Cesar Maia
1. O processo de impeachment de Dilma concluiu-se após quase um ano.
Um ano de estrangulamento político da economia brasileira. Um ano de
afundamento ainda maior da imagem dos políticos. E um ano de sofrimento e
depressão da presidente Dilma Rousseff.
2. Os graves equívocos dos governos do PT, agravados com Dilma,
geraram a maior crise brasileira de todos os tempos, política, econômica,
social e moral. A imagem externa do Brasil desintegrou.
3. Quando as crises dos países se tornam multilaterais, ao mesmo
tempo se torna sustentável e se aprofunda. O tempo e o custo de recuperação se
ampliam muito e ampliam o custo social e suas sequelas.
4. Os regimes políticos devem incorporar flexibilidade
institucional de forma a que minimizem o tempo e a profundidade da crise e
assim minimizem o custo social da mesma. O presidencialismo é um sistema
rígido. Mas os Estados Unidos souberam construir, em sua cultura política,
momentos limites.
5. Um exemplo desses foi o caso Nixon. Uma crise onde o gabinete
presidencial grampeou o partido adversário. O processo foi levado até o ponto
em que seu prolongamento - possível - não teria volta e seria pago pelo país.
Nesse momento, o presidente renunciou.
6. O processo de impeachment de Dilma se alargou desnecessariamente
levando o país junto. Tentaram comprar votos através de nomeações em todos os
níveis. Realizaram todos os recursos possíveis no judiciário. Retardaram o
quanto puderam, mesmo quando além das responsabilidades políticas, econômicas,
sociais e morais, ficaram transparentes os chamados crimes de responsabilidade.
7. E então iniciou-se um processo de resistência tríplice:
parlamentar, jurídico e político-social. Esse arrastou no tempo algo que tinha
resultado pré-conhecido. Na Câmara de Deputados e no Senado 70% dos
parlamentares tinham sua opinião formada já em março de 2016. Mas só 5 meses
depois o julgamento culminou com Dilma e sua base política usando todas as
chicanas e baixarias possíveis.
8. No parlamentarismo, uma crise semelhante que construiu uma
rejeição parlamentar de 70%, prescindiria até da questão jurídica do crime de
responsabilidade. Teria sido resolvida em março. O presidencialismo
norte-americano, em sua maturidade política, no momento em que o processo não
teria volta, teria sido resolvido por iniciativa do próprio presidente, como no
caso Nixon.
9. Na América Latina, com um presidencialismo hiper-hegemônico,
esse processo não tem fim -vide Venezuela- ou se alarga demasiadamente, impondo
um enorme custo ao país e a seu povo. Foi o que aconteceu com o impeachment de
Dilma. E o custo político atingiu o próprio PT, que sai desse processo em
frangalhos.
10. Na medida em que o amadurecimento da cultura política no Brasil
tem um prazo indefinido, talvez o processo Dilma tenha ensinado de forma
suficiente e aberto as portas para o Parlamentarismo.
Título e Texto: Cesar Maia, 2-9-2016
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