terça-feira, 8 de novembro de 2011

Rui Rio: Portugal precisa é de mais trabalho


Lusa/Público
Rui Rio manifestou-se hoje contra as greves em Portugal quando "do que o país precisa é de mais trabalho", mas considerou que elas ocorrem devido à "revolta muito grande das pessoas” contra a falta de equilíbrio na distribuição dos sacrifícios.
Rui Rio, presidente da Câmara do Porto, 29-11-2010. Foto: J. C. Santos
“Quando um governo não pode dar boas notícias ao país por força duma situação muito difícil que herdou e da qual não tem culpas, tem de fazer um esforço adicional para ser correcto e justo, para que as pessoas possam ficar tristes mas não revoltadas”, frisou o autarca do Porto.
Para Rio, as pessoas ficarem “tristes e angustiadas, é difícil evitar. Mas vai uma revolta muito grande nas pessoas precisamente por não haver esse equilíbrio”.
“Percebi essa revolta quando vi na televisão pessoas a defender a actual situação [de corte nos dois subsídios aos funcionários públicos e pensionistas] em que transparecia nitidamente que essas pessoas, ganhando 10, 15 ou 20 mil euros mês, diziam que assim é que está bem”, disse.
O presidente da Câmara do Porto considera que nesse momento “os pensionistas ou funcionários públicos perguntaram: ‘qual a autoridade moral deste, que ganha muito mais do que eu, para dizer que eu tenho de pagar quando ele não tem?' Isso revoltou ainda mais as pessoas”.
“Todas essas afirmações, muitas delas contra o Presidente da República, acabaram por provocar a revolta das pessoas. Vi um advogado, quiçá o mais bem pago do país, a dizer que o PR era um treinador de bancada que devia estar calado, que a situação do país é difícil. Claro que é difícil, nem se pode questionar que os sacrifícios têm de ser feitos. Isso é uma coisa, outra é só pagarem alguns”, sublinhou.
Considerando que “aquilo de que o país precisa é de mais trabalho, de mais gente a trabalhar mais e melhor, não é de mais greves”, Rui Rio alertou que “para que os órgãos de soberania possam explicar isso aos portugueses e pedir-lhes para não fazer greve, que vem em desperdício de todos, é preciso que essas pessoas não estejam revoltadas e tenham capacidade emocional de entender esta racionalidade”.
“Ora, se eu tratar as pessoas de forma desigual, a emoção, a revolta dessas pessoas é de tal ordem que não estão capazes de ouvir um apelo sensato. Para que eu possa dizer isto tenho de ser justo”, frisou.
O autarca considerou que “era bom que a Assembleia da República, que esta semana discute o Orçamento, conseguisse uma situação equilibrada de modo a que ficassem a fazer greve apenas os que só a fazem por razões político-partidárias”
“A gestão do país neste momento tem de ser muito prudente e muito justa. É quase a chave para o êxito do país. Não pôr portugueses contra portugueses, funcionários públicos contra privados e, como vimos, privados quase a agredir funcionários públicos em favor do seu próprio salário. Particularmente face a situações verdadeiramente dramáticas já não só do lado da pobreza mas também junto das pessoas que ainda são consideradas classe média”, apelou.
“Temos futebolistas que ganham 100 mil ou mais por mês e não contribuem. E um pensionista com mil e tal euros contribui? Isto explicado em 25 de Abril de 1974 dá-me ideia de que ninguém entendia”, concluiu.
Título e Texto: Público, 08-11-2011
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