terça-feira, 4 de outubro de 2016

Quem não deve, ainda assim teme

Carlos Guimarães Pinto
Não nutro grande simpatia por Cavaco Silva. O melhor que posso dizer sobre ele é que sempre que concorreu a eleições, a alternativa era pior. No último suspiro de Bárbara Reis como directora, o Público resolveu revelar que Cavaco deveria ter pago mais IMI durante 15 anos. O valor patrimonial da sua casa esteve subavaliado durante anos, algo que, como sabemos, é raríssimo acontecer em Portugal.

Mas a notícia é principalmente interessante pelo contexto. Nas últimas semanas tem-se discutido bastante o IMI e a forma como o governo PS-BE-PCP quer aumentar as receitas de impostos sobre património imobiliário. É evidente para todos que o governo, especialmente a sua componente BE, tem perdido esse debate na opinião pública. A notícia de um antigo líder do PSD ter tido o seu património subavaliado não poderia ter vindo, certamente por coincidência, em melhor altura. Depois há outro aspecto interressante: os pagamentos de IMI só são conhecidos por quem os paga e pela administração fiscal. Fica assim por saber se foi Cavaco ou a administração fiscal a passar a notícia ao Público. Provavelmente foi Cavaco que teve um lapso e contou tudo ao Público, porque a alternativa (que alguém na administração fiscal quis fazer um favor ao governo, revelando informação confidencial) é demasiado má para ser verdade.

Percebem agora a importância de manter a administração fiscal fora das contas bancárias?
Título e Texto: Carlos Guimarães Pinto, O Insurgente, 2-10-2016

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