Valdemar Habitzreuter
É altamente louvável a pessoa
que segue uma doutrina religiosa para edificar-se ética e moralmente e conviver
com o próximo em paz e harmonia. A força que a impele a fazer isto está calcada
na ideia de um Ser Supremo – DEUS – de infinito amor atraindo o ser humano a
ser bom e disseminar o bem entre os homens.
Praticar uma religião,
portanto, tem como objetivo praticar o amor. O perigo está quando adeptos de
alguma religião desvirtuam a ideia de um Deus de amor e alimentam a ideia de
violência e ódio, disseminando desgraças no seio da humanidade.
Alá, o Deus dos muçulmanos, é
a ideia de um Deus de amor e não de ódio, mas muitos de seus adeptos confundem
amor com ódio... Na Idade Média verificou-se isto também no cristianismo.
Os que se julgam possuidores
de uma única religião verdadeira e não toleram outras é sinal de que não
praticam sua própria suposta religião verdadeira.
Assim, ter a ideia de um Ser
Supremo não é passaporte para se erigir doutrinas de amor e paz perpétua. Os
fundadores das religiões, altamente intuitivos e voltados para o bem,
fundamentaram suas doutrinas na ideia da existência de um Ser Supremo que é
todo amor – Deus.
Mas, ter uma ideia significa
isto que existe concretamente o ideado? Esse Deus de amor existe ou apenas é
uma ideia que alimentamos nas nossas mentes?
O que se verifica é que a
fragilidade das religiões reside no conceito abstrato de Deus. Este conceito dá
margem a distorções, pois é um conceito vazio sem fundamentação empírica e sensível,
daí as diversas práticas religiosas tentando colocar conteúdo neste conceito
abstrato.
A ideia de um Deus de amor só é propícia
quando tem a força de congregar a todos num objetivo comum: a paz entre os
homens. Mas quando esta força não é capaz de produzir a paz, a ideia desse Deus
passa a ser concebida como uma força reacionária – a ideia de um Deus irado e
intolerante. Os adeptos dessa ideia justificam seus atos de violência com base
nessa concepção.
As diferentes idiossincrasias
religiosas são muitas vezes, causa de violência, acusando-se mutuamente por
falsas orientações para o alcance da paz e, ao mesmo tempo, proclamando-se de
posse do verdadeiro caminho a trilhar. E isto proporciona a intolerância
religiosa descambando em atos terroristas aos quais assistimos nesta semana na
França. Eis o perigo da religião.
Título e Texto: Valdemar Habitzreuter, 8-1-2015
Como sempre Waldemar você redige muito bem, e encontra ainda fatos na história para conceituar as religiões que chama umas as outras de seitas.
ResponderExcluirO conceito abstrato do UNO é que denuncia as más práticas desse ou daquele sacerdócio, ou pastorado ou bispado, pouco importa.
A PAZ é empírica, seu símbolo é um dos mais nefastos animais da natureza, capaz de transmitir mais de 83 doenças.
Eu imagino os primórdios dos humanos, quando o mais forte era líder.
Depois um mais fraco valeu-se das gangues para usurpar o poder.
Depois o homem fez exércitos para ampliar seus domínios.
Porém nesses entremeios, alguém mais fraco ainda com o dom da palavra e de suposta magia, começa a dominar soberanos, e povos e mais povos.
Temiam-se muito mais os pajés que os caciques.
A eles foi determinado o contar estórias das origens humanas.
A religião virou desculpa para grandes conquistas.
Encerro, escrevendo pouco porque não quero fazer apologias contra os religiosos.
Ele que leiam Epicuro, Sócrates e Platão, e que chamem Nietzsche de ignorante.
Bravo texto