O Antagonista
Ontem foi um dia desastrado
para Dilma Rousseff. Um dia que provavelmente ficará marcado para sempre. Os
jornais costumam empilhar os fatos um sobre o outro e acabam confundindo tudo.
Nosso conselho, portanto, é o seguinte: acorde direito, tire as remelas dos
olhos, prepare um café e tente fazer um resumo mental dos acontecimentos.
Em primeiro lugar, o Estadão
noticiou que José Dirceu estava formando uma nova corrente dentro do PT. Seus
homens na Petrobras, em particular José Sérgio Gabrielli e Renato Duque,
estavam sendo imolados pelo governo e, segundo o Estadão, José Dirceu exigia
que Dilma Rousseff os protegesse.
À noite, o Jornal Nacional
esclareceu a questão. É o próprio José Dirceu que está na mira da Lava Jato,
com R$ 3,7 milhões pagos pelas empreiteiras à sua empresa de consultoria para
fazer - e ninguém tem a menor dúvida a esse respeito - tráfico de influência.
Isso explica os ataques
recentes de José Dirceu e José Sérgio Gabrielli a Dilma Rousseff. Explica
também os ataques de Marta Suplicy. Lula tem medo de José Dirceu. Sabe que ele
pode arruiná-lo definitivamente. Por esse motivo, mandou Marta Suplicy atacar o
governo: para aplacar José Dirceu.
Em segundo lugar, os advogados
da Engevix jogaram uma bomba sobre Dilma Rousseff. Como mostrou O Antagonista,
há várias semanas as empreiteiras vinham usando a imprensa amiga para enviar
recados ao governo. A mensagem era sempre a mesma: ou o governo as salvava, ou
elas iriam explodir o governo. Ontem, na defesa apresentada pela Engevix, elas
resolveram explodir o governo, especialmente em dois trechos: "O apoio no
Congresso Nacional passou a depender da distribuição de recursos a
parlamentares" e "A Petrobras foi escolhida para geração dos
montantes necessários à compra da base aliada".
Ainda não sabemos se as outras
empreiteiras vão seguir a linha da Engevix. Talvez elas aguardem alguns dias.
Mas a estratégia de poupar o governo fracassou e a única alternativa que resta
aos corruptores é demonstrar que eles foram achacados pelo poder político.
Em terceiro lugar, enquanto
Dilma Rousseff assistia à posse de Evo Morales, completamente isolada há mais
de um mês, sem coragem para assumir o pacote econômico recessivo apresentado
nos últimos dias, Luiz Carlos Trabuco, presidente do Bradesco e principal
fiador do ministro da Fazenda Joaquim Levy, ditava a linha a ser seguida,
demonstrando na prática que a presidente já não apita mais nada.
Um mau dia para Dilma Rousseff
é um bom dia para todos nós. Agora termine o café e vá trabalhar.
Vai, Dirceu, propõe uma
delação premiada, entrega o Lula e leva a Dilma de troco
O Antagonista
Dirceu, de inimigos fiéis para
fiel inimigo: o Lula te abandonou no mensalão, deixou você segurando a tocha,
não foi visitar você na prisão, não deu um telefonema, não atende as suas
ligações, pôs o Paulo Okamoto para vigiar os seus movimentos -- e, agora, nesse
rolo do Petrolão, vai fingir outra vez que não tem nada a ver com a história,
vai deixar outra vez você apanhar sozinho.
Está esperando o quê? Você
acha mesmo que voltará a fazer política? Você corre o risco de ir novamente
para a prisão, cara. O país te odeia.
Vai, Dirceu, dá um basta,
propõe uma delação premiada, entrega o Lula e leva a Dilma de troco.
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