sexta-feira, 9 de setembro de 2022

Brava gente brasileira!

A única coisa que não pode ser maquiada é o povo na rua

Ana Paula Henkel

Em 2020 a pandemia trouxe enormes perdas para o Brasil e para a humanidade. O vírus chinês destruiu famílias e dizimou negócios. A doença trouxe vários sintomas graves e, entre eles, a fome, a mentira, a manipulação, a politização de vidas e do futuro de todos nós. Governantes foram expostos e suas lideranças (ou a falta delas!) mostraram problemas graves ao mundo, bem mais graves do que a própria pandemia.

No Brasil, no entanto, um outro vírus avassalador — que adoeceu o país com sintomas incrivelmente similares aos do vírus chinês — havia tomado conta da nação desde 1º de janeiro de 2019. O cenário já antevia ao da pandemia e com os mesmos inimigos do povo torcendo para o “quanto pior, melhor”. Mentira, manipulação, politização de vidas e do futuro estavam em curso. E tudo por causa do resultado de uma eleição presidencial em 2018. 

As ruas do país foram tomadas por manifestantes em atos de apoio ao presidente | Foto: Tomzé Fonseca/Futura/Estadão Conteúdo

A eleição de Jair Bolsonaro não apenas mexeu nas entranhas do establishment e desordenou toda uma sequência de um teatro que enganou o brasileiro durante décadas, mas reviveu a memória de quem insistia em não querer lembrar o que o PT fez no poder entre 2003 e 2016, e o país que entregaram: a pilhagem bilionária dos cofres públicos, as verdadeiras fortunas “emprestadas” a ditaduras companheiras, o aparelhamento do Estado por militantes cleptomaníacos, a total incapacidade de viabilizar no país um ambiente favorável ao investimento e à geração de empregos com crescimento sustentável sem feitiçarias econômicas e muito mais.

Enquanto a bolha de falsos liberais, jornalistas militantes e celebridade hedonistas se preocupa com a proteção de seus próprios vícios e perversões em 2022, suas estúpidas falácias continuam sendo plantadas e espalhadas como ervas daninhas na rasa e falsa comparação de um ex-presidiário e o maior corrupto que o país já viu com o atual presidente.

Desde a eleição de 2018, o presidente Jair Bolsonaro não teve um dia sequer de sossego, ou de pelo menos o mínimo de uma oposição intelectualmente honesta ou propositiva. A gritaria política faz parte de qualquer cenário democrático, fato. Mas o repertório de xingamentos, mentiras e ataques ao presidente e todos aqueles de seu governo ultrapassa a infantilidade e beira a insanidade mental. Há quatro anos, não apenas o presidente, mas o país vem testemunhando um ritual satânico que alimenta a destruição de reputações, mentiras, e a própria implosão do nosso já capenga Estado de Direito. No entanto, o plano diabólico não contava com um “pequeno” detalhe que há muitos anos vem sendo deixado de fora do tabuleiro político nacional: o povo.

Independência ou morte em 7 de Setembro de 2022

Ainda tento encontrar palavras para descrever o que senti neste 7 de Setembro. Fiz questão de estar no Brasil e ver, de perto, o que meu coração me dizia que seria essa data. Não era e não foi um 7 de Setembro comum. Não apenas pela comemoração do bicentenário de nossa independência, mas porque há muito em jogo em nosso futuro como nação forte. Nossa constituição não é mais respeitada por aqueles que deveriam protegê-la a todo custo. Há juízes ativistas tomando conta das leis em conluio com membros da velha imprensa e da velha política, e precisávamos entregar uma mensagem. Políticos estão omissos em suas atribuições institucionais e nossas ferramentas de freios e contrapesos para manter saneada nossa república estão sendo ignoradas. E lá foi o povo para as ruas. O mesmo povo que causa nojo e ódio nos mesmos hipócritas que bradam proteger as minorias e os pobres, mas que enriquecem deitados na cama com banqueiros, ditadores e corruptos. Mas o povo entendeu, e deu o seu recado em um mar de brasilidade verde e amarela: o autointitulado “pai dos pobres” — e uma mãe para os ricos — não vai mais segurar as rédeas da nação. Pelo menos se houver eleições limpas e justas. 

Jair Bolsonaro interage com o público em discurso na Praia de Copacabana | Foto: Reprodução/Redes sociais

O Brasil estava como um grande desfile olímpico! Centenas de cidades e milhões de pessoas vestidas com as cores de nossa bandeira decidiram dar o recado. E eu vi tudo, ninguém me contou, não li em lugar algum. Ali, na Avenida Paulista, em São Paulo, não consegui evitar que passasse um longo filme de 24 anos como atleta profissional pela cabeça. Todas aquelas viagens pelo mundo usando um uniforme verde e amarelo. Assim como em muitos países percorridos, era possível ouvir nosso hino nacional, que tocava em carros espalhados por toda a Avenida Paulista. Diante de uma multidão, um filme olímpico com nosso hino sendo tocado nos pódios insistia em voltar na memória. Eu estava em uma grande — na verdade, em uma gigantesca — delegação olímpica pelo Brasil! A maior e a mais bonita delas! E não havia lixo nas ruas, não havia baderna, não havia vandalismo, não havia brigas e discussões… mas havia um grande senso de civilidade e responsabilidade, tão forte que poderia ser quase tocado no ar. Havia uma paixão profunda incrustada nos rostos das pessoas, eu sei que ela estava lá, eu vi! As pessoas tinham o mesmo semblante de quando tirávamos da mala nossos uniformes novos com a bandeira do Brasil bordada na manga, como as que os soldados usam em seus uniformes nas guerras.

Os mesmos que colocam medo no povo estão — na verdade — morrendo de medo do povo

Às vezes, a cabeça ficava vazia, sem pensamentos. As pessoas gritavam meu nome e eu apenas entrava num estado de transe diante de tantas imagens que jamais esquecerei, tantas fotos, tantas nuances verde e amarelo, tantos sorrisos. Sim, muitos sorrisos apesar de tudo que estamos vivendo no Brasil. E, tentando decifrar aquela avalanche de informações em forma de imagens sobre a nova realidade do brasileiro e sua paixão pelo país e pelas ferramentas que podem transformar um país em nação, mais tarde lembrei-me de uma cena espetacular do excelente filme Dunkirk, de 2017, dirigido e produzido pelo britânico Christopher Nolan. 

Em 1940, ainda no começo da Segunda Guerra e sem a presença das tropas norte-americanas, depois que belgas, britânicos e franceses foram cercados por tropas alemãs durante a longa batalha de seis semanas no norte da França, 198 mil soldados britânicos e 140 mil soldados franceses e belgas foram salvos na operação conhecida como “Milagre de Dunquerque”. A evacuação maciça das tropas aliadas das praias e do porto de Dunquerque, que envolveu centenas de embarcações navais e civis e serviu como um ponto de virada para o esforço de guerra dos Aliados.

Dunkirk, um sucesso do cinema que já nasceu com etiqueta de clássico, coroa o brilhante trabalho de Christopher Nolan que retrata com maestria as mazelas humanas e a beleza do espírito divino que se manifesta em todos nós, se assim permitirmos. É nas cenas em Dunkirk que meus pensamentos fazem a conexão com este momento tão crítico no Brasil. O trecho que resume a ideia central do filme é quando um piloto de avião abatido, resgatado boiando no mar e traumatizado, grita com o homem comum que segue com seu pequeno barco para tentar resgatar soldados a pedido de Churchill na França ocupada: “Você tem que voltar! Seu lugar é em casa! Seu lugar é em casa!”, grita o piloto abatido.

Para o piloto, vivido pelo brilhante ator irlandês Cillian Murphy (Peaky Blinders), o cidadão comum deve deixar a guerra para os profissionais, já que o mais prudente é ausentar-se, omitir-se, proteger-se em sua própria casa, enquanto o destino da nação está sendo decidido entre os exércitos das forças do bem e do mal na Segunda Guerra. A resposta de Mr. Dawson, interpretado com uma dignidade comovente por Mark Rylance, não poderia ser mais pertinente e definitiva: “Se não ajudarmos, não haverá mais casa, filho”.

A grande geração que salvou o mundo do eixo nazifascista há mais de sete décadas era composta de heróis na essência do termo, em pensamento e ação, em força, e capacidade de sacrificar tudo por todos. Lembrando G. K. Chesterton, eram jovens que não foram movidos pelo ódio do que estava na frente, mas por amor ao que deixavam para trás. E foi exatamente isso que eu vi — com os meus próprios olhos — neste 7 de Setembro: zelo, orgulho e amor, muito amor.

O assalto petista

O Brasil ainda sofre com as consequências de uma dura batalha travada contra o assalto sem precedentes do PT às instituições brasileiras, autorizado a voltar à cena do crime (alô, Alckmin!) por manobras ativistas e inconstitucionais por parte do STF. A imprensa de necrotério, completamente impregnada com seus agentes políticos torpes, é mais um tentáculo no projeto de poder da nova era petista que envolve não apenas um fantástico e inacreditável volume de dinheiro, mas também a clara e evidente intenção de usar da força desses braços infiltrados no Estado para subjugar o país ao projeto de poder do partido mais uma vez. 

Praia de Copacabana no Bicentenário da Independência | Foto: Reprodução/Redes sociais

Os mesmos agentes nefastos do STF que ajudaram a instaurar o pânico durante a pandemia para total controle da sociedade, que vem cerceando liberdades constitucionais e protegendo corruptos, tentou — mais uma vez — amedrontar a população antes do 7 de Setembro para que o povo não saísse às ruas e mostrasse seu apoio e amor ao país. Os mesmos que colocam medo no povo estão — na verdade — morrendo de medo do povo. Falam apenas para suas bolhas hedonistas, trancam comentários em redes sociais e se lambem em ambientes controlados sem os germes dessa gente chata — esse troço chamado “povo” — que resolveu gostar e falar de política.

Se falta honestidade e liderança no STF ou no Congresso, anda sobrando liderança com o povo na rua para irritar os ungidos. Sabemos que se não encararmos essa guerra e apenas voltarmos para casa, pode não haver mais casa esperando por nós. Mas como brilhantemente disse o jornalista Silvio Navarro, editor da Revista Oeste, eles — os ungidos — também sabem que única coisa que não pode ser maquiada é o povo na rua. Ali não há margem de erro.

Título e Texto: Ana Paula Henkel, Revista Oeste, nº 129, 9-7-2022

Relacionados: 
O Brasil de Bolsonaro foi para a rua 
Depois de brigar com os fatos, jornalistas estão brigando com o povo 
O mar de gente revoltou a oposição 
Bicentenário da Independência foi celebrado com a TV Brasil 
“Parecia reunião da Ku Klux Klan”, diz Lula sobre atos de 7 de Setembro 
Exclusivo: foto de brasileiros que "atacam a democracia"
O Jornamilitantismo odeia o Brasil e as cores do Brasil
Senador Marcos Do Val: “Povo vibrou mais com presidente do que com desfile” (+)
Multidão atende convocação de Bolsonaro e lota ruas
7 de setembro - O dia que a mídia chocou

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Não publicamos comentários de anônimos/desconhecidos.

Por favor, se optar por "Anônimo", escreva o seu nome no final do comentário.

Não use CAIXA ALTA, (Não grite!), isto é, não escreva tudo em maiúsculas, escreva normalmente. Obrigado pela sua participação!
Volte sempre!
Abraços./-