Eça de Queiroz, Círculo dos Leitores, Lisboa, 1981, 430
páginas.
Entrou para o Curso de Direito em 1861, em Coimbra, onde conviveu com muitos
dos futuros representantes da Geração de 70. Terminado o curso,
fundou o jornal “Gazeta de Portugal”, em 1866, órgão no qual iniciou a sua
experiência jornalística.
Em 1871, proferiu a
conferência «O Realismo como nova expressão da Arte», integrada nas
Conferências do Casino Lisbonense e produto da evolução estética que o
encaminha no sentido do Realismo-Naturalismo de Flaubert e Zola.
No mesmo ano iniciou, com Ramalho Ortigão, a publicação de As Farpas, crónicas satíricas de inquérito à vida portuguesa.
Em 1872 iniciou a sua carreira diplomática, ao longo da qual ocupou o cargo de cônsul em Havana, Newcastle, Bristol e Paris.
Foi, pois, com o
distanciamento crítico que a experiência de vida no estrangeiro lhe permitiu
que concebeu a maior parte da sua obra romanesca, consagrada à crítica da vida
social portuguesa e de onde se destacam O Primo Bazilio, O
Crime do Padre Amaro, A Relíquia e Os Maias,
este último considerado a sua obra-prima. Morreu a 16 de agosto de 1900, em
Paris.
Escrito em Inglaterra, O
Primo Basílio, publicado em 1878, é um romance de costumes da média
burguesia lisboeta e uma sátira moralizadora ao romanesco da sociedade da
época.
Luísa é uma vítima das suas
leituras negativas e da baixeza moral do primo, quando a ausência do marido a
deixou entregue ao seu vazio interior. É uma vítima do ócio.
Eça sugere artisticamente os
traços psicológicos das várias figuras da obra com os seus dramas, que de forma
alguma enfraquecem o clima trágico, denso, do drama da heroína.
Lilaz Carriço, in “Literatura Prática II”, Porto Editora (adaptado).
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