Henrique Pereira dos Santos
“António Costa começou o
debate com uma crítica incisiva ao “falhanço” do Governo no seu objetivo número
1: controlar a dívida pública. E atirou que o Governo atual aumentou em 30 mil
milhões a dívida pública.”
O debate de que se fala neste
parágrafo (esqueçamos o seu português horrível) é o debate pré-eleitoral entre
Costa e Passos Coelho.
Independentemente de
interpretações e da explicação para o crescimento da dívida (e consequente
demagogia na acusação), é verdade que houve um aumento anual de cerca de 7,5
mil milhões de euros durante o governo de Passos Coelho.
No primeiro ano do governo de
Costa vamos num aumento da dívida que é superior a 10 mil milhões, se não me
engano.
Descontando toda a demagogia
que pode haver nestas comparações sem contexto, o facto é que Costa só pode
responder a si próprio de uma maneira: quem tinha o objectivo de controlar a
dívida era o governo anterior, não o actual, por isso o governo anterior falhou
ao aumentá-la em 7,5 mil milhões de euros anualmente.
O governo actual não falha ao
aumentá-la em mais de 10 mil milhões num ano porque o controlo da dívida não é
um objectivo do actual governo, que tem antes objectivos como a devolução de
rendimento, a qualificação dos portugueses e essas coisas assim, pelas quais
quer ser avaliado.
Ora o que eu gostaria de
sublinhar é que é exactamente o abandono deste objectivo que me parece ser o
maior risco deste governo para Portugal e é essa a razão central para a minha
crítica cerrada às políticas do actual governo: parece-me uma imprudência
infantil avançar num mundo de incerteza diminuindo a margem de manobra face ao
inesperado e o desconhecido.
Mesmo não excluindo a hipótese
de que as coisas corram tão bem que os efeitos nunca se venham a manifestar,
adoptar esse ponto de partida para definir a governação não é optimismo, é
estupidez.
Título e Texto: Henrique Pereira dos Santos, Corta-fitas,
31-12-2016
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