Todo ano, no aniversário da
tomada da embaixada americana em 1979, o governo islamofascista de Teerã
promove passeatas e manifestações de ódio aos EUA, que, no fundo, serve para
encobrir o ódio que nutrem ao Ocidente.
Dezenas de milhares de pessoas
se reúnem em pontos pré-determinados para queimar bandeiras dos EUA e gritar o
refrão "Morte à América", para marcar a tomada da representação
diplomática estadunidense e a captura de reféns.
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Manifestantes iranianos
queimam uma bandeira americana durante uma manifestação antiamericana em Teerã,
na segunda-feira, 4 de novembro de 2013.
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Esta celebração anual de ódio
cria um ambiente perigoso na área de maior concentração humana, pois os ânimos
beligerantes não raro causam brigas feias e até mortes entre os celebrantes.
A demonstração de hoje foi a
maior dos últimos anos, em função da dissidência entre os apoiadores do
Presidente Rouhani, que querem uma diminuição do ódio e um aumento do
entendimento, e a turba convocada pela poderosa Guarda Revolucionária, que
promove uma grande exibição de ódio, incluindo gritos de "morte à
América".
A sociedade persa de hoje está
profundamente dividida entre esses dois grupos, o pró-ódio e contra a atitude
do novo Presidente, e o que quer a negociação com os EUA e um apaziguamento do
ódio.
Os que não querem qualquer
entendimento com os EUA e com o Ocidente dizem que não vão recuar, abrindo a
perspectiva de agravamento das profundas divergências e tensões internas com o
outro grupo, as quais podem pressionar Khamenei a reconsiderar o seu apoio de
trocas inovadoras de Rouhani com os EUA.
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Meninas de escolas iranianas levantam as palmas das mãos onde se lê, em persa, "Morte à América", durante uma manifestação antiamericana em Teerã, no Irã, segunda-feira, 4 de novembro 2013 |
Os radicais, que não querem o
diálogo, apresentaram as suas assertivas que foram imediatamente conhecidas,
lançando insultos e ovos na comitiva de Rouhani após o seu regresso de Nova Iorque.
No mês passado, enormes banners apareceram em torno de Teerã
retratando os EUA como um adversário sinistro e enganoso que visa enfraquecer o
Irã. Funcionários de Teerã ordenaram que os cartazes fossem removidos, mas eles
tornaram a aparecer na manifestação de segunda-feira do lado de fora da antiga
embaixada.
Os manifestantes também
pisotearam imagens de Obama e da bandeira dos EUA. Outros carregavam bandeiras
onde inscrições conhecidas diziam "nós pisamos na América sob os nossos
pés" e "Os EUA são o Grande Satã". Uma imagem mostra Obama em um
uniforme de luta com a estrela de David usada como brincos, simbolizando
Israel.
No domingo, Khamenei parecia
repreender os linhas-duras denunciando qualquer tentativa de minar a ação dos
negociadores nucleares iranianos. As conversas com as potências mundiais estão
programadas para recomeçar quinta-feira próxima, em Genebra.
Irã pretende conseguir o
abrandamento das sanções da ONU em troca de algumas concessões de seu programa
nuclear, tal como a de permitir a supervisão irrestrita dos técnicos da AIEA da
ONU, que já prometeram que, se isso ocorrer, estariam dispostos a ajudar Teerã
a produzir eletricidade a partir dos seus reatores à base de água pesada. Mas
para isso, o Irã tem que permitir que todo o urânio que necessitam seja
armazenado em locais no mundo dentro do controle total da agência internacional
da ONU. Somente isso afastaria a preocupação do Ocidente, que é a da produção
de tório (urânio enriquecido) para a fabricação da bomba atômica.
Do lado de fora das paredes de
tijolos à vista da antiga embaixada americana – coberto com cartazes
antiamericanos – alunos de escola aparecem diante de um modelo de centrífuga
usada no enriquecimento de urânio e uma frase que dizia: "Resultado da
resistência contra sanções: 18.000 centrífugas ativas no Irã". Outra faixa
cita Khamenei: "O objetivo das sanções é fazer com que a nação iraniana
fique desesperada". O apoio que o novo presidente Rouhani recebe de
Khamenei também lhe atribui uma capacidade ainda desconhecida de tranquilizar
os linhas-duras de que ele não abandonou as suas opiniões.
Khamenei elogiou no domingo os
“estudantes militantes” iranianos que invadiram a Embaixada dos EUA em 1979.
"Trinta anos atrás, os nossos jovens chamaram a embaixada dos EUA de um
‘antro de espiões’... Isso significa que os nossos jovens na época estavam 30
anos à frente do seu tempo", disse o clérigo, em referência a uma série de
denúncias de escutas EUA sobre líderes estrangeiros, incluindo a chanceler
alemã Angela Merkel.
Mohsen Rajabi, um manifestante
linha-dura, ecoou os dizeres do Chefe Supremo dizendo que "eles
ilegalmente escutaram celulares da Primeira-Ministra alemã e da presidente
brasileira. Eles escutam seus aliados e não são fiéis a eles. Como eles podem
se comprometer com eles?", disse Rajabi. "Também não irão se
comprometer conosco. Suas alegações são mentiras, e seus truques são para
impedir o nosso progresso".
Título e Texto: Francisco Vianna, 05-11-2013
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