Luís Naves
As sondagens indicam uma
provável vitória da extrema-esquerda nas eleições gregas, o que muitos
consideram ser um evento capaz de produzir mudanças drásticas na Europa. Mas
basta ver durante dez minutos as televisões mais influentes (BBC ou CNN) ou ler
os jornais estrangeiros para compreender que nada de importante vai mudar.
Atenas terá de aceitar a estratégia das grandes potências, ou seja, o princípio
de que sem reformas não há dinheiro.
Os membros da União Europeia
vão continuar a controlar as contas públicas e a reduzir as dívidas. A dose de
austeridade foi excessiva na Grécia? Claro. Isso é reconhecido por todos os
intervenientes, mas os europeus acham que estão a fazer a sua parte, pagaram os
resgates e há outras ajudas disponíveis, nomeadamente o estímulo monetário do
BCE ou os fundos europeus.
A Grécia endividou-se de forma
irresponsável, não se financia sozinha e terá de aceitar as condições ou sair
do euro, caminho que representa uma calamidade bem maior do que os actuais
sacrifícios. É assim que a Europa do norte vê a questão e não compreendo o
argumento de que, no caso das exigências gregas serem rejeitadas, está em causa
a democracia.
Seria viável sobrepor a
vontade dos gregos à da opinião pública dos países credores? Afinal, o governo
alemão responde perante os seus eleitores e enfrenta os seus próprios desafios
populistas.
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