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Um dos problemas dos analistas
católicos é a sua incapacidade de assimilar o modo dialético de pensar, sempre
subestimando-o como uma incoerência entre doutrina e prática, sem perceber que
a contradição é como que a gramática do movimento revolucionário e que
aproveitar as contradições sistematizando-as numa unidade de ação é a sua
psicologia essencial.
Para um revolucionário, por
exemplo, não existe a verdade factual, mas apenas a verdade do processo
revolucionário como um todo, que ressignifica os fatos de acordo com a sua
conveniência. Há apenas uma coerência para eles, a coerência do processo, não
dos dados pontuais que o compõem.
As teologias revolucionárias,
como a teologia da libertação ou a teologia do povo (da
qual é signatário Jorge Mário Bergoglio), partem do mesmo paradigma: o “Reino
de Deus”, vale dizer, a sociedade organizada segundo os moldes socialistas, é a
direção para a qual caminha a história da humanidade (direção um tanto difusa,
para não dizer confusa, cujos contornos concretos nunca ninguém absolutamente
descreveu) e ao seu serviço está a Igreja, a qual deve moldar segundo a unidade
deste processo a sua liturgia, os seus dogmas, a sua moral etc.
Ora, quando é conveniente com
o processo assumir ares de moralidade sexual, o movimento revolucionário nunca
hesitou em condenar, por exemplo, a prática da homossexualidade (W. Reich),
quando, por outro lado, nunca deixou de fomentar a anarquia sexual
generalizada. A mudança é de ênfase, mais do que de conduta, sempre obedecendo
à coerência do “partido”.
Esta é exatamente a
movimentação que observamos no cenário eclesiástico atual. Enquanto os
católicos americanos dão a vida para denunciar a máfia gay cujos tentáculos
chegaram ao Vaticano com escandalosos acobertamentos de abusos sexuais,
psicológicos e de autoridade impetrados por bispos e cardeais, os
revolucionários já sabem exatamente como usar isso em seu favor: atacando
o celibato sacerdotal.
À beira do Sínodo da Amazônia,
nunca um escândalo sexual de proporções internacionais poderia ser tão
conveniente. O silêncio do papa argentino é apenas sinal da artimanha que está
sendo orquestrada. Ele não se defende porque quer ser acusado para dar
justamente a resposta que toda a mídia está esperando, a ordenação dos homens
casados.
A ingenuidade dos analistas
europeus e anglo-saxões está a anos-luz de saber lidar com a malandragem
latino-americana de um revolucionário que está obstinadamente submetendo a
Igreja às finalidades do movimento socialista. Inclusive, enquanto for útil
para o processo continuar no pontificado, ele continuará e não cederá a nenhuma
pressão, prosseguindo no aparelhamento esquerdista de toda a máquina eclesial.
Quando for útil, ele renunciará, para sair do trono mais forte e tornar a sua
revolução mais inexpugnável.
Existe uma saída humana para
este nível de tirania? Não o sabemos. A estabilidade do papado é politicamente
muito grande e, por isso, a desgraça de um revolucionário tão empoderado da
psicologia socialista no sólio de Pedro está longe de ser entendida em sua
totalidade por quem não compreenda a estrutura lógica do problema.
Contudo, sabemos que a Igreja
é divina e que “as portas do inferno não prevalecerão contra ela”. Como se dará
este desfecho? Só a Divina Providência o sabe. De nossa parte, cabe-nos apenas
a fidelidade à doutrina católica, a oração e a resistência aberta e decidida. E
deste dever ninguém poderá nos demover!
Título e Texto: FratresInUnum.com, 18-9-2018
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