Telmo Azevedo Fernandes
Alguém se lembrou de criar um imposto
extraordinário para taxar os lucros ditos “caídos do céu” que as empresas de
testes covid ganharam desde que a palermia se iniciou em março de 2020?
O primeiro-ministro não acha
ser sua obrigação pedir desculpa pela arrecadação extraordinária de impostos
que a inflação providencia ao Estado?
Não será o valor acumulado de
impostos pornográficos já cobrados sobre os combustíveis ao longo dos últimos
anos de uma magnitude superior aos lucros que as empresas de energia estão a
ter agora com a subida dos preços?
Ancorados na manhosa
lengalenga de ódio do bloco de esquerda e demais tontos esquerdistas à criação
de riqueza, os nossos governantes veem agora mais uma oportunidade de cavalgar
os sentimentos populistas mais básicos da vingançazinha invejosa sobre quem faz
dinheiro no mercado. A conversa fiada dos “lucros extraordinários” é uma forma
engenhosa de alimentar a narrativa mentirosa de que os lucros de uns resultam
necessariamente em perdas para outros. No fundo, para estes pascácios neomarxistas
qualquer lucro é mau. Mas grandes lucros, esses, são intoleráveis. Por isso é
preciso caçar implacavelmente essa riqueza produzida através da criação de
novos impostos em cima dos já existentes, e que representam só por si mais um
contributo para o esbulho fiscal.
Se, passe a redundância, os socialistas não fossem ignorantes dos princípios básicos de economia, não se esqueceriam tão facilmente de que os preços são formados no jogo da oferta e da procura e de que a subida e descida de preços é fundamental para assegurar a continuidade do fornecimento ao mercado. Os atuais lucros das empresas de energia não se devem à ganância ou à manipulação do mercado. Resultam sim da oferta – agora reduzida pelo boicote ao gás da Rússia e pela aposta suicida num mix energético que trata os combustíveis fósseis como pecado – e resulta da procura dos consumidores que se mantém inalterada. Uma vez que os lucros decorrem das condições do mercado é inútil e estúpido atribuir-lhes qualificativos morais como “injustos”, “excessivos” ou “escandalosos”.
Expropriar as empresas de
energia dos seus lucros neste contexto é desincentivar a busca de soluções
alternativas para fazer face à procura existente e só ajuda à manutenção de
preços altos em prejuízo sobretudo dos consumidores com menores rendimentos.
É uma intervenção artificial,
absurda e contraproducente por parte do Estado nos mecanismos automáticos
naturais de ajuste entre a oferta e a procura. É uma sabotagem e desvio de
riqueza para aumentar a cobrança de impostos, colocando mais dinheiro no
orçamento gerido por políticos e burocratas não eleitos, prejudicando o
bem-estar geral dos portugueses.
A morte e os impostos são das
poucas coisas que podemos tomar como certas. Em Portugal, além disso, é
certinho que aquilo que é apresentado como provisório e excepcional, se torna
definitivo e permanente. E no nosso país temos uma quarta certeza: o que no
início é para aplicar apenas a um grupo restrito de alvos acaba por se
generalizar transversalmente a todos os sectores e atividades.
Portanto, se o governo, o
presidente da república ou algum político disser ao leitor deste blog que um
novo imposto incidirá apenas sobre as empresas de energia que estão a ter neste
momento lucros mais elevados, fique sabendo que o estão a tomar por parvo.
Estarão a mentir com todos os dentes que têm. E segure bem a sua carteira
porque a conta vai sobrar para si.
A minha crónica-vídeo de
hoje, aqui:
Título, Texto e Vídeo: Telmo
Azevedo Fernandes, Blasfémias,
3-8-2022
Guterres critica "lucros imorais" das empresas de gás e petróleo
Guterres pede aos governos que tributem os "lucros excessivos" das petrolíferas
António Guterres criticou lucros "imorais" das empresas petrolíferas
O mundo não vai acabar
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