Valdemar Habitzreuter
O trabalho é um processo, uma
atividade, no qual o ser vivo se envolve para sua persistência na vida ou,
melhor dizendo, para sua subsistência. A planta se fixa no solo, mas, suas
raízes estão em constante atividade para atrair os nutrientes para vicejar. Já
os animais têm mobilidade e saem à procura de seu alimento. E os seres humanos,
estes então, com sua inteligência, têm mil e um artifícios para garantir o seu
sustento. Isso significa trabalho.
Portanto, é trabalhoso para o
ser vivo conseguir seu sustento. Tem de haver um esforço. Quando vemos urubus
planando no ar, não é um balé ou coreografia urubesca por diversão, é uma
atividade à procura de carniça; portanto, também trabalho, mesmo que isso seja
um trabalho sujo, o de aproveitar-se de algo já disponível: a carniça.
Pois bem, o termo trabalho se
aplica mais especificamente a nós, seres inteligentes, por denotar um
planejamento de como conseguir nosso provimento. Concebemos o trabalho como
indispensável para viver. E quando esse trabalho ainda tem a meta de acumular
provimento para o futuro e, com isso, possibilitar uma vida de qualidade na
velhice, tanto melhor; pois é nessa fase da vida que as forças para o trabalho
já estão aquém do nosso desejo e é justo que nos retiremos do trabalho ativo,
mas a vida ainda a queremos com muita tenacidade e saúde. Com isso contamos com
o que provisionamos.
Vejam o nosso caso, velhinhos
e velhinhas do Aerus: trabalhamos duramente por longos anos e planejamos nosso
provimento para o futuro, tal qual abelhinhas acumulando seu mel em favos na
colmeia para usufrui-lo no inverno. E agora a nossa colmeia Aerus está sendo
ameaçada de esvaziamento se a grana da DT não nos favorecer como deve ser e foi
ajuizado. Não podemos deixar que isso aconteça. Urge que façamos voz com os
alertas e estratégias das associações e colegas mais atentos, que nos
representam, para que nosso direito não seja abafado.
Com isso não queremos em
absoluto deixar de fora os ativos que também têm direito à grana da DT,
inclusive muitos contribuindo para o Aerus e já na reta final para a
aposentadoria, mas que não chegaram lá. Há de se ter uma saída para esse
contingente. Mas pela premência que envolve a classe mais vulnerável que são os
idosos do Aerus, com necessidades mais acentuadas nesta etapa da vida, com
despesas altíssimas, por exemplo, com planos de saúde e remédios, seu direito
não deve e nem pode mais ser discutido em esferas judiciais. O melhor a fazer,
como já foi aventado por muitos, é um acordo, o mais rápido possível, com o
governo para que um montante x da DT venha a nos contemplar de imediato e,
assim, tenhamos um provento vitalício, mesmo que tenhamos de abdicar do todo
integral que nos é devido. “Mais vale um pássaro na mão do que dois no ar”.
Quanto mais se delongar a
novela da DT, mais nuvens de incertezas surgirão e aproveitadores de plantão,
hábeis em manobrar tais situações com esperteza judicial e burocrática, comerão
pelas beiradas até minguar a vultosa soma de bilhões que a União deve à falida
Varig. Sabemos que onde há grana há cobiça; e urubus sempre atrás de carniça...
Título e Texto: Valdemar Habitzreuter, 6-11-2017
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ResponderExcluirA Varig ganhou uma indenização bilionária. Para onde deve ir o dinheiro?