quinta-feira, 4 de agosto de 2022

Lucros extraordinários das empresas de energia

Telmo Azevedo Fernandes

Alguém se lembrou de criar um imposto extraordinário para taxar os lucros ditos “caídos do céu” que as empresas de testes covid ganharam desde que a palermia se iniciou em março de 2020?

O primeiro-ministro não acha ser sua obrigação pedir desculpa pela arrecadação extraordinária de impostos que a inflação providencia ao Estado?

Não será o valor acumulado de impostos pornográficos já cobrados sobre os combustíveis ao longo dos últimos anos de uma magnitude superior aos lucros que as empresas de energia estão a ter agora com a subida dos preços?

Ancorados na manhosa lengalenga de ódio do bloco de esquerda e demais tontos esquerdistas à criação de riqueza, os nossos governantes veem agora mais uma oportunidade de cavalgar os sentimentos populistas mais básicos da vingançazinha invejosa sobre quem faz dinheiro no mercado. A conversa fiada dos “lucros extraordinários” é uma forma engenhosa de alimentar a narrativa mentirosa de que os lucros de uns resultam necessariamente em perdas para outros. No fundo, para estes pascácios neomarxistas qualquer lucro é mau. Mas grandes lucros, esses, são intoleráveis. Por isso é preciso caçar implacavelmente essa riqueza produzida através da criação de novos impostos em cima dos já existentes, e que representam só por si mais um contributo para o esbulho fiscal.

Se, passe a redundância, os socialistas não fossem ignorantes dos princípios básicos de economia, não se esqueceriam tão facilmente de que os preços são formados no jogo da oferta e da procura e de que a subida e descida de preços é fundamental para assegurar a continuidade do fornecimento ao mercado. Os atuais lucros das empresas de energia não se devem à ganância ou à manipulação do mercado. Resultam sim da oferta – agora reduzida pelo boicote ao gás da Rússia e pela aposta suicida num mix energético que trata os combustíveis fósseis como pecado – e resulta da procura dos consumidores que se mantém inalterada. Uma vez que os lucros decorrem das condições do mercado é inútil e estúpido atribuir-lhes qualificativos morais como “injustos”, “excessivos” ou “escandalosos”.

Expropriar as empresas de energia dos seus lucros neste contexto é desincentivar a busca de soluções alternativas para fazer face à procura existente e só ajuda à manutenção de preços altos em prejuízo sobretudo dos consumidores com menores rendimentos.

É uma intervenção artificial, absurda e contraproducente por parte do Estado nos mecanismos automáticos naturais de ajuste entre a oferta e a procura. É uma sabotagem e desvio de riqueza para aumentar a cobrança de impostos, colocando mais dinheiro no orçamento gerido por políticos e burocratas não eleitos, prejudicando o bem-estar geral dos portugueses.

A morte e os impostos são das poucas coisas que podemos tomar como certas. Em Portugal, além disso, é certinho que aquilo que é apresentado como provisório e excepcional, se torna definitivo e permanente. E no nosso país temos uma quarta certeza: o que no início é para aplicar apenas a um grupo restrito de alvos acaba por se generalizar transversalmente a todos os sectores e atividades.

Portanto, se o governo, o presidente da república ou algum político disser ao leitor deste blog que um novo imposto incidirá apenas sobre as empresas de energia que estão a ter neste momento lucros mais elevados, fique sabendo que o estão a tomar por parvo. Estarão a mentir com todos os dentes que têm. E segure bem a sua carteira porque a conta vai sobrar para si.

A minha crónica-vídeo de hoje, aqui:

Título, Texto e Vídeo: Telmo Azevedo Fernandes, Blasfémias, 3-8-2022

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