Lusa/Público
Rui Rio manifestou-se hoje contra as greves em
Portugal quando "do que o país precisa é de mais trabalho", mas
considerou que elas ocorrem devido à "revolta muito grande das pessoas”
contra a falta de equilíbrio na distribuição dos sacrifícios.
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Rui Rio, presidente da Câmara
do Porto, 29-11-2010. Foto: J. C. Santos
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“Quando um governo não pode
dar boas notícias ao país por força duma situação muito difícil que herdou e da
qual não tem culpas, tem de fazer um esforço adicional para ser correcto e
justo, para que as pessoas possam ficar tristes mas não revoltadas”, frisou o
autarca do Porto.
Para Rio, as pessoas ficarem
“tristes e angustiadas, é difícil evitar. Mas vai uma revolta muito grande nas
pessoas precisamente por não haver esse equilíbrio”.
“Percebi essa revolta quando
vi na televisão pessoas a defender a actual situação [de corte nos dois
subsídios aos funcionários públicos e pensionistas] em que transparecia
nitidamente que essas pessoas, ganhando 10, 15 ou 20 mil euros mês, diziam que
assim é que está bem”, disse.
O presidente da Câmara do
Porto considera que nesse momento “os pensionistas ou funcionários públicos
perguntaram: ‘qual a autoridade moral deste, que ganha muito mais do que eu,
para dizer que eu tenho de pagar quando ele não tem?' Isso revoltou ainda mais
as pessoas”.
“Todas essas afirmações,
muitas delas contra o Presidente da República, acabaram por provocar a revolta
das pessoas. Vi um advogado, quiçá o mais bem pago do país, a dizer que o PR
era um treinador de bancada que devia estar calado, que a situação do país é
difícil. Claro que é difícil, nem se pode questionar que os sacrifícios têm de
ser feitos. Isso é uma coisa, outra é só pagarem alguns”, sublinhou.
Considerando que “aquilo de
que o país precisa é de mais trabalho, de mais gente a trabalhar mais e melhor,
não é de mais greves”, Rui Rio alertou que “para que os órgãos de soberania
possam explicar isso aos portugueses e pedir-lhes para não fazer greve, que vem
em desperdício de todos, é preciso que essas pessoas não estejam revoltadas e
tenham capacidade emocional de entender esta racionalidade”.
“Ora, se eu tratar as pessoas
de forma desigual, a emoção, a revolta dessas pessoas é de tal ordem que não
estão capazes de ouvir um apelo sensato. Para que eu possa dizer isto tenho de
ser justo”, frisou.
O autarca considerou que “era
bom que a Assembleia da República, que esta semana discute o Orçamento,
conseguisse uma situação equilibrada de modo a que ficassem a fazer greve
apenas os que só a fazem por razões político-partidárias”
“A gestão do país neste
momento tem de ser muito prudente e muito justa. É quase a chave para o êxito
do país. Não pôr portugueses contra portugueses, funcionários públicos contra
privados e, como vimos, privados quase a agredir funcionários públicos em favor
do seu próprio salário. Particularmente face a situações verdadeiramente dramáticas
já não só do lado da pobreza mas também junto das pessoas que ainda são
consideradas classe média”, apelou.
“Temos futebolistas que ganham
100 mil ou mais por mês e não contribuem. E um pensionista com mil e tal euros
contribui? Isto explicado em 25 de Abril de 1974 dá-me ideia de que ninguém
entendia”, concluiu.
Título e Texto: Público,
08-11-2011
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