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Imagem: Leley Noronha |
Otacílio Guimarães
Caro Chico,
Lhe admiro muito pela sua
inteligência, sua história de vida, sua boa-fé, seu patriotismo e seu
idealismo. Mas não lhe admiro pela sua ingenuidade. A ingenuidade para mim é
aceitável nas crianças, jamais num homem da sua idade.
Li seu artigo com atenção e compreendo perfeitamente as razões que lhe impediram a
sair do Brasil, um país indecente, para viver num país decente. Estivesse eu nas
suas condições, talvez não tivesse saído. Mas... eu penso diferente.
Amor a uma pátria que nunca
teve amor por seus filhos é coisa de otário. Amor a uma pátria que sempre
explorou seus filhos e colocou a culpa nos países estrangeiros, com preferência
pelos Estados Unidos, é coisa de idiota. Tentar recuperar o irrecuperável é
coisa de sonhador irrealista. Afinal, no caso do Brasil, o que realmente é a
pátria? Será que esse valhacouto de picaretas que hoje domina o país pode ser
considerado uma pátria?
No ambiente em que
transformaram o Brasil o projeto de partido como o que você defende jamais terá
a menor chance de êxito. E isto por uma razão muito simples: a maioria do povo
brasileiro não vale o que defeca. Portanto, não há a menor razão para alguém
lutar por esse povo de merda.
Eu acho, sinceramente, que
você não anda pelas ruas, não frequenta os botequins, não vai às feiras livres,
não circula pela periferia da sua cidade, não viaja pelo interior de seu estado
e muito menos do norte e nordeste brasileiro, não vai aos estádios de futebol e
não conversa com o homem comum que compõe a maioria do povo brasileiro. Você,
pelo que me parece, viveu sempre em um ambiente completamente estanque, isolado
desse mundo que eu conheço muito bem. Sabe, amigo, fora do ambiente em que me
parece você ter vivido, o mundo lá fora que é a realidade brasileira é um
verdadeiro inferno. Como eu não gosto de demônios tipo Lulas, Malufs, Sarneys,
Collors de Mello e tantos outros que tomaram conta do inferno brasileiro eu resolvi
cair fora. Minha vida é muito preciosa, e é única, por isto eu não poderia me
dar ao desprazer de aguentar conviver num inferno como este.
É bem verdade que quando tomei a decisão eu já era um homem só. Minha mulher havia falecido e minhas filhas já estavam criadas, formadas e independentes. Assim, não foi tão difícil para mim abandonar esse barco cujo casco está cheio de buracos imorais e insuportáveis. Fosse eu um jovem, não teria saído, mas me tornado um terrorista não para matar inocentes, mas políticos ladrões que estão trabalhando celeremente para levar o povo brasileiro ao desespero.
Mas, por falar em jovens, o
que você me diz dos jovens brasileiros atuais? O que têm na cabeça além do que
os intestinos produzem? Que amor têm eles à sua pátria? Fariam algum sacrifício
por ela? É claro que não! É muito mais fácil fingir que a vida é fácil e que um
emprego público federal, sonho da maioria dos jovens brasileiros por ser muito
bem remunerado sem exigir competência, é mais fácil de conquistar. Constituem
uma massa amorfa de inúteis que sonham em viver às custas de quem trabalha e
produz. Há exceções, reconheço, muito poucas.
Não há como transformar povos
animalizados em seres humanos civilizados. Os países civilizados tentaram isto,
sem êxito. Recentemente os Estados Unidos e seus aliados tentaram transformar
os povos do Afeganistão e do Iraque em povos civilizados. Nada conseguiram além
de jogar fora bilhões de dólares. O Brasil não é diferente desses países
citados, com um agravante: enquanto os afegãos e iraquianos têm uma cultura
religiosa primitiva, selvagem e criminosa, o povo brasileiro não tem cultura
alguma, a não ser a do jeitinho vagabundo com o objetivo de levar vantagem em
tudo. Os afegãos e iraquianos matam por uma idéia, os brasileiros matam por
alguns centavos, se forem miseráveis, ou por alguns milhões, se forem ricos.
Afinal, por que não
descobriram até hoje quem mandou matar Celso Daniel?
Eu acho, sinceramente, que o
sujeito que mandou fazer isto, é o da foto abaixo, o da esquerda.
Otacílio Guimarães, 20-06-2012
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Foto: Adriana Spaca/Agência Estado |
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