Numa quase indiferença total, os cristãos,
os seus templos, os seus sacerdotes e os seus símbolos são atacados e vivem sob
a ameaça constante da “Jhiad”
Paulo Simões
Depois de um longo período,
mais de trinta anos, em que as autoridades francesas e os meios de comunicação
pura e simplesmente ignoraram as consequências de uma imigração massiva com
origem em países muçulmanos, hoje o assunto não pode mais ser evitado. Se o
sentimento de insegurança invadiu a sociedade francesa, dado o aumento
exponencial dos casos de violência, ainda pouco se fala dos atentados, ataques
ou insultos praticados quase exclusivamente por muçulmanos contra igrejas e
fiéis católicos. No entanto, se procurarmos bem, a par com a violência que se
sente em toda a França, já mesmo em pequenos burgos, crescem igualmente os
atentados contra padres, os gritos de “Allahu akbar” proferidos por grupelhos
que interrompem as missas, os “tags” anticristãos pintados nas fachadas das
igrejas, o roubo ou destruição de objectos de culto e as profanações de
cemitérios.
Notre Dame des Victoires, Angers |
Por outro lado, assiste-se desde há quatro décadas a um aumento da emigração dos países do Magreb, em especial da Argélia – que tem privilégios especiais, por ter sido colónia francesa – e de países africanos de língua francesa, anteriores protectorados da França, onde a religião dominante é o islamismo. Hoje, segundo os dados do último censo (2023), 10 por cento dos cidadãos com idades compreendidas entre os 18 e os 59 anos de idade declararam praticar a religião muçulmana. Sabe-se que, contudo, os seguidores do Islão são muitos mais, mas como em França as estatísticas étnicas são proibidas – fundamentalmente por conveniência política – é impossível saber exactamente quantos vivem no país. O último censo mostra também que há 51 por cento dos franceses que dizem não ter religião e apenas 38 por cento se dizem cristãos.
É o ambiente ideal para que
fanáticos islamitas promovam a “Jhiad”, ou seja o combate contra os infiéis, na
interpretação daqueles que querem semear o terror e islamizar o Ocidente,
seguindo os apelos de vários imames do Qatar ou da Arábia Saudita, repercutidos
todas as sextas-feiras em algumas e muito frequentadas mesquitas por toda a
França. Os ataques a Igrejas e a sacerdotes inscrevem-se nesta linha de
actuação de tentativa de islamizar e de aterrorizar. E a lista é longa, apesar
de as autoridades olharem para o lado – porque se intervierem podem causar a
reacção violenta de milhões de muçulmanos – e de os órgãos de comunicação,
completamente minados pela esquerda e extrema-esquerda, darem pouca ou nenhuma
importância ao que se passa.
Vejamos uma lista, não
exaustiva, dos atentados anticristãos no primeiro semestre de 2023 em França:
30 de Junho: muçulmanos
espancaram um sacerdote católico de 80 anos, em Saint-Étienne. Após atirarem ao
chão o padre Francis Palle, continuaram a espancá-lo e a dar-lhe pontapés até
ele ficar inconsciente (ele foi encontrado em estado crítico).
26 de Junho: a igreja de
Saint-Lazare, que fica perto de outra igreja que foi pesadamente vandalizada
pelos muçulmanos em 5 de Julho, foi profanada e roubada.
20 de Junho: um “gangue de
estudantes universitários” tomou de assalto a igreja Saint Roch, em Nice,
entornaram desdenhosamente água benta sobre si aos gritos de “Allahu akbar”,
que, segundo observa o relato, é “ouvido corriqueiramente em ataques islamistas”.
O primeiro vice-prefeito de Nice, Anthony Borré, enviou uma carta aos seus
superiores (que, ao que tudo indica, “assobiam para o lado”) instando-os a
levar estas questões a sério. Dizia Borré: “Desde 29 de Outubro de 2020 e o
ataque islamista à Basílica de Notre-Dame na nossa cidade (quando outro
muçulmano chacinou duas mulheres francesas, uma decapitada, e um homem dentro
de uma igreja gritando “Allahu akbar”), sabem muito bem o quão traumático pode
ser para os nossos concidadãos ouvir tais expressões dentro de uma igreja e as
dolorosas memórias que elas podem causar. Confrontados com estas tentativas de
desestabilizar a sociedade e juntamente com os ataques à nossa República
secular, temos que dar uma resposta forte e colectiva”.
23 de Junho: três muçulmanos,
entre 12 e 13 anos, forçaram a entrada na Igreja Saint Joseph em Nice, durante
uma missa da tarde, também a gritar “Allahu akbar”. Vale a pena lembrar que em
2016 em Nice foram assassinadas 84 pessoas num atentado cometido por um
muçulmano.
12 de Junho: após invadir a
igreja, um grupo de muçulmanos, retratados apenas como um “grupo de jovens”,
atacou violentamente o padre Joseph Eid, da paróquia de Notre-Dame-du-Liban
chamando-lhe “cristão imundo”. Enquanto fugiam dos transeuntes, vomitaram
outros “insultos anticristãos”.
3 de Junho: a Igreja de
Mailhac foi profundamente vandalizada.
28 de Maio: várias pessoas
“não identificadas” invadiram e vandalizaram a igreja Saint-Laurent em Cugnaux,
que conta com uma grande presença muçulmana: desfiguraram um crucifixo,
deitaram velas ao chão, danificaram símbolos e, depois, incendiaram a igreja.
Um transeunte, porém, interveio rapidamente, chamou o corpo de bombeiros que
extinguiu as chamas. Em resposta, Albert Sanchez, presidente da câmara de
Cugnaux, de esquerda, pediu mais “diálogo e compreensão entre as diferentes
comunidades religiosas e culturais da nossa cidade”, pois “a diversidade é a
nossa força e o nosso orgulho”.
4 de Maio: “viva o Islão” bem
como caracteres árabes foram pintados nas paredes de uma igreja em Lieusaint,
em Seine-et-Marne. O relato acrescenta que “esta não foi a primeira vez que a
igreja foi vandalizada… Várias estátuas foram danificadas e derrubadas”.
16 de Março: um homem, que já
tinha sido “fichado por ser um islamista radicalizado”, invadiu a Igreja
Saint-Hippolyte em Paris e interrompeu o serviço religioso. Também roubou a
cruz de acrílico de quase dois metros de altura que sustentava um Cristo de
madeira de 400 anos. A cruz foi encontrada posteriormente nas proximidades
“toda despedaçada”, salientou a polícia.
8 de Março: um migrante
muçulmano entrou no cemitério da igreja de Saint-Louis em Évreux e partiu e
profanou os crucifixos de 30 sepulturas.
2 de Março: um homem
considerado de “tipo africano” vandalizou Saint-Eustache, uma das maiores
igrejas de Paris. Entre outras coisas partiu o vidro protector de um altar com
um extintor de incêndio. O relato observa que “o ‘modus operandi’ do suspeito…
é comparável ao da igreja Saint-François-Xavier (vandalismo), onde os danos
foram desferidos na terça-feira, 28 de Fevereiro”.
Ao discutir estes ataques às
igrejas de Paris, o relatório de um jornalista, em 17 de Março, assinalou que
um total de oito igrejas parisienses foram vandalizadas ou incendiadas em dez
semanas, entre Janeiro e meados de Março de 2023.
*
O exposto acima, conforme
mencionado, não passa de alguns exemplos: a maioria dos ataques às igrejas na
França nem sequer são reportados pela imprensa local. A jornalista de
investigação Sonja Dahlmans identifica alguns detalhes:
“Crucifixos, órgãos, altares e
outros símbolos religiosos são corriqueiramente destruídos ou roubados (das
igrejas da França). Assim como estátuas de santos. Na igreja de Angers, sete
estátuas de santos foram decapitadas ou amputadas em Abril deste ano. Uma
estátua de Maria foi decapitada na Igreja St. Martin em Choicy-le-Roi. Os
vitrais de igrejas antigas também são destruídos por vândalos, a exemplo do que
ocorreu em Guerlesquin. Extrema violência foi cometida em Outubro passado na
Capela Saint-Joseph em Saint-Pol-de-Léon. Ali, os vândalos despedaçaram as
portas da igreja com um machado e partiram todas as janelas da igreja. Todos os
crucifixos e demais símbolos religiosos foram destruídos pelos marginais.
“Cemitérios e sepulturas das
igrejas não escapam aos vândalos. Em Velsy foram danificadas e roubadas 150
sepulturas em Junho de 2022. As cruzes nas sepulturas e outros símbolos
religiosos foram levados ou destruídos pelos marginais. Dezoito sepulturas da
igreja de Rocquemont foram destruídas em Maio do mesmo ano. No cemitério de
Guignicourt-sur-Vence, uma estátua de Maria foi roubada em Agosto de 2022”.
Um mapa, publicado por
“Christianophobie.fr”, que marca com um alfinete vermelho todos os locais onde
uma igreja francesa foi atacada somente entre 2017 e 2018, assemelha-se a uma
zona de guerra. Praticamente o mapa inteiro da França está coberto de vermelho.
Até o “Snopes” – um “site” especializado em confirmar a veracidade de notícias
e factos – admitiu a precisão do mapa, ao mesmo tempo em que procura minimizar
as conclusões:
“Muito embora a imagem (do
mapa) seja frequentemente compartilhada como se mostrasse todas as igrejas que
foram “destruídas” em França, o mapa na verdade documenta uma vasta gama de
acções nefastas, como vandalismo, roubo e incêndio criminoso, que ocorreram em
igrejas e cemitérios durante um aparente período de dois anos, entre 2017 e
2018”.
“É importante salientar que,
embora o mapa documente alguns crimes relativamente graves, como incêndios
criminosos ou o derrube de estátuas de igrejas, muitos destes pinos
correspondem a incidentes relacionados com “tags”. Também encontramos um
alfinete relacionado a uma pessoa que simplesmente interrompeu um culto na
igreja”.
Por outras palavras, segundo o
“Snopes”, “tags” jihadistas e anticristãos numa igreja ou a interrupção de um
serviço religioso por um intruso muçulmano gritando “Allahu akbar” não são
assuntos suficientemente “sérios” para serem tidos em conta.
E se um cristão vandalizasse
uma mesquita ou invadisse uma mesquita gritando palavras de ordem cristãs? Qual
seria a reacção dos órgãos de comunicação, dos governantes e da esquerda e
extrema-esquerda? Certamente choveriam comunicados indignados, manifestações de
ruas e primeiras páginas de jornais a “denunciar” um atentado contra o
multiculturalismo… Como em tudo o resto, dois pesos e duas medidas.
Aliás, não deveria surpreender
ninguém que o discurso oficial sobre a “jihad” contra as igrejas francesas seja
inexistente, tal como mostra a frase um tanto surreal na revista “Newsweek” que
afirmava na manchete: “As Igrejas Católicas estão a ser profanadas por toda a
França – e as autoridades não sabem porquê”.
Embora a reportagem faça um
trabalho decente ao resumir a “onda de ataques contra igrejas católicas”,
inclusive por meio de “incêndios criminosos”, “vandalismo” e “profanação”, as
palavras “muçulmanos”, “migrantes” ou mesmo “islamistas” não aparecem em nenhum
lugar. Em vez disso afirma-se que os autores são “grupos anarquistas e
feministas”, irritados com as igrejas, porque elas são “um símbolo do
patriarcado que precisa ser desmantelado”.
Enquanto isso, mesmo o
raciocínio dedutivo deixa claro que os muçulmanos perpetram a maior parte dos
ataques às igrejas. Dahlman relata:
“De acordo com um relatório da
OSCE de 2022, a França encontra-se entre os cinco países europeus que estão no
topo com o maior número de crimes de ódio anticristãos já registados. Os outros
países entre os cinco primeiros são a Espanha, Alemanha, Reino Unido e a
Suécia”.
Há outra coisa que estas cinco
principais nações têm em comum: grandes populações muçulmanas. Dito de outra
maneira: embora a Polónia, a Hungria e outras nações da Europa Oriental tenham
o seu quinhão de “grupos anarquistas e feministas”, elas têm pouquíssimos
ataques a igrejas, e também menos muçulmanos.
Título e Texto: Paulo
Simões, O Diabo, nº 2452, 29-12-2023
Mapa mostra ataques a igrejas católicas nos últimos 4 anos, na França?
Le bilan impressionnant des attaques contre l'Eglise en France en 2022
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Não publicamos comentários de anônimos/desconhecidos.
Por favor, se optar por "Anônimo", escreva o seu nome no final do comentário.
Não use CAIXA ALTA, (Não grite!), isto é, não escreva tudo em maiúsculas, escreva normalmente. Obrigado pela sua participação!
Volte sempre!
Abraços./-