Dois meses atrás a imprensa
brasileira divulgou, com muitas manchetes, a prisão do traficante Antonio
Bonfim Lopes, conhecido como Nem, ocorrida em 10 de Novembro de 2011.
Quando tentava fugir do cerco
policial à Favela da Rocinha, no Rio de Janeiro, onde era o chefe do tráfico de
drogas, o carro onde o traficante era transportado foi interceptado e os dois
homens que estavam no veículo se negaram a abrir o porta-malas do mesmo, onde
estava Nem.
De acordo com as declarações
dos policiais, os dois se apresentaram como um funcionário da embaixada do
Congo e um advogado e que, diante na negativa em abrir o parta-malas, teriam
decidido escoltá-los até uma delegacia.
Durante o trajeto, porém, os
ocupantes do carro pararam na região da Lagoa e propuseram pagar entre R$ 20 e
30 mil reais para que os policiais os deixassem ir embora. Com a recusa, a
proposta chegou a R$ 1 milhão de reais.
A Polícia Federal foi chamada,
o porta-malas aberto, o traficante detido e com o apoio da Coordenadoria dos
Recursos Especiais (Core) na ação, levado em comboio para a sede da Polícia
Federal na Zona Portuária do Rio, com toda a imprensa acompanhando.
Tamanho aparato policial, a
enorme divulgação e a posterior entrevista coletiva dada pelo secretário
estadual de Segurança Pública do Rio de Janeiro, José Mariano Beltrame,
determinava a importância da prisão.
Declarações de que a espinha
dorsal do tráfico havia sido quebrada, que o maior traficante do Rio estava
preso e a importância de sua prisão para se chegar outras centenas de nomes
envolvidas com o tráfico foram dadas para todos os veículos de comunicação.
Após sua prisão e também de
sua mulher, Danúbia de Souza Rangel, ocorrida quinze dias depois, soube-se que
o traficante movimentava R$ 100 milhões por mês e que metade desse movimento
era destinado à corrupção policial.
Mesmo para o chefe do tráfico,
é muito dinheiro para crermos que não existem pessoas muito mais poderosas por
detrás dele, um homem com baixíssima instrução e que mesmo movimentando todo
esse dinheiro, continuava vivendo na favela e usufruindo muito pouco desse
volume de dinheiro, o que não condiz com o comportamento humano natural de
melhorar seu padrão de vida a cada elevação nos ganhos.
Pessoas muito mais poderosas e
influentes é que são os verdadeiros chefões, que dominam o mercado da droga no
Rio de Janeiro e outros em outras partes do país, mas que não aparecem. Colocam
os “Nem” como sendo os chefes parta que estes façam o serviço sujo por eles
enquanto isso lhes interessar. Quando contrariados, esses chefões simplesmente
“eliminam” o chefe, substituindo-o por outro que siga suas regras.
Em uma roda de amigos no fim
do ano, um médico, analisando o poder e a influência das pessoas envolvidas
tanto no tráfico como no consumo, lembrou de como um assunto dessa magnitude já
estava totalmente abafado menos de dois meses depois, sem mais nenhum tipo de
comentário por qualquer veículo de comunicação da imprensa brasileira.
Nem as declarações dadas pelo
Secretário de Segurança Pública, de que agora saberiam mais sobre o tráfico,
tiveram continuidade na imprensa. O que Nem disse? O que foi descoberto? Porque
o silêncio? A podridão é tão grande que a população brasileira não pode saber?
Onde está a democracia e a liberdade de imprensa? Ou ela também foi corrompida?
O silêncio sobre o assunto “traficante Nem” é uma prova inconteste, de
que a podridão em nosso país atingiu níveis inconfessáveis.
Título, Imagem e Texto: João Bosco Leal, 13-01-2012
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