Sabem o que vai acontecer com
isso que a imprensa ocidental está chamando de “avanço da extrema-direita” no
Parlamento Europeu? Nada elevado ao quadrado! É só, digamos, uma manifestação
de pruridos ideológicos e catastrofismo. Os partidos tradicionais da Europa,
favoráveis ao atual status da União Europeia, terão 70% dos 751 assentos. Que
coisa, hein? Se esses que se querem os “progressistas” não tiverem a
unanimidade, logo vislumbram o apocalipse? Manuel Valls, primeiro-minitro da
França, por exemplo, fala em “terremoto político”.
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Marine Le Pen, foto: Christian Hartmann/Reuters |
É um óbvio exagero. Aliás, a ruindade do governo socialista na França responde pelo crescimento da oposição de direita na votação. Ele está assustado porque, na França, seu partido amargou um terceiro lugar, com apenas 13,9% dos votos. A direitista Frente Nacional (FN), liderada por Marine Le Pen, ficou em primeiro, com 25,65% dos votos, seguida pelo partido conservador UMP, com 20,6%.
Vamos ver. Os ditos partidos
de extrema-direita estão sendo definidos como “eurocéticos”, “nacionalistas” e
“contra os imigrantes”, como se houvesse uma agenda que os unisse a todos —
como se houvesse, diga-se, uma entidade supranacional que os alinhasse. E isso
é simplesmente mentira. Existe uma Internacional Socialista; existe até uma
Internacional Democrata-Cristã. Mas inexiste uma internacional de ultradireita.
Não passa de uma fantasia. Cada um desses partidos está preocupado com a agenda
local e não tem nem mesmo como unir os seus, atenção!, 97 deputados em favor de
uma causa comum.
Tento de novo: dos 751
deputados, 97 — ou 12,9% — podem ser considerados os tais de “extrema-direita”.
Ora, o eleitorado reacionário de cada um desses países certamente é superior a
esse percentual — o que é um sinal de que, em alguns, houve um avanço da
esquerda ou do centro-esquerda. Esse é o caso da Alemanha, por exemplo, que é
apenas a maior economia do bloco — ou da depauperada Grécia.
Esse é um daqueles casos
clássicos de “muito barulho por nada”. A imprensa de esquerda francesa está
pautando o noticiário mundial em razão do resultado local, eis a verdade. Não é
a primeira vez que os franceses anunciam o Armagedon por causa do avanço da
Frente Nacional. E, no entanto, vejam lá, os socialistas estão no poder.
Os ditos esquerdistas e
“progressistas” mundo afora podem ficar calmos: não vai acontecer nada. Os
liberais também não precisam ficar desarvorados. Os “ultradireitistas” do
Parlamento Europeu continuam a ser uma minoria irrelevante e não têm uma agenda
comum. Cada um atira para um lado. Quanto ao combate à imigração ilegal, alguns
“progressistas” até estão dando graças aos céus: preferem que sejam os
“suspeitos” de sempre a tratar do assunto — assim, eles, os bacanas, se
desobrigam de abordar a questão.
À diferença do que diz o
primeiro-ministro francês, não haverá terremoto nenhum. Os socialistas da
França é que estão com tremedeira.
Título e Texto: Reinaldo Azevedo, 27-05-2014
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