Portugal vive um momento muito
difícil e doloroso, com grave sofrimento para o povo. Um dos traços mais
elevados do carácter da nossa gente é a ausência de rancor e recriminação.
Apesar de tantas e graves dificuldades não se anda a tentar procurar responsáveis
ou castigar culpados. Somos um povo cordato e plácido.
Este não é um elemento
fortuito, tendo-se verificado repetidamente no passado. Os Governos
recém-empossados não costumam ser vingativos, e predomina uma paz podre, onde a
culpa morre sempre solteira. Há décadas que são ínfimos os casos de
responsáveis políticos ou administrativos julgados por incúria, erro ou crime,
e tal não se deve à qualidade média da nossa gestão.
Isto tem vantagens e
inconvenientes. Compreende-se o incómodo de muitos perante a injustiça da
benevolência. A impunidade após anos de gestão danosa e talvez até dolosa passa
pacificamente. A principal vítima é obviamente a justiça, que nunca chega a ser
aplicada. Mas também se evitam averiguações, zangas e aproveitamentos a que estes
processos sempre dão azo. A prioridade agora é salvar o país, não supliciar
réus.
Assim pessoas evidentemente
responsáveis por erros enormes, e até abusos e crimes, que precipitaram o país
numa das maiores crises da sua história, saem calmamente das suas funções para
um retiro temporário, alguns em cargos internacionais, onde preparam o regresso
como heróis, logo que o povo esqueça. Nestes dias de crise, um único político é
censurado pela dívida nacional, Alberto João Jardim. E ninguém conta que venha a
ser castigado.
Título e Texto: João César das Neves, Destak, 05-10-2011
Edição: JP
Edição: JP
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José Sócrates, ex-PM de Portugal e Alberto João Jardim, Presidente do Governo Regional da Madeira. Fotos: AD. Colagem: JP |
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