Cristina Miranda
Montaram uma “carripana” com
motor velho, que só andava de empurrão, a que lhe chamaram Geringonça.
Garantiram a Cavaco Silva que seria capaz de governar Portugal com
responsabilidade e estabilidade. Diziam que ela – “a carripana” – estava bem de
saúde e que se recomendava, mesmo a tossir como um velho quase a cuspir os
bofes. Entretanto a vida sorriu porque claro, enquanto há dinheiro para
esbanjar, é só “paixão”… O problema é
quando o limite do cartão de crédito explode e… numa casa onde “não há pão”… e
já não se pode só anunciar coisas boas… desentendem-se.
Enquanto esteve do alto do seu
pedestal, firme e seguro, Costa dizia que não precisava do PSD para nada. E
deu-lhe férias prolongadas: não quis fazer uma coligação social democrata;
nunca o consultou; “chumbou” na praça pública as suas propostas antes de
chegarem ao Parlamento; nem o levou a concertação social da TSU. Desprezou-o
até ao limite, com espaço para muitas faltas de respeito pelo parceiro da
oposição. Mandou-o caçar Pokémons… literalmente. Mas agora que as “esganiçadas” já não querem
“conversa”, desolado, quer dar uma “facadinha no matrimónio” com o Pedro?
Se Passos não fosse um bom
líder (porque o é, e de que maneira!), seria o “amante” ocasional perfeito do
PS, que às escondidas aceitaria uma “noite” a troco de uma aprovação, só para
manter as aparências de falsa estabilidade. Mas Pedro, tem princípios. Tem
honra. Tem carisma. Tem um “casamento” fiel aos que o elegeram. E isso, para os
politiqueiros, é um problema sério…
É que grandes líderes não
abanam nem caem com mesquinhices. A Passos, pouco lhe importa ouvir Ana
Catarina Mendes questionar o seu lado na TSU. Pouco lhe importa a fúria do
Presidente. Pouco lhe importa que
Marques Mendes o acuse de incoerência. Ele sabe, oh! se sabe, que o incoerente
está do outro lado, aquele que em tempos na oposição, se contorcia contra a
descida da TSU e agora, para se manter um poucochinho mais no poder, está
desesperado para que ceda. Que agora treme porque, seguindo seu precioso
conselho, Passos saiu finalmente do armário e está politicamente a fazer
oposição.
Por outro lado, para que serve
uma maioria parlamentar se não é para usar? Porque BE e PCP não se opuseram à
medida em 2016? Para fazer “política do chiclete” que mastiga tudo para depois
deitar fora?
Todos os apoios às empresas
merecem o meu aplauso. Mas esta proposta só incide sobre o salário mínimo. Logo
é um forte estímulo a este. O que é erradíssimo. Por outro lado, a medida em
2014 era um incentivo provisório ao emprego suportada a 100% pelo subsetor
Estado, ou seja, impostos, enquanto esta medida de 2017, de carácter
definitivo, vai buscar 50% do seu financiamento à Segurança Social, ou seja, a
pensionistas. Nada comparável.
Ademais, PSD foi excluído das
negociações na concertação social. Ponto. Não teve direito a se
pronunciar. Por isso tem toda
legitimidade de se pôr de fora desta medida sucateira. Porque percebeu que isto
foi jogatana política do Costa que já sabia que iria colocar Passos a puxar a
geringonça sempre que ela emperrasse.
A “carripana” gripou? Que
chame as “esganiçadas” ou encoste e deixe outros governar com verdadeiro
sentido de Estado e de responsabilidade. Simples.
Título e Texto: Cristina Miranda, Blasfémias,
16-1-2017
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Ai em Portugal igualzinho como no Brasil. Que coisa! Não existe nada mais fantástico na natureza do que o DNA. A diferença é que no Brasil a "carripana" gripou e as "esganiçadas" tomaram-lhe a direção antes que entrasse no inferno pela porta errada. Agora está entrando pela porta certa... hehehehehehe!!!
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