Três anos e 12 avaliações depois, Portugal sairá do Programa de
Ajustamento Económico e Financeiro (PAEF) sem um programa cautelar. A decisão
foi anunciada este domingo por Passos Coelho, numa comunicação ao País com
todos os ministros presentes.
A decisão já era esperada e
foi confirmada esta noite, 4 de Maio, por Pedro Passos Coelho: o Governo
português não irá pedir às autoridades europeias um programa cautelar, optando
por uma estratégia de saída sem rede, directamente para os mercados, mais
conhecida como “saída limpa” ou “à irlandesa”.

"O Governo decidiu hoje
em Conselho de Ministros que sairemos do programa de assistência sem recorrer a
qualquer programa cautelar", anunciou o primeiro-ministro, a partir de São
Bento. "É a escolha certa na altura certa. A escolha que melhor defende o
interesse de Portugal e dos portugueses." O primeiro-ministro adiantou que
esta decisão foi tomada “depois de uma profunda ponderação” e de avaliados
“todos prós e contras”.
Passos Coelho explicou que o
programa de ajustamento cumpriu os objectivos a que se propôs e tem depósitos
suficientes para um ano, permitindo que não seja necessário um programa
cautelar. "Podemos estar tranquilos. Esta é a decisão certa",
sublinhou o primeiro-ministro.
Contudo, Passos reconheceu que
"ainda temos um longo caminho a percorrer e não é de um dia para o outro
que gozaremos de todos os benefícios de sermos autónomos". Mais: prometeu
continuar "um processo reformista".
Há seis meses, a hipótese de
uma "saída limpa" estava quase afastada. No entanto, um movimento
generalizado de descida das taxas de juro dos países europeus periféricos, a almofada
financeira criada pelo Tesouro e a relutância de países do Norte da Europa em
autorizar um novo empréstimo a menos de um mês das eleições europeias acabou
por levar o Governo português a optar por esta solução.
Uma “saída limpa” permitirá a
Portugal recuperar uma parcela de autonomia política que perdeu desde a chegada
da troika, embora já se saiba que tanto a austeridade como a vigilância apertada
do FMI irão continuar nos próximos anos. Cavaco Silva, por exemplo, argumentava
até há pouco tempo que “uma saída dita à irlandesa” poderia deixar Portugal “à
mercê da volatilidade dos mercados o país pode incorrer em custos de regressão
elevados”.
Portugal seguirá assim o
exemplo da Irlanda que, no final de 2013, tomou a mesma decisão. Paulo Portas
praticamente já tinha anunciado a decisão sexta-feira, durante a conferência de
imprensa de apresentação do resultado da 12ª avaliação. “Partilhamos um
sentimento de missão cumprida”, afirmava o vice-primeiro-ministro. “Um só
programa, um só resgate, um só empréstimo.”
Título e Texto: Nuno Aguiar, Jornal de Negócios, 05-05-2014
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