segunda-feira, 16 de janeiro de 2017

A verdade a que temos direito

José António Rodrigues Carmo

Era o lema de um dos pasquins do PCP e parece ter feito escola.
Hoje, em tempos de pós verdade e de fake news, tudo serve aos jornalistas para, em frenesins ideológicos, tentarem à força despejar sobre os outros as suas olímpicas certezas.

Nos EUA, onde estas coisas começam sempre, as presidenciais mostraram até que ponto pode chegar a arrogância de todos aqueles cromos que se consideram a si mesmos uma elite esclarecida, que sabe onde está a Verdade.

Tendo o seu cavalo perdido a corrida, estas "elites" mediáticas ficaram em estado de choque. Jamais lhes passou pelas esclarecidas cabecinhas, que as pessoas reais pudessem pensar de maneira diferente. Só pode ser gente estúpida, claro, rednecks, deploráveis, white trash.

A raiva é imensa e nota-se todos os dias nos mais diversos domínios, com uma intolerância e um ódio tais, que nos fazem sentir que esta gente é mesmo capaz, em certas condições, de passar os limites do seu ancestral, Robespierre ou, mais recentemente, Pol Pot ou ainda, mais caseirinho, do CopCon e do Campo Pequeno para reaccionários.

A última série da saga foi a divulgação de um "relatório" de malfeitorias do odiado Trump.
O relatório, da autoria de um privado, que cita fontes anónimas, e encomendado pelo Partido Democrata, diz que Trump talvez tenha feito sexo com umas russas, em requintes de Cinquentas Sombras de Grey.
Sem confirmação, sem fontes, sem nada de nada, um pasquim ligado à esquerda americana, prontamente ecoado por aquilo que todos já chamam a Clinton News Network ( CNN) , deu à estampa o panfleto.
Às malvas a deontologia profissional, a ética, a seriedade.

Repare-se como é fácil fazer isto.
Eu, que até já trabalhei em segurança e até fui S2, recebo uns milhares de euros para produzir um relatório sobre as perversões sexuais do doutor Marcelo.
Vou à internet, compilo aquilo que me parece ir ao encontro dos desejos do meu cliente, e produzo um relatório, de fontes anónimas, que sugere que o doutor Marcelo gosta de rapazinhos, tem um fetiche por pés, dorme debaixo da cama e gosta de espiar casas de banho.
Entrego o relatório ao cliente, e uns dias depois o relatório é publicado num jornal amigo.
Parece rebuscado?
Pois foi isto mesmo que aconteceu nos EUA, ainda por cima com o director do pasquim a reconhecer que não tem confirmação nenhuma, mas a bater com a mão no peito, protestando o seu amor ao jornalismo e à "Verdade".

Do mesmo nível que isto, só a recente indignação do PS, do PCP e do BE, por o PSD ter decidido votar contra o arranjo da concertação social.
Estava tudo combinado, ou seja, BE e PCP faziam de conta que eram contra, faziam todo o folclore, e no fim o PSD, o maior partido nacional deixava-se cavalgar pelo segundo e fazia-se a festa.

Bem fez o PSD em recusar este tipo de jogadas. À chico-espertice responde-se à chapada!
Título e Texto: José António Rodrigues Carmo, 14-1-2017

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