terça-feira, 11 de outubro de 2016

Ventos de mudança

“A política é quase tão excitante como a guerra e não menos perigosa. Na guerra a pessoa só pode ser morta uma vez, mas na política diversas vezes.” (Winston Churchill)

Pedro Henrique Mancini de Azevedo

As primeiras eleições pós-impeachment de Dilma Rousseff mostraram vários pontos positivos que não podemos deixar de aproveitar. Estamos diante de uma janela de oportunidades incrível e devemos manter acesa essa chama. Nessas eleições, ficou claro que os maiores derrotados das urnas foram o PT e suas linhas auxiliares – PSOL, PC do B e Rede. É evidente que não podemos dizer que esquerda em geral perdeu, pois seria uma batalha injusta, já que 90% dos partidos são de esquerda. Mas mesmo assim, a derrota da esquerda retrógrada e radical já é um ótimo começo. E não foi só isso.

Algo que ficou muito notório nessas eleições foi a rejeição da população a classe política. Mais de 25 milhões de eleitores deixaram de comparecer no primeiro turno das eleições para votar - um aumento de 6 milhões de pessoas se compararmos com as eleições de 2008, quando o país ainda não estava afundado em uma crise econômica. É claro que o fato do eleitor rejeitar o político profissional abre um precedente perigoso para que aventureiros com soluções mágicas apareçam. Mas prefiro olhar para a parte cheia do copo. Se por um lado temos o risco de ter a ascensão de mais populistas no quadro político, também temos a possibilidade de termos pessoas decentes e capacitadas que possam trazer uma gestão mais moderna, eficiente e responsável. Felizmente, na principal capital do país isso aconteceu. Me refiro é claro, ao prefeito eleito no primeiro turno, João Doria.

O empresário João Doria começou sua campanha apagado, com o PSDB tendo forte resistência a seu nome. Muito disso era devido ao fato de Doria não comungar de muitas das ideias dos tucanos. Mas quando ele começou a crescer nas pesquisas, graças a suas posições firmes sobre diversos assuntos, o PSDB aproveitou para surfar na onda. Muitos falam que Doria só cresceu devido ao apoio dado por Geraldo Alckmin a sua candidatura, e que por isso, o grande vencedor desta eleição seria o atual governador de São Paulo. Discordo veementemente. Na minha visão, o grande vencedor dessa eleição é o próprio Doria.

O grande trunfo do futuro prefeito de São Paulo foi de ter se vendido como um gestor e não como um político. As pessoas compraram essa ideia. Diferentemente dos seus adversários, Doria não prometia soluções mágicas que seriam providas pelo Estado para resolver problemas que ele mesmo criou. Comprometeu-se a entregar resultados e não sonhos, demonstrando que as promessas dos seus adversários eram impagáveis. E mais importante de tudo, não fugiu de temas sensíveis como os tucanos costumeiramente fazem. Prometeu privatizações e ressaltou que não tem medo de falar essa palavra, uma vez que ele sabe que isso será o melhor para a população de São Paulo. Até quando perguntado sobre a Escola Sem Partido, Doria não ficou em cima do muro e se posicionou a favor do projeto. O motivo por ter um comportamento diferente de suas principais lideranças de partido é um só: Doria não tem rabo preso, como a maioria dos tucanos tem. E isso é bem esperançoso.

Há pouco tempo atrás, após as eleições presidenciais na Argentina, fiz uma provocação perguntando quem seria o nosso Mauricio Macri. Na época, destaquei que precisaríamos de uma pessoa que já fosse bem resolvida na vida, que tivesse experiência nos negócios, e que fosse de fora do meio político. Neste ínterim, destaquei que via em João Amoedo - presidente do recém-criado partido Novo - esta pessoa. Mas como o partido em questão tem pouca visibilidade ainda, seria necessário que alguém com este perfil se encaixasse em um partido já consolidado. Foi aí que João Doria aconteceu.

Doria tem exatamente o perfil que precisamos atualmente – um outsider da política que acredita no mercado e em um Estado enxuto. E dos grandes partidos existentes, se tem algum que poderia fazê-lo levar a principal prefeitura do país é o PSDB. Entendo que até nisso ele foi pragmático. Doria poderia ter sido mais sonhador e ter se filiado, por exemplo, ao próprio partido Novo – que é muito mais aderente ao seu perfil. Preferiu, porém, utilizar da máquina do PSDB para se promover, e acho que o partido percebeu isso inicialmente. Mas quando Doria começou a crescer nas pesquisas, o que mais o PSDB poderia fazer? Desistir de voltar ao governo?

Agora, João Doria tem a possibilidade de traçar o mesmo caminho do seu hermano. Assim como ele, Mauricio Macri foi prefeito de Buenos Aires antes de se tornar presidente. É cedo, mas sim, estou vislumbrando o recém-eleito prefeito de São Paulo como presidente do Brasil em 2022. Não importa se será pelo PSDB, pois nessa orgia ideológica que vivemos no país o que importa são as ideias e não o partido. Caberá somente a ele tornar isso uma realidade. Caso faça tudo que está comprometido a fazer, sua aceitação será imediata. O povo já demonstrou isso. E de nada irá adiantar que caciques tucanos como Alckmin, Serra e Aecio tentem frear seu crescimento.

É confortante saber que São Paulo esteja trilhando um bom caminho. O mesmo, porém, não pode se dizer do Rio de Janeiro. Tão absurdo quanto ter Marcelo Crivella como possível prefeito, é ter uma aceitação tão grande a partidos da esquerda radical, como PSOL, PC do B e Rede. Os cariocas conseguiram a proeza de destinar cerca de 600.000 votos para Marcelo Freixo, Jandira Feghalli e Alessandro Molon juntos. É uma piada! Não é a toa que Rio está um caos. E o pior disso tudo, é que os que votam nessa turminha não é o povão. Prova disso é que Marcelo Freixo ganhou de lavada nos bairros mais nobres do Rio, em especial na zona sul. Na Gávea e no Leblon, por exemplo, foram 7.252 votos de Freixo contra apenas 2.442 de Crivella. Isso só confirma que o socialismo jamais foi e nunca será um movimento do proletariado, mas sim da elite. Não é a toa que eles abusam da tática leninista que acusar seus inimigos daquilo que você é – golpistas da elite.

Mas como falei anteriormente, gosto de ver o lado positivo em tudo. Remando na contramão dos socialistas de quermesse da zona sul carioca, tivemos a feliz notícia de termos um autêntico liberal eleito como vereador no Rio. Foi o caso de Leandro Lyra, do partido Novo. Além dele, outros três vereadores do mesmo partido foram eleitos em diferentes capitais – Mateus Simões em Belo Horizonte; Janaina Lima em São Paulo; e Felipe Camozzato em Porto Alegre. Impossível também não mencionar a candidatura de Fernando Holiday, integrante do MBL (Movimento Brasil Livre), pelo DEM em São Paulo. Assim como Doria, Fernando Holiday decidiu se filiar a um grande partido e conseguiu obter êxito, mesmo após o PSOL ter tentado impedir sua candidatura.

É com essas boas notícias que vejo ventos de mudança. Ainda é pouco, mas já é um bom começo. Estamos tendo constantes provas de que é possível mudar os rumos do nosso país quando realmente corremos atrás do que queremos. Derrubamos o governo golpista do PT e seu projeto de poder. Estamos cada vez mais quebrando o monopólio das ruas e da política que a esquerda e populistas como Garotinho, Celso Russomano, e tantos outros semelhantes exerceram por anos. A política desgasta, mas não podemos nos abster, pois isso é tudo que a classe política quer. Que nos mantenhamos firmes para mostrar que o poder emana do povo, e não de uma minoria gritante como tem acontecido nos últimos anos. A batalha só está começando.
Título e Texto: Pedro Henrique Mancini de Azevedo, 9-10-2016

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