Carina Bratt
NO PROGRAMA do Fábio Porchat, quando ele ainda estava na Record, e não fazia questão de ser um tremendo e maçante ‘porchato’ de galochas, simplesmente se travestia na pele do cômico Fábio, às vezes, quero deixar esclarecido, às vezes, repito, saía alguma coisa digna de ser vista e comentada. Por exemplo: a entrevista com a comediante Dani Calabresa [foto], quando, a certa altura, veio à baila, o assunto da ‘fantasia feminina de certas mulheres’.
Amei a fala da atriz. Elegantemente expansiva, extrovertida e
bem-humorada, como sempre, Dani respondeu com os pés nas costas: ‘aos quinze
anos, a mulher quer um gato (gato?!) de olhos verdes e bonito. Aos vinte e
cinco, um saradão bem apessoado de olhos verdes, bonito e rico. Aos quarenta (a
idade dela hoje, Dani nasceu em 12 de novembro de 1981), um cabra macho, olhos
verdes, rico e inteligente. Aos cinquenta ou mais, um homem literalmente com
cabelos’. Confesso não entendi a inclusão do ‘gato’’. Seria um jovem gato ou um
bichano mamífero e carnívoro da família dos felídeos?
Dani usou, na verdade, um dito popular antigo, tipo essas frases soltas
que, na maioria das vezes presas em páginas de livros, de quando em quando
aparecem bailando nas bocas escancaradas de alguns engraçadinhos. Valeu a
intenção, levando em conta que a filha famosa de São Bernardo do Campo, no ABC
Paulista, se saiu maravilhosamente de uma saia curta e justa que lhe foi
‘vestidamente’ imposta pelo apresentador. O legal de certas pessoas, é
exatamente o raciocínio rápido.
Se fosse eu, a entrevistada do Porchat, diria que aos ‘cinquenta anos’, eu caminharia um pouco mais além e acrescentaria às palavras de Dani, com relação a tal da ‘fantasia feminina’, o seguinte: ‘nada melhor que um homem careca. De preferência, um careca com cabelos’’. Brincadeirinha, amigas. Só para descontrair. Minha preferência nacional, se eu tivesse cinquenta, seria um careca, sem dúvida alguma. Se olharmos com acuidade para um sujeito sem um fio de cabelo para contar história, lembraremos imediatamente de um motel de beira de rodovia.
E concluiria observando com toda ênfase: por que motel de beira de
rodovia? Simples, minhas leitoras. ‘Tais estabelecimentos beirando as rodovias,
têm sempre uma entrada auspiciosa e chamativa, melhor ainda, uma saída
estratégica para mulher nenhum botar defeito (principalmente se ela, estiver no
papel de acompanhante, ou for a outra, ou a amante) e, para ponto finalizar o
panorama, acrescentaria o fato inusitado de uma cama redonda, enorme e
lindamente apetitosa e chamativa no meio’’. Já que toquei no assunto da
alopecia, nunca sacaneie um calvo com frase do tipo ‘você já está careca de
saber’ ou ‘moço, compre uma peruca cor de rosa choque para melhorar a sua fuça
sem graça de Alexandre de Moraes’’.
O saudoso escritor paranaense de Ponta Grossa, no Paraná, Eno Teodoro
Wanke, com muita propriedade, a propósito dos ‘sem cabelos’ observou o
seguinte: ‘para interromper a queda dos cabelos, nada melhor do que o chão’.
Tal pensamento, por sinal bastante profundo, me leva a concluir uma frase dita
pelo também saudoso palhaço ‘Carequinha’: ‘cabelo ruim é que nem assaltante: ou
tá preso, ou tá armado’’.
Pelo meu tamanho, acho que já falei demais e escrevi o que não devia.
Porchat agora está na Globo. Programinha chato, sem sal, vazio, completamente
sem eira nem beira. De vez em quando, não é sempre, se salva alguma entrevista
ou outra que vale a pena ser lembrada ou mesmo revisitada. De resto, as minhas
‘Danações’ de hoje se encerram por aqui. ‘Escrever demais, muitas vezes
atrapalha os ouvidos de quem lê e os olhos de quem não enxerga um palmo adiante
da sua estupidez’. Aos treze anos, aprendi por intermédio de uma tia chata que
aos domingos aparecia lá em casa e fazia questão de me fazer ficar de boca
fechada. Mal eu pintava na sala ela berrava: ‘CALE-SE, CARINA”. Cheguei a
pensar, por muitos anos à frente, fosse esse meu segundo nome.
Título e Texto: Carina
Bratt. Da Lagoa Rodrigo de Freitas,
no Rio de Janeiro. 21-8-2022
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