Povo de Hong Kong, na China,
enfrenta a repressão da ditadura socialista chinesa por democracia autêntica.
Luis Dufaur
![]() |
“Revolução dos guarda-chuvas”
não quer os “dois ou três” candidatos mais ou menos idênticos escolhidos e
aprovados pelo politiburo de Pequim e pelas artimanhas políticas do PCC.
|
Hong Kong, uma das grandes capitais financeiras do mundo, é proa de violentos enfrentamentos entre a polícia de um lado, e de estudantes e jovens de outro. O caso se arrasta há vários anos, mas adquiriu desta vez uma proporção inigualável. Está sendo chamado de “revolução dos guarda-chuvas”, porque os manifestantes se valem deles para se defenderem dos jatos d’água e dos gases lançados da polícia chinesa.
O bairro Central, centro das
instituições financeiras, assemelha-se a um campo fortificado pelos
manifestantes, informou o jornal “Libération”
de Paris. Centenas de policiais da tropa de choque tentaram desalojá-los,
utilizando escudos, cassetetes e gases. Os jovens responderam “armados” com
guarda-chuvas, máscaras caseiras, óculos de mergulho e barricadas improvisadas.
A disputa é por uma questão
vital: a cidade terá eleições e o governo de Pequim cerceou drasticamente o seu
significado. O voto será universal, mas os candidatos foram escolhidos através
de um alambicado e obscuro processo. Todos os candidatos, uns mais, outros
menos, representam a mesma coisa: a vontade do governo socialista de Pequim. Os
manifestantes se sentem ludibriados: Que democracia é essa, na qual todos os
candidatos dizem mais ou menos as mesmas coisas e obedecem no fundo a uma mesma
ideologia?! Os candidatos a cada cargo ou função não poderão ser mais de
“dois ou três” e todos devem ser aprovados pelo Partido Comunista Chinês.
A “revolução dos
guarda-chuvas” teme que Pequim acabe enviando tanques, como fez para esmagar o
movimento pela liberdade na Praça da Paz Celestial, em 1989. Ainda assim, os
jovens decidiram lançar uma “campanha de desobediência civil” antes do previsto.
O jogo é do tipo “tudo ou nada”. É mais difícil os tanques aparecerem agora,
quando ainda há um resto de liberdade, do que amanhã, quando o socialismo terá
consolidado suas posições no território e fatalmente Hong Kong entrará em
declínio, com a fuga de capitais e de mão de obra qualificada.
Como é de praxe nas ditaduras
comunistas, o regime pôs a culpa da rebelião de seus cidadãos na “ingerência
estrangeira”, leiam-se EUA e Grã-Bretanha.
![]() |
“Revolução dos guarda-chuvas”
resiste às tentativas de repressão policial
|
“Hong Kong é China” e os
assuntos do território “pertencem à soberania chinesa”, afirmou Hua Chunying,
porta-voz do Ministério de Relações Exteriores, durante uma coletiva de
imprensa. Hua se referia às reações de várias nações livres diante da repressão
violenta às manifestações democráticas de seus habitantes. O território está em
processo de reintegração à China desde 1997, com salvaguardas explícitas das
liberdades adquiridas e do sistema de capitalismo privado.
O porta-voz insistiu que o
governo chinês recusa qualquer tipo de apoio às iniciativas do movimento
democrático, qualificadas arbitrariamente por ele de “atividades ilegais”,
segundo noticiou o jornal espanhol “El Mundo”. Hua qualificou de “assembleia ilegal” os sucessivos protestos que
estão acontecendo em Hong Kong, os quais, segundo o ditatorial sistema chinês,
“debilitam a ordem social e o estado de direito”, coisas que o socialismo
chinês jamais levou ou leva a sério.
Até o presente, a polícia
havia utilizado a violência maciça e gases lacrimogêneos contra a população de
Hong Kong. Seria preciso remontar aos tempos da repressão maoísta dos anos 1960
para encontrar algo igual, escreveu o jornal “Le Figaro” de Paris.
As manifestações estão se
espalhando pelos bairros populares e aguarda-se uma passeata gigante para o 1º
de outubro, aniversário da instalação do poder comunista.
“A população está
encolerizada”, diz Jean-Pierre Cabestan, professor da Universidade Batista de
Hong Kong. “Ela se sente enganada. Nós lutaremos até o fim para impedir que
vire uma cidade chinesa como as outras”, onde não há liberdade, acrescentou.
O movimento havia organizado
um referendo não reconhecido pelo governo, contra os projetos liberticidas de
Pequim, e recolheu 700.000 votos de apoio em junho.
Surpreendida pela extensão do
protesto, Pequim mandou recolher sua tropa de choque. Mas a multidão continua
em pé de guerra.
![]() |
“Revolução dos guarda-chuvas”
diz “não” ao liberticídio socialista de Pequim
|
Para o jornal francês “Le Monde”, a lembrança de Tiananmen (abril a junho de 1989) está viva em
muitas pessoas, inclusive nos dirigentes do Partido Comunista. Naquelas
manifestações, foram trucidadas centenas de jovens, massacrados na Praça da Paz
Celestial, a maior de Pequim.
Passar os tanques por cima dos
manifestantes de Hong Kong não parece provável, diz “Le Monde”, mas há vozes no
politburo socialista chinês que pedem essa solução.
Como o Partido Comunista não
goza de simpatias dignas de nota no território de Hong Kong, ele confia em
partidos camuflados com nomes enganosos, como o DAB (em inglês: Aliança
Democrática pela Melhoria e pelo Progresso de Hong Kong).
Tsang Wai Hung, chefe da
polícia local, após os enfrentamentos que mandaram 26 jovens ao hospital,
garantiu que só fará um “uso mínimo” da força.
Por sua vez, o movimento
democrático Occupy Central condenou a conduta “unilateral” das
autoridades e exigiu que a polícia pedisse desculpas. A violenta repressão está
suscitando muitas simpatias na opinião pública chinesa e internacional.
Título e Texto: Luis Dufaur, "Pesadelo chinês", 30-9-2014
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Não publicamos comentários de anônimos/desconhecidos.
Por favor, se optar por "Anônimo", escreva o seu nome no final do comentário.
Não use CAIXA ALTA, (Não grite!), isto é, não escreva tudo em maiúsculas, escreva normalmente. Obrigado pela sua participação!
Volte sempre!
Abraços./-