terça-feira, 18 de setembro de 2018

A dialética de Francisco: o caso americano e o ataque ao celibato

FratresInUnum.com

Um dos problemas dos analistas católicos é a sua incapacidade de assimilar o modo dialético de pensar, sempre subestimando-o como uma incoerência entre doutrina e prática, sem perceber que a contradição é como que a gramática do movimento revolucionário e que aproveitar as contradições sistematizando-as numa unidade de ação é a sua psicologia essencial.

Para um revolucionário, por exemplo, não existe a verdade factual, mas apenas a verdade do processo revolucionário como um todo, que ressignifica os fatos de acordo com a sua conveniência. Há apenas uma coerência para eles, a coerência do processo, não dos dados pontuais que o compõem.

As teologias revolucionárias, como a teologia da libertação ou a teologia do povo (da qual é signatário Jorge Mário Bergoglio), partem do mesmo paradigma: o “Reino de Deus”, vale dizer, a sociedade organizada segundo os moldes socialistas, é a direção para a qual caminha a história da humanidade (direção um tanto difusa, para não dizer confusa, cujos contornos concretos nunca ninguém absolutamente descreveu) e ao seu serviço está a Igreja, a qual deve moldar segundo a unidade deste processo a sua liturgia, os seus dogmas, a sua moral etc.

Ora, quando é conveniente com o processo assumir ares de moralidade sexual, o movimento revolucionário nunca hesitou em condenar, por exemplo, a prática da homossexualidade (W. Reich), quando, por outro lado, nunca deixou de fomentar a anarquia sexual generalizada. A mudança é de ênfase, mais do que de conduta, sempre obedecendo à coerência do “partido”.

Esta é exatamente a movimentação que observamos no cenário eclesiástico atual. Enquanto os católicos americanos dão a vida para denunciar a máfia gay cujos tentáculos chegaram ao Vaticano com escandalosos acobertamentos de abusos sexuais, psicológicos e de autoridade impetrados por bispos e cardeais, os revolucionários já sabem exatamente como usar isso em seu favor: atacando o celibato sacerdotal.

À beira do Sínodo da Amazônia, nunca um escândalo sexual de proporções internacionais poderia ser tão conveniente. O silêncio do papa argentino é apenas sinal da artimanha que está sendo orquestrada. Ele não se defende porque quer ser acusado para dar justamente a resposta que toda a mídia está esperando, a ordenação dos homens casados.

A ingenuidade dos analistas europeus e anglo-saxões está a anos-luz de saber lidar com a malandragem latino-americana de um revolucionário que está obstinadamente submetendo a Igreja às finalidades do movimento socialista. Inclusive, enquanto for útil para o processo continuar no pontificado, ele continuará e não cederá a nenhuma pressão, prosseguindo no aparelhamento esquerdista de toda a máquina eclesial. Quando for útil, ele renunciará, para sair do trono mais forte e tornar a sua revolução mais inexpugnável.

Existe uma saída humana para este nível de tirania? Não o sabemos. A estabilidade do papado é politicamente muito grande e, por isso, a desgraça de um revolucionário tão empoderado da psicologia socialista no sólio de Pedro está longe de ser entendida em sua totalidade por quem não compreenda a estrutura lógica do problema.

Contudo, sabemos que a Igreja é divina e que “as portas do inferno não prevalecerão contra ela”. Como se dará este desfecho? Só a Divina Providência o sabe. De nossa parte, cabe-nos apenas a fidelidade à doutrina católica, a oração e a resistência aberta e decidida. E deste dever ninguém poderá nos demover!
Título e Texto: FratresInUnum.com, 18-9-2018

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