Luciano Henrique
O presidente do
Bradesco, Luiz Carlos Trabuco Cappi [foto], acha que todo mundo é idiota
ao sair criticando a tal “crise política”. Diz ele: “A crise política é mais forte que a econômica.
Isso abala a confiança no país e retarda a retomada do crescimento”.
Complementa: “Precisamos sair desse ciclo do quanto pior, melhor. Melhor para
quem? Para o Brasil, não é. As pessoas precisam ter a grandeza de separar o ego
pessoal do que é o melhor para o país”.
Então, se é assim, temos que
falar na lata: o Sr. Trabuco é um mentiroso.
Ele dirige o Bradesco, uma das
três maiores instituições financeiras do Brasil. Parabéns para ele. Porém, ele
esconde de você uma informação fundamental: a empresa que ele dirige depende
da guerra política corporativa para sobreviver. Isto significa que todo e
qualquer executivo da empresa dele vive sob fogo cruzado de vários adversários
políticos em diversos níveis de gestão. Por causa desta guerra política,
seus executivos são obrigados a gerar um resultado satisfatório. Se não
gerarem, serão derrubados.
Pela posição que ocupa,
Trabuco sabe que não é “a crise política” que atrapalha qualquer
empreendimento. Ao contrário, é a falta de desempenho dos responsáveis pelo
poder que permite o surgimento da tal “crise política”.
O importante é notar que o Sr.
Trabuco sabe que está mentindo, pois ele depende de “crises políticas” para
pressionar seus executivos a gerarem resultados. Ou seja, a “crise política” é
algo que seus executivos temem como uma consequência de não gerarem resultados.
A conclusão é óbvia: “crise política” nunca é culpada de nada, sendo apenas uma
consequência da competição pelo poder.
Eu duvido muito que o Sr.
Trabuco exija o encerramento de qualquer pressão sob executivos ineficientes.
Ele não é louco de fazer isso, pois tal retirada de pressão faria seu banco
afundar. Então por que ele pede o mesmo para o Brasil? Por que está com
segundas intenções.
Então a coisa é clara: papinho
de “culpa da crise política” é sempre desonestidade. Esta desonestidade é
agravada quando nos é presenteada por uma pessoa que dirige organizações
que dependem de “crises políticas” prestes a surgir em momentos de baixos
resultados, pois são as pressões resultantes das oposições (ou, no caso
corporativo, dos executivos adversários) que motivam exatamente os resultados
que Trabuco tanto adora e demonstra para seus acionistas.
E, enquanto isso, Trabuco está
pronto para deixar “crises políticas”, daquelas que fariam a tal “crise
política” alardeada pelo governo petista parecer um afago, se abater sobre o
próximo executivo em sua organização que deixar os indicadores deslizarem por
meses seguidos. E ele fará isso com toda determinação do mundo, exatamente para
que seus resultados sempre positivos.
Babar o ovo do governo tem
sido comum. Mas não com mentiras que ofendem a inteligência de qualquer pessoa
que preste atenção em dinâmicas do poder. O problema, enfim, não é “crise
política”. Como o Sr. Trabuco sabe (e está escondendo de você), o problema está
no desempenho daquele que desonestamente chora ao reclamar da “crise política”.
Em tempo: como bem lembrou um
leitor, os banqueiros estão felizes com o governo Dilma, uma vez que com juros
tão altos eles têm lucrado os tubos.
Título e Texto: Luciano Henrique, Ceticismo Político, 9-8-2015
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Com certeza , hoje quem dirige o país é o Bradesco
ResponderExcluirÉ só ver começando pelo falso ingênuo Levy até este com trabuco na língua
Se alguém duvida disso, faço a pergunta
Quem comprou o HSBC ?
Porquê comprou em um momento de crise financeira ?
Porquê comprou em um momento de crise política ?
Trabuco, menos por favor, porque todo mundo manja o seu papo furado
José Manuel