“Uma mala é um objeto habitualmente retangular com
cantos arredondados, feita de materiais
como plástico, vinil ou couro, entre outros. Traz
uma alça em um dos lados, e é geralmente usada para
carregar roupas ou outros objetos durante viagens.”
No jargão popular brasileiro,
"mala" ou "mala sem alça" é o sujeito chato de
plantão. Quanto mais ele aparece, mais "mala" o é. Aquele cara
que ninguém aguenta mais.
Pois é, eu não me pareço com a
primeira definição, apesar de ter carregado as minhas, que eram duas, durante
anos, pelo mundo afora.
Como eu voava com a minha
mulher, às vezes, eram quatro as que eu tinha que carregar.
Quase, e por muito pouco, não
foi um caso de simbiose entre as malas e eu.
Felizmente o tempo passou, as
malas se foram e eu continuo íntegro, apenas com saudades do que elas, as malas,
me proporcionavam.
Quem não se lembra do que as
crianças, maridos e esposas sentiam quando abríamos as nossas malas, na volta
de uma longa viagem?
Quantos sonhos não foram
carregados naquelas malas!
O que os ‘terráqueos’ não
sabiam era que entre o pouso e a chegada em casa, nós passávamos por uma seção
de tortura chamada "alfândega ".
Tinha gente que antes de
pegá-las na esteira, sentia uma "alfandegária" e tinha que ir
correndo para o banheiro. Lembram? Era o Doi-Codi nosso, de cada
viagem!
Todos nós passamos poucas e
boas naquelas seções de tortura. Mas valeu, porque tortura por tortura eu
preferia aquela daqueles tempos áureos.
As malas se foram e, pelo que parece,
as nossas alegrias também. Afinal, eu mal havia me recuperado muscularmente e
acabaram de vez com a nossa academia portátil, pois não voltaríamos, nem
por prazer, a carregar a felicidade que elas nos traziam.
E aí, como por um milagre, me transformaram em um super-herói, um " SUPER MALA". A simbiose finalmente se concretizou!
É e daquelas sem as duas
alças, porque enquanto eu não souber o que está acontecendo no judiciário e nas
rodas do poder em que está sendo "estudada" a nossa vida, eu vou escrever
sobre eles e ser o maior "MALA" que já tiveram que aguentar.
Não gostam de
"malas" no pé deles? É o que menos gostam! Então nos digam, e urgente, quando, como, e quanto vai ser depositado
em nossa conta, o nosso dinheiro.
Provavelmente não vou apenas
ser mais um "mala escriturário " mas também atuarei
em outros setores que irão incomodar bastante. Enfim, serei um
"mala" completo e parece que já dei algumas provas disso.
Então, convido a todos
os que viveram a época das malas, para que a mim se juntem num grande
" MALEIRO", e comecemos a incomodar até que as alegrias que víamos
estampadas nos rostos dos nossos familiares quando chegávamos com elas,
retornem finalmente aos nossos lares.
Alguém já teve um
"mala" no seu pé? Pois é, lembrem-se como é chato isso!
Título e Texto: José Manuel, ex-tripulante Varig, 67
anos e grande "mala"
Prezado Amigo Zé Manuel... E não é que nós começamos assim... Com esta mala, nós iniciamos nossa trajetória na aviação, nos idos anos de "70"... Depois a mala mudou, há quem não tenha se adaptado à nova mala "delsey"... Mudou mais uma vez, tinha rodinhas, mais moderna, mas que em algumas aeronaves não cabia no "bin"... Bons tempos, nos adaptamos a todas estas mudanças, todas assimiláveis... Mas a única mudança, esta radical, a que nós não nos adaptamos e não nos adaptaremos nunca... Esta mudança, é a mudança da insensibilidade, do desprezo, do engano, do descaso, do abandono por parte de um governo, que não quer se responsabilizar pelo não cumprimento de sua missão, ao longo dos anos... Não fiscalizou nosso fundo de pensão, que um dia foi contratado por jovens aviadores, nós, "os porta malas", de então, que acreditaram, que investiram num fundo garantidor de seu futuro... E agora idosos, perdemos tudo, tiraram a nossa dignidade... Sabíamos que não mais poderíamos portar nossas "malas", por este mundo afora, por isso aderimos a este investimento, por ser garantido pelo governo (talvez fosse garantido só por aquele governo...). Nossos cabelos brancos não mais permitiriam que continuássemos a fazer isso, portar uma "mala de voo"... E agora não há mais a "mala", não há mais fundo de pensão, só ficamos nós, idosos, desrespeitados, injustiçados, tristes, dependentes da boa vontade de um que outro... E pensar que muitos de nós nem "mala"tem... Mas, para quê mala?... Se nem mais podemos viajar...
ResponderExcluirAbraços,
Joka Klein
Gostei, muito bem escrito, parabéns!...
ResponderExcluirDá pra ser mala morando em Campinas? Eu tenho vontade de estar presente nas manifestações, mas ainda trabalho faço bico cuidando de pessoas doentes), nunca consigo ir ao Rio por isso.
Abração,
Celeste