“Todos desejam chegar à
velhice; e quando chegam a ela, acusam-na”.
Cícero
Carlos Lira
Copacabana é considerado o
bairro que possui o maior número de idosos em todo o Brasil. A beleza do
bairro, as facilidades, clubes exclusivos para idosos, o mar, os restaurantes,
enfim, atrações dedicadas exclusivamente a idosos. Muito se escreve sobre a
fase hibernal da vida. Cronus, a figura mitológica que representa o idoso.
Senhor do tempo, a luz própria que alumia somente os seus passos, a ampulheta e
a bengala – símbolo do conhecimento adquirido ao longo do tempo. Cronus não
quer tempo de ninguém, ele rege o seu próprio tempo. O caminho do self, a leveza de ser e existir...
Contam que Santo Antão criou o
seu exílio voluntário durante a sua velhice, refugiou-se no alto de uma
montanha para meditar e orar. Certo dia desceu a montanha e se dirigiu a uma
pequena cidade próxima a seu ermitério. Depois de três dias, ao retornar à sua
morada, ele exclama em oração: “Meu Deus, voltei para os homens, vivi entre os
homens e volto agora menos homem”.
Claro que existem velhos
teimosos, intolerantes, resmungões e auto-indulgentes. Neste bairro, velhos com
esta característica está crescendo e muito.
Copacabana dos velhos, os
velhos de Copacabana. Hoje em dia nem todos os jovens desejam chegar à velhice
e, próximos aos 40 ou 50 anos e até antes, procuram pôr fim à vida. Temem este
estágio de vida porque deixam de ser senhores absolutos de suas funções. Aos
que envelhecem, descobrem-se velhos realmente quando são tratados com respeito
pelas jovens moças e sofrem total desprezo dos rapazes.

Conheci um rapaz que
trabalhava em uma padaria no bairro do Leme. Os velhos disputavam o lugar para
serem atendidos por este rapaz. Qual o motivo de tamanho sucesso? Simples: ele
xingava o velho antes de ser atacado. Depois do xingamento por parte do rapaz,
a velharada soltava o verbo. Ameaçava chamar a polícia, reclamar junto à
gerência da padaria para demitir o rapaz. Depois da gritaria, os velhos
retornavam a seus lares para, no dia seguinte, voltarem ao mesmo rapaz. Quando
este jovem entrava de férias os idosos reclamavam a sua falta. Passou a ser o
preferidinho da velhice desvairada.
Conheço uma moça que trabalha
em um supermercado que, em estado de gravidez, sofre muito por causa destes
velhos endiabrados.
Devemos sentirmo-nos vivos
enquanto estivermos vivos, esta deve ser a realidade de todos nós mas a velhice
de Copacabana vai mais adiante, sempre mais. Quem quiser constatar a ferocidade
destes idosos inconformados, basta ir à delegacia do bairro e verá idosos com o
Estatuto do Idoso em punho denunciando o pobre incauto que cruzou o seu
caminho!
A velharia de Copacabana está
convertendo o bairro em um asilo exclusivo para eles.
Enquanto isso, as lojas,
farmácias, supermercados, restaurantes e delegacia de polícia precisam formar
funcionários aptos a ATURAR velhos mal-educados e desbocados.
Título e Texto: Carlos Lira, 21-05-2014
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