sábado, 8 de agosto de 2015

Autoridade legal e autoridade legítima


Maria Lucia Victor Barbosa

A corrupção no Brasil tem uma longa trajetória, que aliada à impunidade nos infelicitou ao longo dos séculos. Sem me alongar sobre o tema recordo que o Estado brasileiro teve desde seu início ação centralizadora e tuteladora da Nação. Tudo dependia do governo e, assim, o comércio e a indústria estavam atados às autorizações, às tarifas protecionistas, às concessões, o que facilitava o suborno. Em essência nada mudou.

Em 2002, o PT chega à presidência da República jactando-se de ser único partido ético que vinha para acabar com as mazelas da política brasileira. E melhor: à frente do partido havia um “pobre operário” capaz de salvar a pátria, um padroeiro dos pobres e oprimidos.

Contudo, pode-se dizer que nunca antes nesse país houve um partido tão corrupto quanto o PT. Os petistas institucionalizaram a corrupção e convidaram aliados políticos e a inciativa privada para abrir franquias de roubalheira.

A força e a impunidade do PT se deveram basicamente a três fatores: a ilusão gerada pela propaganda, através da qual Lula da Silva foi endeusado. A inexistência de oposições, tanto partidárias quanto institucionais. A falta de cultura cívica do povo sempre dependente do Estado paternalista e indiferente aos escândalos de corrupção dos poderosos.

Além da corrupção o governo petista expandiu os males do Estado Brasileiro: o patrimonialismo, o nepotismo, a burocratização e, sobretudo a incompetência. Tudo sob a imagem da perfeição, das maravilhas que o magnânimo pai Lula prodigalizava aos desvalidos salvando-os da miséria.

Nos porões do poder, porém, muito mais lucravam os que Lula, para efeitos externos, chama de elites, várias das quais se associaram em contubérnios com a companheirada de modo nunca visto. E, assim, roubou-se em milhões, em bilhões, em avantajadas cifras no país do dá-se-um-jeito.

Primeiro, articulou-se o mensalão ou compra de congressistas como forma de sustentar o projeto de poder do PT. Inabalável, mesmo sob o efeito das condenações do STF onde se notabilizou o ministro Joaquim Barbosa que logrou enviar para a cadeia maiorais do PT como José Dirceu, José Genoíno, Delúbio Soares, João Paulo Cunha, além dos auxiliares dos criminosos, Lula logrou eleger uma mulher que não consegue sequer proferir um pensamento coerente.

Com ela deu-se o terceiro mandato de Lula da Silva. Foi o tempo do descalabro com todos os possíveis erros que se pode cometer em economia.  Mesmo assim, Rousseff, com pouca margem de votação se reelegeu montada nas mentiras e no terrorismo politico do marqueteiro João Santana, que atribuiu ao adversário o apocalipse brasileiro que se vê agora é da autoria da criatura de Lula e dele próprio.

O presidente de fato seguiu inimputável, sempre a repetir que não viu nada, não sabia de nada, não ouvia nada, enquanto a inflação, o desemprego, a inadimplência vão infelicitando eleitores e não eleitores do PT.

O megaescândalo do petrolão estilhaçou a Petrobras, orgulho nacional, tomada de assalto pelo aqui citado contubérnio. Mas, assim como o ex-ministro Joaquim Barbosa, surgiu alguém que fez a diferença, o juiz Sérgio Moro, destacando-se também o trabalho da Polícia Federal e de procuradores na 0peração Lava Jato. Nesta ação inédita no Brasil estão indo para cadeia não só doleiros e auxiliares da rapina chamados de operadores, mas também presidentes das maiores empreiteiras, seus diretores e ocupantes de altos cargos na Petrobras.

Possivelmente, o povo tomaria conhecimento desses fatos com indiferença se não fosse o esboroar da economia, pois é certo que não há governo que resista quando a economia vai mal. Junte-se a isso a inconformidade popular que não aceita pagar pela incompetência governamental e temos o resultado da última pesquisa Datafolha, na qual Rousseff aparece como a pior presidente que o Brasil já teve, com 71% de reprovação e só 8% de aprovação.

É dito, falseando a questão, que um impeachment da inoperante presidente levaria ao caos institucional. Quando Collor, com grande participação do PT, sofreu o impeachment por muito menos do que hoje ocorre, as instituições ficaram intactas.

Falso também a presidente dizer-se intocável porque foi eleita pelo voto. Uma coisa é autoridade legal, outra é autoridade legítima. No momento ela não é mais legitimada pela população e o que se chama de crise política pode ser traduzida por crise de representatividade. Ela não representa mais o povo cansado de seu estelionato eleitoral e de sua incompetência.

O PT legou ao Brasil uma crise política de representatividade, uma crise econômica e uma crise de valores.

A saída de Rousseff da presidência, dentro dos trâmites legais não é golpe. Golpe é sua permanência.

Afinal, a emblemática segunda prisão de Jose Dirceu demonstrou que o PT nunca agiu em nome da causa, mas em causa própria. Não dá para suportar mais um governo assim. A causa caiu.
Título e Texto: Maria Lucia Victor Barbosa, Socióloga, 8-8-2015

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6 comentários:

  1. A Dillma defende a sua eleição, porém a legitimidade de seu mandato está “sub-judice”, o que equivale dizer que está pendente no Tribunal Superior Eleitoral o processo de exame do abuso político e econômico nas eleições de 2014 por Dilma e seu vice. O julgamento deve se dar em setembro de 1015.
    Ah! Não podemos esquecer que quem dá um mandato pode revogá-lo quando perde a confiança.
    Ademais, não podemos esquecer as mentiras, enganações e ardil utilizados pela presidanta.
    Retirou direitos dos trabalhadores, das pensionistas do INSS e do pescador artesanal, ao contrário do que ela falava que não iria retirar direitos. Tomou iniciativas contrárias aos interesses do povo, que ela (Dillma) dizia que a oposição faria, etc.
    A Dillma disse que vai equilibrar as contas públicas, mas o povo não acredita, e se ouve comentários de que as medidas que ela tomou não são suficientes.
    Não são suficientes, porque o governo dela é campeão mundial em corrupção, e ainda, levou dinheiro do nosso suor, que estavam no BNDES, para fazer obras de infra-estrutura em países populistas de extrema esquerda (vide: “spotniks.com/20 obras que o bndes financiou em outros países.”).
    No mais, vamos comparecer no DIA 16 DE AGOSTO DE 2015, nos locais escolhidos em todo o país (vide no facebook movimento brasil livre RS), para a grande manifestação Fora Dillma, Fora PT, de apoio às Operações Lava Jato, Eletrobrás, Nuclebrás, BNDES, fundos de pensão das estatais federais, etc., e também de APOIO E PARA PRESTIGIAR a Polícia Federal, o Ministério Público Federal, e a Justiça Federal no Paraná, na pessoa do Juiz Sérgio Moro.
    Vamos levar cartazes, banners, placas, cartolinas com nosso apoio às instituições e de reprovação e repúdio ao governo federal.
    Antonio Augusto.

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  2. Obrigada, gostei muito do comentário.
    Um abraço,
    Maria Lucia

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  3. Maria Lúcia e Antônio Augusto,
    Há alguns anos discutem as grandes mentes terrenas, seria bajulação e ilação chamá-las de universais, sobre o determinismo ou a aleatoriedade do próprio UNIVERSO.
    Porque trago à tona esse assunto?
    Por que no Brasil nossa política e economia são DETERMINADAS ao acaso.
    Inexiste político honesto isso não é aleatório, todos são corruptos e prevaricadores.
    Se... congresso honesto há muito certas benesses teriam acabado.
    Se... algum político honesto há muito teria sido assassinado.
    Pessoas que tem fé, crenças, esperanças são deterministas., ou seja, cada pessoa é fruto do meio determinado, circunstâncias e contextos sociais já determinados, porém isso é aleatório, se um governo honesto, modificaria os contextos sociais e as circunstâncias telúricas dessas pessoas.
    Os cientistas são adeptos do aleatório, por não acreditarem num deus, acham que tudo é coincidência inclusive a vida humana é produzida pela evolução do acaso.
    Pessoas como o juiz Moro são aleatórias, mas há alguma determinação nos seus propósitos.
    Faltam pessoas honestas e determinadas a modificar nossa política e economia.
    O Brasil é um país REMENDADO, cheio de puxadinhos "pixulecos" para parodiar, não há projetos de futuro. destroem tudo e remendam.
    Um país tão vasto quanto os EUA ou o Canadá, com uma visão nepalesa ou cubana.
    Economia primária, a secundária nas mãos estrangeiras e as terciárias importadas a um custo nefasto.
    Vale o PROTESTAR, mas na minha humilde opinião, troca-se o pinico e coloca-se as mesmas fezes dentro.
    Eu aceito o fato de que o universo sempre existiu, seu início foi o acaso.
    Agora no Brasil tem o determinismo de quem projetou, iniciou e não quer que termine.
    Não tenho esperanças, nem vou rezar, eles estão determinados a destruir.
    Fui...

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  4. Jim,
    Este senhor é fatalista. Para ele nada muda. Isso leva a uma longa discussão, que infelizmente não tenho tempo de fazer nesse momento. Mas acho interessante que meu artigo tenha provocado esse tipo de comentário, ou seja, levou esse senhor a se expressar com seu modo de ver mundo.
    Um abraço,
    Maria Lucia

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  5. Prezado VSROCCHA: Algumas perguntas que me vêm à cabeça, em face da sua manifestação: Vamos deixar como está? Ou devemos reagir para estancar ou reduzir os desmandos? Onde está nossa essência política e os ideais?
    As pessoas não são iguais: há pessoas boas e pessoas más, e os políticos não são todos iguais.
    Para resumir: os humanos estão longe da perfeição, mas temos de lutar pelo que acreditamos, pelo que é certo, pelo que é menos ruim ou possível. Temos de lutar pelo que é Justo. Lutar pela Justiça.
    Se nos faltar esse espírito, a humanidade estará perdida.
    Por outro lado, não se trata apenas de PROTESTAR, mas temos fundadas esperanças de retirar ou amenizar os males que foram entranhados em nossas instituições democráticas e também nas empresas estatais, pelo Projeto de Poder de um partido (parte, facçao, fração), apenas.
    Aliás, as nossas instituições, e, inclusive as empresas estatais são seculares, e fortalecem o regime democrático consagrado pela Constituição Federal de 1988.
    ANTONIO AUGUSTO.

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    1. Bem senhor Antônio
      Fui abençoado como fatalista.
      Eu diria que sou realista, sem ilusões e fantasias.
      O senhor está certo que temos que lutar então devamos ir às armas como Napoleão fez com a burguesia corrupta francesa, dando fim a tal revolução tão corrupta quanto a monarquia.
      Há um hotel no japão com mais de 500 anos nas mãos da mesma família e privado.
      Há empresas pelo mundo com mais de 100 anos, só para citar um exemplo a fabricante do delicioso tabasco "sauce" nos Estados Unidos.
      Quantas empresas septuagenárias fecharam com a abertura democrática brasileira?
      VARIG, Transbrasil, Vasp, Cruzeiro, Mesbla, Casas Masson, Casas Reinaldo a famosa maluquinha da praça do Portão, que gaúchos ainda lembram.
      Há estatais brasileiras "overage" A maior empresa estatal americana é centenária que são os correios e depois a Nasa.
      O setor logístico americano tem controle governamental em 75 usinas elétricas, e AMTRAK tem supervisão federal.
      Não podemos nos disciplinar como Laplace ou com o deísmo, supondo que todo o efeito está completamente presente na nossa causa. Isso é pré determinar.
      Se analisarmos que todos os fatos aleatórios de nossas ações são corretos, e apostamos na ajuda de algum deus, são argumentos do pós determinar.
      Se supomos que todos os efeitos estão contido na nossa causa, e que esses efeitos possam interagir com os contratempos futuros, formando um novo tipo de realidade na estrutura social , estaremos co-determinando ainda no presente o simultâneo desenvolvimento dos processos.
      Justamente pelos humanos egoístas, a luta pela justiça esconde-se em seus niilismos pessoais.
      Não existe revolução pacífica.
      Muito falam de Ghandi, estão certos ele não usava armas letais, usava a mais poderosa arma humana para que seus seguidores lutassem por suas ideias, a palavra.
      O molusco retirante nordestino também não precisou de um fuzil ak-47.
      Aqui na minha rua eu era o único batendo panela no dia 6 às 20;30.
      Não me envergonho de tê-lo sido.
      LIBERDADE não é livre escolha ou livre arbítrio, mas uma criação determinada num mundo que não existe nada determinado que não tenha aparência de determinante.
      Se não avaliamos as circunstâncias aleatórias da humanidade, temos um liberdade empobrecida e coercitiva. onde o livre arbítrio e as livres escolhas serão determinada por outros.
      A liberdade não é a nossa, só existe a liberdade quando respeitamos a dos outros.
      Co-alisões pacíficas e coercitivas pelas palavras não nos levam a atingir objetivos nossas liberdades, se não houver uma força tarefa para punir quem delas abusa.
      Quando pensamos somente na nossa liberdade é o princípio da anarquia.

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