que os serviços públicos estiveram à altura e que as infraestruturas
de saúde souberam responder com competência e humanidade.
Aquela estranha conferência de
imprensa foi, de alguma forma, o espelho de como tudo acabou por correr pelo
melhor.
Nela ouvimos os responsáveis
de diferentes departamentos dos ministérios da Saúde e do Ambiente que, desde
que o primeiro caso foi detectado, estiveram no terreno a tentar identificar o
foco, a seleccionar as medidas a tomar e a tratar dos doentes. Puderam expor o
que fizeram e as conclusões a que chegaram com uma segurança que tranquilizou
quem os ouviu. Percebemos como foi feito o estudo epidemiológico e percebemos
como tinha ocorrido, nos dias em que a infecção se propagou, um fenómeno
meteorológico raro. Foi assim possível perceber que já era possível
tranquilizar as populações, que a origem do problema estava detectada, que o
surto estava controlado. Não foram os políticos a dizê-lo, foram os
responsáveis técnicos. Isso foi bom. Ninguém quis protagonismo alheio.
Nela voltámos a perceber que
Francisco Georg,e com a sua barba antiquada, o seu ar de ursinho de
peluche ou de Ewok da Guerra das
Estrelas, tem tanto de anti-mediático como de eficaz, pois recusa a facilidade
dos sound bites e das certezas para consumo rápido, dizendo o que tem a dizer
com o único objectivo de informar e aconselhar com correcção, sem alarmismos
nem triunfalismos.
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Francisco George, Diretor-Geral da Saúde |
Nela também pudemos apreciar,
de novo, a forma serena, mas atenta e eficaz, como o ministro da Saúde, Paulo
Macedo, acompanhou de perto a crise, transmitindo à opinião pública a percepção
de que havia alguém a preocupar-se e a mobilizar os recursos necessários, sem
nunca ter de se por em bicos de pés. Moreira da Silva, a seu lado, também
esteve no registo certo.
Uma crise como a que vivemos,
até pelo número de vítimas que fez, terá sempre sequelas e obrigará sempre ao
apuramento de responsabilidades. Não se deixará de verificar se, mesmo assim,
houve alguma falha nos dispositivos públicos. Mas também nos diz alguma coisa
sobre a segurança com que tudo foi tratado o pouco impacto público do histerismo oportunista do Bloco de Esquerda,
que quis ver a origem do mal numa lei sobre inspecções à qualidade do ar no
interior de edifícios quando o mal se propagou a partir de dispositivos
exteriores.
Numa semana em que descobrimos
que alguns altos quadros do Estado estão envolvidos em escândalos de corrupção,
é bom e é reconfortante verificar como noutros organismos da administração se
trabalhou bem, depressa e com um profundo sentido de serviço público, de
serviço à comunidade. Ainda bem.
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