O filme "Tropa
de Elite 2 - O Inimigo agora é outro" estreou ontem, dia 7
de abril, em Portugal. Transcrevo a seguir a 'crítica' de Eurico de
Barros:
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Wagner Moura em cena como o Coronel Nascimento em 'Tropa de elite 2'. Foto: Divulgação
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Eu tenho um sonho. É que um dia um realizador português faça um filme sobre a corrupção em Portugal como Tropa de Elite 2 - O Inimigo Agora é Outro, de José Padilha. Claro que em Portugal não há a violência endêmica e fácil do Brasil, que cada país é corrupto à medida das respectivas proporções e que a massa crítica de ambos é abissalmente diferente. Além disso, o cinema brasileiro tem o dinheiro da Petrobras, enquanto cá, da Galp não pinga nada.
Mas apesar destas diferenças e distâncias, a organização das mafias, a promiscuidade entre a classe política e os grupos de interesse e as características dos esquemas são muito parecidas nos dois países.
Só que enquanto o cinema português passa ao lado da atualidade e dos seus efeitos no quotidiano, o cinema brasileiro mergulha nela de cabeça. Em Tropa de Elite 2, o agora coronel Nascimento (ótimo e cada vez mais taciturno Wagner Moura) já não tem as funções de operacional do BOPE que acabou com o tráfico de droga nas favelas, e trocou a farda pelo fato e gravata exigidos a quem trabalha na Secretaria de Segurança Pública do Rio de Janeiro.
Aí, ele constata que o "sistema" é pior do que a hidra da mitologia: quando se lhe corta uma cabeça, nascem logo mais duas ou três. Os corruptos da Polícia Militar tomaram o lugar dos traficantes nos morros, adotaram o discurso de fachada da "proteção da comunidade" e juntaram-se ao políticos vendidos, oferecendo votos em troca de favores e de impunidade.
Armado de um realismo impenitente, uma dureza narrativa e uma capacidade de denúncia que não excluem o (ácido) sentido de humor, aliadas a uma câmara que fez a recruta no BOPE, José Padilha assina uma Parte 2 tão boa como o filme original, e mostra como o "sistema" é precisamente aquilo que Nascimento lhe chama.
Eurico de Barros, Diário de Notícias
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