A União Europeia colocou comunismo e
nazismo em pé de igualdade, depois de o Parlamento Europeu ter aprovado em
setembro uma resolução que condena os dois regimes ditatoriais.
No passado dia 19 de setembro,
a União Europeia colocou comunismo e nazismo em pé de igualdade, depois de
aprovar no Parlamento Europeu uma resolução condenando ambos os regimes por
terem cometido “genocídios e deportações e foram a causa da perda de vidas
humanas e liberdade em uma escala até agora nunca vista na história da
humanidade”.
A resolução Importance of European remembrance for the future of Europe contou
com 535 votos a favor, 66 contra e 52 abstenções, noticia o jornal espanhol ABC esta terça-feira. Apesar
do significado histórico, esta resolução passou despercebida pela maioria,
ainda que este seja tema de debate recorrente entre os historiadores desde a
queda da União Soviética há três décadas.
De acordo com o ABC, o
jornalista polaco Ryszard Kapuscinski chegou a essa conclusão em 1995: “Se
pudermos estabelecer a comparação, o poder destrutivo de Estaline era muito
maior. A destruição levada a cabo por Hitler não durou mais de seis anos,
enquanto o terror de Estaline começou na década de 1920 e prolongou-se até
1953.”
O debate alcançou o seu auge
em 1997, com a publicação do “Livro Negro do Comunismo” que foi escrito por um
grupo de historiadores sob a direção do investigador francês Stéphane Courtois,
que se esforçaram por fazer um balanço preciso e documentado das verdadeiras
perdas humanas do comunismo. Os resultados foram esmagadores: cem milhões de
mortos, quatro vezes mais do que o valor atribuído por esses mesmos
historiadores ao regime de Hitler: o genocídio terá feito cerca de 6 milhões de
vítimas.
Apesar de tudo, estes números
não são uma novidade. Outros investigadores, como Zbigniew Brzezinski, Robert
Conquest, Aleksandr Solzhenitsyn e Rudolph Rummel, já se tinham interessado
anteriormente pelo Gulag, a fome causada por Estaline na Ucrânia e as
deportações em massa dos dissidentes do regime soviético.
Uma das diferenças entre os
dois regimes é que o Gulag soviético foi usado para punir e eliminar
dissidentes políticos, com o objetivo de transformar as estruturas
socioeconómicas do país e promover a coletivização e a industrialização. Os
nazis, por seu lado, usavam os campos de concentração principalmente para
extermínio de vários grupos étnicos, políticos e sociais.
O regime nazi foi culpado do
genocídio de judeus, ciganos, homossexuais e comunistas.
A resolução aprovada pelo
Parlamento Europeu é bastante incisiva, nela se apelando, nomeadamente “a uma
cultura comum da memória que rejeite os crimes dos regimes fascista e
estalinista e de outros regimes totalitários e autoritários do passado como
forma de promover a resiliência contra as ameaças modernas à democracia, em
particular entre a geração mais jovem”. Também se manifesta “profundamente
preocupado com os esforços envidados pela atual liderança russa para distorcer
os factos históricos e para «branquear» os crimes cometidos pelo regime
totalitário soviético, e considera que estes esforços constituem um elemento
perigoso da guerra de informação brandida contra a Europa democrática com o
objetivo de dividir a Europa”.
Título, Imagem e Texto: Observador,
15-10-2019
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