Carlos Guimarães Pinto
Não nutro grande simpatia por
Cavaco Silva. O melhor que posso dizer sobre ele é que sempre que concorreu a
eleições, a alternativa era pior. No último suspiro de Bárbara Reis como
directora, o Público resolveu revelar que Cavaco deveria ter pago mais IMI
durante 15 anos. O valor patrimonial da sua casa esteve subavaliado durante
anos, algo que, como sabemos, é raríssimo acontecer em Portugal.
Mas a notícia é principalmente
interessante pelo contexto. Nas últimas semanas tem-se discutido bastante o IMI
e a forma como o governo PS-BE-PCP quer aumentar as receitas de impostos sobre
património imobiliário. É evidente para todos que o governo, especialmente a
sua componente BE, tem perdido esse debate na opinião pública. A notícia de um
antigo líder do PSD ter tido o seu património subavaliado não poderia ter
vindo, certamente por coincidência, em melhor altura. Depois há outro aspecto
interressante: os pagamentos de IMI só são conhecidos por quem os paga e pela
administração fiscal. Fica assim por saber se foi Cavaco ou a administração
fiscal a passar a notícia ao Público. Provavelmente foi Cavaco que teve um
lapso e contou tudo ao Público, porque a alternativa (que alguém na
administração fiscal quis fazer um favor ao governo, revelando informação
confidencial) é demasiado má para ser verdade.
Percebem agora a importância
de manter a administração fiscal fora das contas bancárias?
Título e Texto: Carlos Guimarães Pinto, O Insurgente, 2-10-2016
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