José António Rodrigues Carmo
Era o lema de um dos pasquins
do PCP e parece ter feito escola.
Hoje, em tempos de pós verdade
e de fake news, tudo serve aos
jornalistas para, em frenesins ideológicos, tentarem à força despejar sobre os
outros as suas olímpicas certezas.
Nos EUA, onde estas coisas
começam sempre, as presidenciais mostraram até que ponto pode chegar a
arrogância de todos aqueles cromos que se consideram a si mesmos uma elite
esclarecida, que sabe onde está a Verdade.
Tendo o seu cavalo perdido a
corrida, estas "elites" mediáticas ficaram em estado de choque.
Jamais lhes passou pelas esclarecidas cabecinhas, que as pessoas reais pudessem
pensar de maneira diferente. Só pode ser gente estúpida, claro, rednecks, deploráveis, white trash.
A raiva é imensa e nota-se
todos os dias nos mais diversos domínios, com uma intolerância e um ódio tais,
que nos fazem sentir que esta gente é mesmo capaz, em certas condições, de
passar os limites do seu ancestral, Robespierre ou, mais recentemente, Pol Pot
ou ainda, mais caseirinho, do CopCon e do Campo Pequeno para reaccionários.
A última série da saga foi a
divulgação de um "relatório" de malfeitorias do odiado Trump.
O relatório, da autoria de um
privado, que cita fontes anónimas, e encomendado pelo Partido Democrata, diz
que Trump talvez tenha feito sexo com umas russas, em requintes de Cinquentas
Sombras de Grey.
Sem confirmação, sem fontes,
sem nada de nada, um pasquim ligado à esquerda americana, prontamente ecoado
por aquilo que todos já chamam a Clinton News Network ( CNN) , deu à estampa o
panfleto.
Às malvas a deontologia
profissional, a ética, a seriedade.
Repare-se como é fácil fazer
isto.
Eu, que até já trabalhei em
segurança e até fui S2, recebo uns milhares de euros para produzir um relatório
sobre as perversões sexuais do doutor Marcelo.
Vou à internet, compilo aquilo
que me parece ir ao encontro dos desejos do meu cliente, e produzo um
relatório, de fontes anónimas, que sugere que o doutor Marcelo gosta de
rapazinhos, tem um fetiche por pés, dorme debaixo da cama e gosta de espiar
casas de banho.
Entrego o relatório ao
cliente, e uns dias depois o relatório é publicado num jornal amigo.
Parece rebuscado?
Pois foi isto mesmo que
aconteceu nos EUA, ainda por cima com o director do pasquim a reconhecer que
não tem confirmação nenhuma, mas a bater com a mão no peito, protestando o seu
amor ao jornalismo e à "Verdade".
Do mesmo nível que isto, só a
recente indignação do PS, do PCP e do BE, por o PSD ter decidido votar contra o
arranjo da concertação social.
Estava tudo combinado, ou
seja, BE e PCP faziam de conta que eram contra, faziam todo o folclore, e no
fim o PSD, o maior partido nacional deixava-se cavalgar pelo segundo e fazia-se
a festa.
Bem fez o PSD em recusar este
tipo de jogadas. À chico-espertice responde-se à chapada!
Título e Texto: José António Rodrigues Carmo, 14-1-2017
Título e Texto: José António Rodrigues Carmo, 14-1-2017
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